#Bissexual #Coroa #Gay #Travesti/Trans

Pagando a aposta pro meu primo. PARTE 64

30.4k palavras | 8 | 4.50 | 👁️
PUTOVR

Acordo com meu pai me chamando — era hora de voltar pra casa. O que, sinceramente, até me aliviou. Não tinha mais nada a fazer ali. Se fosse em outras épocas, a gente até aproveitava o restinho de tempo, fazia um churrasco improvisado, chamava os amigos mais próximos… mas dessa vez não. Só passamos a noite pra garantir que o pessoal contratado pegasse de volta o que era seu.

Levantei ainda meio zonzo de sono, pedi a bênção pros meus pais e fui direto pro banheiro. A água fria do chuveiro me deu o choque de realidade que eu precisava. Vesti a mesma roupa com a qual tinha chegado no sítio, um pouco amassada, um pouco com cheiro de festa...

No carro, o caminho de volta foi tranquilo. Meus pais falavam entre si sobre os momentos marcantes do casamento — a entrada de Letícia, o brinde emocionado de Ricardo, a surpresa da viagem — enquanto eu respondia as mensagens que tinham se acumulado no meu celular.

Quando abri o Instagram, dei de cara com uma notificação que me paralisou por uns segundos: uma DM que Thiagão havia me mandado de madrugada.

Um simples:
"Oi."

Demorei um pouco pra digerir aquilo. Respirei fundo e respondi de volta:
"Oi."

Foi só isso. Mas dentro de mim, foi como se tivesse aberto uma porta que eu não sabia se queria ver escancarada de novo.

Pensei na possibilidade de que Thiagão tivesse tido uma crise, um choque de realidade. Talvez a ressaca não tivesse sido só de álcool, mas daquilo que rolou entre a gente no banheiro. Vai ver ele caiu em si. Vai ver que a ficha só caiu agora.
Será que ele ia usar a bebida como desculpa? Dizer que não lembrava direito? Que estava confuso? Que “aquilo” foi só um surto da noite?

Cheguei em casa ainda com a cabeça nisso. Fui direto tomar um banho de verdade — daqueles demorados, quentes, que parecem arrancar um pouco da bagunça por dentro.
Vesti um short leve e deixei o corpo respirar. Me joguei na cama com o celular na mão. A notificação chegou em seguida. Era Anderson:

Anderson: Tava pensando aqui. Podíamos nos encontrar na casa de Naldo.
Eu: Lá não. Pelo amor de Deus.
Anderson: Renato, lá foi o melhor lugar que achei.
Eu: Ué, se preferir vamos para outro bar que não seja o do Jefferson. Até mesmo no shopping.
Anderson: Vamos nos encontrar no shopping e lá a gente caça um rumo. Pode ser?
Eu: Sim. Me fale as horas e eu estarei lá.
Anderson: Amanhã, 19 horas.
Eu: Ok.
Anderson: Meu pai me emprestou o carro dele. Quer que eu lhe pegue?
Eu: Não será necessário. Te encontro lá no shopping mesmo.
Anderson: Blz.

Anderson tinha um dom único: desconcertar completamente, mesmo depois de não estarmos mais juntos. Só o fato de ter um encontro marcado com ele já me deixava super ansioso, mesmo sabendo que seria só uma conversa. Mas a presença dele... essa sim me mexia de um jeito que eu não conseguia controlar.

Mas ainda era domingo, e tinha muito dia pela frente. Resolvi levantar da cama e ver o que meus pais pretendiam para o almoço. Decidiram pedir algo — minha mãe queria evitar a cozinha naquele dia, e com razão. Então me restou assistir TV e revezar a atenção entre a tela e o celular praticamente o dia todo.

Foi quando chegou mais uma mensagem direta de Thiagão. Ele pediu meu número, disse que queria me falar algo. Passei, claro. A curiosidade já estava me corroendo por dentro. Eu queria, precisava saber o que ele tanto queria dizer.

Ele me ligou de volta quase que de imediato. Número desconhecido. Pedi licença pros meus pais e fui pra varanda atender.

Eu: Alô.

Thiagão: Alô, é disk sexo?

Eu: Não, mas posso realizar suas fantasia. Fala, Thiagão.

Thiagão: Suave? É... então... é…

Eu: Diga.

Thiagão: Pô, véi, calma. Respira comigo. É que... eu queria falar daquele lance lá... do banheiro.

Eu: Tipo?

Thiagão: Ué, do que rolou lá.

Eu: Tá, vai. Fala logo.

Thiagão: Tá... você contou pra alguém? Alguém viu? Filmou? Teve drone? Satélite?

Eu: Ninguém sabe de nada. E não, não tem registro no Globo Repórter.

Thiagão: Beleza… é que fiquei noiado, sabe? Imagina se Ricardo fica sabendo de algo. Eu acordei pensando nisso!

Eu: Relaxa! Contei nem pro meu melhor amigo.

Thiagão: Ainda bem. Quer dizer...

Eu: Ué... era só isso que queria saber?

Thiagão: Na real, não.

Eu: Então desembucha.

Thiagão: Tá... respira aí. Eu queria saber se... tipo... rola da gente sair.

Eu: Sair tipo ir no shopping?

Thiagão: Não, sair tipo... nós dois. Se pegar. Fazer aquilo que não fizemos na festa.

Eu: Gente… você é bem direto!

Thiagão: Ué, você queria que eu desenhasse? Tô te chamando pra gente se pegar mesmo. Ir pra um motel. Ficar de boa, beber e talvez terminar sem roupa todo suado numa cama. Saca?

Eu arregalei os olhos, mas não deixei de aproveitar a deixa pra zoar.

Eu: Ih rapaz, tá me achando com cara de garoto de programa agora?

Thiagão (desesperado): Que isso! Não foi isso que eu quis dizer, não viaja! É que... sei lá, eu achei que você tinha curtido… e eu também. E como eu já tinha falado que ia te provar, pensei que agora dava pra provar direito, né?

Caí na gargalhada. Ele era mesmo uma figura. Mas ali, no meio da palhaçada, tinha um desejo escondido, pulsando por trás da voz.

Eu: Vou te contar que… eu gostei sim.
Thiagão: Ahá! Sabia!

Eu: Então anota aí: tô livre no próximo fim de semana. Agora se vira, te organiza.

Antes que ele falasse qualquer outra gracinha, desliguei. Fiquei encarando a tela do celular com um sorriso torto no rosto.

Nem cinco segundos depois, chegou uma mensagem dele:

Thiagão: Sábado! Deixa o sábado reservado pra mim. Só pra garantir.

Sorri e respondi:

Eu: Decidiu tão rápido...

Thiagão: Quando eu cismo com uma coisa, já era. E outra… vai que você volta com aquele cara lá. Você tem cara de quem joga no time dos fiéis.

Ri sozinho. Ele era impossível. Mas confesso que aquela ideia de "sábado reservado" mexeu comigo mais do que eu queria admitir.

Quando voltei pra sala, senti logo os olhares dos meus pais — curiosos, como se esperassem que eu comentasse algo. Mas me sentei no sofá em silêncio, fingindo que nada tinha acontecido. Até que minha mãe, com aquele jeito dela de lançar palpites disfarçados de perguntas, soltou:

— Quem era? Anderson?

Respondi rindo, tentando tirar a tensão do ar: Claro que não, mãe.

Meu pai, aproveitando a deixa, emendou: Claro que não por quê? A gente viu você e Anderson conversando reservadamente ontem.

Suspirei e tentei explicar: Sim, ele me chamou pra conversar. Só isso.

Minha mãe, agora sem nenhuma expressão no rosto, foi direta: Mas vocês pensam em voltar?

Meu pai se apressou em repreendê-la, mas achei melhor não fugir da pergunta. Era uma dúvida justa, e talvez eles merecessem uma resposta honesta.

Falei: Então... ele quer voltar, sim. Tem demonstrado arrependimento. E eu ainda amo o Anderson. Só que, nesse momento, não dá pra voltarmos. Tô focado em outras coisas. Quem sabe no futuro, ou talvez não.

Eles ficaram quietos, meio sem reação. Mas achei importante completar:

— Mas eu ainda amo o Anderson. E acho que isso não é uma coisa que simplesmente vai passar ou ser apagada de uma hora pra outra.

Minha mãe respondeu como quem já viveu coisas assim: Mas o tempo cura tudo. Tudo é questão de tempo.

Olhei pra ela e disse, mais pra mim mesmo do que pra ela: A questão, mãe, é que eu não quero que passe.

Meu pai assentiu com a cabeça, dizendo que entendia. Depois, como quem percebe que o clima já estava denso demais, mudou de assunto.

Logo em seguida, recebi uma mensagem do Ricardo. Ele disse que estava passando perto de casa antes de seguir para viagem que ganhou de presente, e pediu pra gente ir pra calçada vê-lo rapidinho.

Conhecendo o meu irmão como eu conheço, duvido que ele tivesse passado ali só pra se despedir. Tinha mais coisa por trás daquela parada rápida. Quando ele e Letícia desceram do carro, ficamos um tempo ali na calçada conversando. Ele e meus pais começaram a trocar impressões sobre o casamento, rindo de algumas gafes e elogiando outras partes.

Ricardo, com aquele jeito direto e sem filtro dele, soltou:

— A noite no hotel foi maravilhosa, viu? Top demais!

Deixou claro — ou quase claro demais — que foi bem quente, soltando um sorriso malicioso e deixando a Letícia toda vermelha de vergonha. Meu pai disfarçou rindo, minha mãe fingiu que não ouviu.

Ele contou que tinha passado mais cedo na nova casa deles, fez as malas na correria e veio direto de lá. No meio da conversa, entregou a chave da casa pra minha mãe:

— Tá uma bagunça lá. Deixei tudo revirado pra arrumar a mala. Depois você dá uma passada lá, mãe?

Na hora, entendi a indireta. Ele já sabia que ela não resistiria e daria um jeito naquela bagunça.

Na hora da despedida, ele me abraçou forte e disse no meu ouvido:

— A gente precisa conversar. Mas deixa pra quando eu voltar, beleza?

Mas eu sou ansioso, né? Curioso por natureza. E com meu irmão, não tem essa de esperar. Puxei ele discretamente pra um canto, longe dos outros, e fui direto:

— Fala logo, Ricardo!

Ele respirou fundo e foi reto ao ponto:

— Nosso primo me ligou. Falou da conversa que teve contigo ontem. Renato... o Anderson gosta de você, cara. Ele tá decidido a fazer tudo pra voltar. Pô! Agora que eu tô na torcida por vocês, vocês vão seguir separados?

Suspirei e disse, sem esconder nada:

— Agradeço a torcida, meu irmão. Eu também o amo. Mas não dá pra seguir assim. Estamos vivendo longe, e pra mim é desgastante isso tudo. E só pra reforçar: ele que terminou, lembra?

Ricardo ficou em silêncio por alguns segundos. Parecia digerindo tudo.

— E outra na segunda, eu e ele vamos sentar para conversar antes dele voltar para Joinville.

Depois disse, com sinceridade:

— Mas independente do que aconteça, eu tô do seu lado.

Senti firmeza nas palavras dele. E gratidão também. Voltamos pro grupo com meus pais e a Letícia. Eles se despediram com abraços apertados e foram embora.

No domingo à noite, resolvi abrir o jogo com os meus amigos no grupo do WhatsApp. Comentei que teria um encontro com o Anderson no dia seguinte. Não esperava uma enxurrada de reações, mas o silêncio da maioria me incomodou um pouco.

Gil foi o único que respondeu de imediato:

— E o que ele quer agora? Vai repetir o mesmo blá-blá-blá do casamento?

Dinei e Breno demoraram um pouco, mas acabaram se manifestando. Dinei disse:

— Vou ser direto: não me envolvo. Relacionamento é complicado, e opinião de fora é perigosa.

Breno completou:

— A gente mesmo já passou por tanta coisa... e muitas vezes preferimos nem contar. Nosso relacionamento também não tá 100%, pra ser sincero. Mas estamos tentando.

Aquilo me deixou curioso. Não consegui segurar:

— Mas o que vocês estão passando? Dá pra compartilhar com a gente?

Foi aí que o Dinei cortou:

— Ah, para, né? Você tá cheio de problema. Não é o momento, e nem justo com ninguém. Aliás... você também não conta tudo pra gente, né?

Eu fiquei em silêncio. Ele tinha razão, de certa forma.

Breno tentou aliviar o clima:

— Calma, gente. Olha, sim... a gente tá passando por umas questões de casal. Nada que vá acabar o mundo, mas estamos repensando algumas coisas que podem ou não funcionar entre nós. Só isso.

Gil, como sempre, foi direto:

— Ah, eu não gosto dessa de começar a falar e parar no meio. Começou, termina logo.

Breno digitou:

— Dinei tá aqui dizendo pra eu não falar... mas olha, quando for a hora certa, eu falo. Tá?

E Gil mandou: Palhaçada isso!

Dinei, já impaciente, soltou:

— Gil, sinceramente, você devia guardar um pouco essa curiosidade. Vive dizendo que seu relacionamento é perfeito, mas eu sei que você esconde muita coisa, porque não existe relacionamento perfeito, não. Tudo bem que seu homem mete bem — e você vive dizendo isso como se fosse a solução de tudo — mas, meu bem, isso não é tudo.

Aquele silêncio desconfortável tomou conta do grupo.

Dinei tentou suavizar:

— Quando for a hora certa, eu conto mais. Mas, por enquanto, deixa a poeira baixar aqui. Tá?

O grupo ficou em silêncio por alguns segundos depois da fala do Dinei. O clima tinha virado de leve pra carregado, e não era bem o que eu esperava quando resolvi abrir aquele assunto.

Resolvi intervir, tentando puxar de volta o foco e aliviar a tensão:

— Gente... calma aí. Eu só queria compartilhar com vocês sobre o encontro com o Anderson. Não era pra virar DR coletiva nem disputa de quem esconde mais coisa. Tá tudo bem, sério. Só achei que podia dividir com vocês porque são meus amigos. Mais nada.

Alguns emojis começaram a aparecer, aquele clássico "😂".
Breno finalizou dizendo: Não sei o que você espera do encontro de amanhã, mas boa sorte e que tudo dê certo.

Mas aquela sinceridade de Dinei me pegou de um jeito, e eu dormi pensando no quanto cada um carrega seus dilemas em silêncio.

Segunda-feira. O celular despertou me arrancando dos últimos vestígios de sono e trazendo de volta a realidade e a rotina de sempre. Levantei, me arrumei, tomei meu café e, como de costume, aproveitei a carona do meu pai. Esses trajetos eram momentos que nos aproximavam; ele até aproveitava para desabafar sobre algumas questões da casa.

Cheguei à contabilidade, cumprimentei todos com um bom dia e fui direto para minha mesa começar os deveres. Estava focado quando Pedro surgiu do nada, trazendo dois cafés – um pra mim, outro pra ele.

— Olha quem tá aí! Pensei que tinha emendado as férias e não vinha mais — ele brincou.

Aproveitei a deixa:

— Pedro, não sei nem como te agradecer por ter me quebrado aquele galho. Saiba que pode contar comigo quando precisar.

Ele riu:

— Não precisa agradecer, Renato. Quando eu precisar, você paga esses dias que ficou fora. Por mim eu te daria, mas não quero que o povo ou, pior, que chegue nos ouvidos do Manuel que você é um privilegiado.

— Nem quero isso — respondi de imediato, com sinceridade.

Ele então mudou de assunto:

— E o casamento? Manuel se comportou direito lá? Fiz várias recomendações pra ele, viu?

Pensei um pouco antes de responder. Eu poderia contar tudo o que Manuel fez, mas decidi mentir. Dizer a verdade só traria mais problema.

— Foi lindo! Eu sou suspeito pra falar, afinal, era o casamento do meu irmão, né? Mas não tenho do que reclamar do Manuel, a gente mal se falou lá.

Pedro pareceu acreditar. Depois disso, passou nas outras mesas, trocou algumas palavras com o pessoal e saiu.

Logo depois, recebi uma mensagem do Anderson perguntando se eu ainda ia como combinado. Respondi que sim, confirmando o encontro.

Na hora do almoço, fui até a padaria ao lado, comprei um salgado e um suco, e fiquei ali mexendo no celular, tentando relaxar um pouco. Foi quando vi, pela vidraça, Manuel entrando todo cheio de si na contabilidade.

Manuel estava com uma regata preta que valorizava seus braços e o peitoral definido. Calça jeans e tênis também pretos. Aquele tipo de visual que ele sabia que chamava atenção.

Meu coração congelou.

Eu sabia que, com ele ali, minha paz naquele dia estava seriamente ameaçada.

A hora do almoço, como sempre, passou voando. Não sei por quê, mas o tempo nunca parece jogar do nosso lado. Quando queremos que ele passe devagar, ele corre. E quando desejamos que ele corra, ele se arrasta.

Ao retornar pra contabilidade, dei de cara com Luana parada no corredor que leva à minha sala, como se estivesse me esperando.

— Renato, você não sabe quem chegou!

— Sei sim! Manuel. Vi ele chegando enquanto eu estava na padaria.

Ela me olhava, esperando mais alguma reação.

— Isso é algo que eu vou ter que me acostumar, né? Querendo ou não, essa empresa é do pai dele.

Agradeci a gentileza dela em me avisar e segui pra minha mesa. Sentei, organizei os papéis, enviei alguns arquivos pros clientes. Estava tudo sob controle… até quase o fim do expediente.

Foi quando Manuel apareceu.

— Boa tarde, Renato!

Olhei de canto, respondi com um aceno leve e voltei a encarar a tela do computador.

— E aí, como você tá? Que casamento lindo foi aquele, hein?

Ele falava como se nada tivesse acontecido. Como se não tivesse criado nenhuma situação desconfortável lá. Seria Manuel bipolar?

— Foi lindo mesmo — respondi, tentando manter a calma, mesmo errando algumas coisas no computador por causa do nervosismo. Mas não deixei transparecer.

Então, ele me pega de surpresa:

— Quero te agradecer por ter falado pro meu pai que fiquei de boa lá no casamento.

Dessa vez, olhei direto pra ele e respondi, irônico:

— E não ficou?

Nesse momento, algo me chamou atenção. No pescoço dele, havia uma marca visível de chupada. Alguém havia deixado aquilo ali. Ele percebeu que eu notei e se apressou em comentar:

— Nem precisa falar… meu pai já me deu um esporro por isso estar à mostra! Queria o quê? Que eu usasse uma blusa de frio com gola alta? Já tentei até umas coisas que vi na internet pra disfarçar, mas nada funcionou. Só maquiagem que não testei, porque né... não tenho.

Dei um leve sorriso.
Saquei na hora que ele tinha vindo exatamente daquele jeito pra que eu visse a marca. Estava tudo calculado. Olhei firme e respondi:

— Não precisa se justificar! Mas, se fosse eu no seu lugar, teria vindo com uma camisa. De qualquer forma, fico feliz que tenha seguido em frente.

Ele ficou visivelmente sem jeito.

— Ah… eu falei com o Felipe, e ele disse que você comentou que passaria meu número pra ele. Pode passar, cara. — Disse isso com um sorriso maroto e saiu rindo.

Fiquei ali, parado, com aquilo martelando na cabeça. Seria aquela marca no pescoço obra do Felipe? Será que rolou algo entre eles ainda no domingo?

Pensei nisso até dar a hora de ir embora.

— Quer uma carona? — perguntou Pedro, passando pela minha mesa.

— Não, obrigado.

Dei boa noite a todos. Era preciso me apressar.

Peguei um Uber e, assim que cheguei em casa, desejei boa noite para a minha mãe e subi correndo para o meu quarto. Tomei um banho e comecei a me aprontar. Havia um frio na barriga, o que era estranho, já que eu não tinha grandes expectativas.

Escolhi uma camisa nude, calça preta e tênis branco. Coloquei um cordão de prata discreto e dei aquele banho de perfume. Me olhei no espelho e, sem falsa modéstia, me senti lindo.

Ao descer, meu pai já havia chegado e, ainda de uniforme, estava na sala assistindo TV, enquanto minha mãe estava na cozinha.

— Nossa! Onde vai tão galã? — perguntou ele, rindo.

— Vou ao shopping, pai.

Minha mãe surgiu na sala ainda de avental e, ao me ver, soltou:

— Agora eu tô entendendo essa correira toda. Posso saber com quem?

— Sim! Vou encontrar o Anderson. A gente vai conversar.

Ela meio que lamentou:

— Meu filho... eu queria tanto que você esquecesse esse seu primo. Tem tanta gente legal aqui na cidade...

Meu pai tentou suavizar:

— O que ela quer dizer é que a gente não quer te ver se machucando mais do que já se machucou se envolvendo com o Anderson.

— Relaxa, gente.

Peguei meu celular, pedi um uber e finalizei:

— Vou esperar o carro lá fora.

Mandei uma selfie minha no grupo dos meus amigos, mostrando o look da noite. Eles responderam quase ao mesmo tempo — todos me desejaram boa sorte.

O carro não demorou a chegar. Assim que entrei, mandei uma mensagem para Anderson dizendo que eu já estava a caminho. Ele respondeu logo em seguida: “Já estou no local combinado."

Desci na porta do shopping e fui direto ao banheiro. Quis me olhar uma última vez no espelho, arrumar a gola da camisa, ajeitar o cabelo, respirar fundo. Estava pronto. Pelo menos por fora.

Subi pelas escadas rolantes rumo à praça de alimentação. Caminhei lentamente, observando ao redor, e de longe vi Anderson.

Ele estava ali, sentado sozinho em uma das mesas do canto. O visual era casual, mas claramente pensado para impressionar: uma camisa jeans de manga dobrada, calça preta , tênis preto. No pulso, um relógio discreto. O cabelo bem penteado.

Anderson balançava os pés no ritmo acelerado enquanto mexia no celular. Sinal claro de nervosismo.

Respirei fundo mais uma vez e segui na direção dele.

Me aproximei e o cumprimentei. Ao me ver, Anderson se levantou de imediato, deixou o celular sobre a mesa e veio me abraçar. Foi um abraço forte, apertado, cheio de presença. Ele aspirou o ar perto do meu pescoço e soltou:

— Que perfume bom é esse?

Sorri, satisfeito com o impacto, e revelei o nome da fragrância.

— Ah, por isso esse cheiro bom. Combina com você. — disse ele, ainda com um sorriso no rosto.

Logo em seguida perguntou:

— E aí, pra onde a gente vai?

— Você decide. — respondi, deixando em aberto.

Ele arregalou os olhos, divertido:

— Não fala isso não, senão o destino vai ser a cama.

— Para, seu bobo! — ri, balançando a cabeça.

Ele então sugeriu; A Gente veio conversar. Então... vamos aproveitar e jantar num restaurante. Topa?

— Uma boa! Até porque eu tô faminto.

Seguimos juntos até o estacionamento. Quando Anderson destravou o carro e abriu a porta para mim entrar, não consegui evitar o pensamento que invadiu minha mente feito um sussurro incômodo:

Por que as pessoas precisam perder para valorizar?

Entrei em silêncio, me ajeitei no banco e prendi o cinto. E durante o trajeto, falamos de amenidades. Era estranho como, apesar do nervosismo, a presença dele ainda me trazia uma certa paz.

Chegamos a um restaurante charmoso no centro. Anderson fez questão de nos levar até o segundo andar, onde havia menos movimento. Escolheu uma mesa no canto, buscando claramente um pouco mais de privacidade.

Ele pegou o cardápio, deu uma olhada rápida e perguntou se eu confiava nele.

— Confio. — respondi.

— Então deixa comigo.

Ele chamou o garçom e fez o pedido: risoto de camarão com raspas de limão siciliano, medalhão de filé ao molho madeira e uma taça de vinho branco para cada um.

Achei elegante da parte dele. E, no fundo, me surpreendi como ele parecia querer que aquela noite fosse especial.

Depois que fizemos o pedido, Anderson perguntou:

— Ricardo e Letícia viajaram mesmo?

— Sim — confirmei.

Ele então comentou, surpreso:

— Assim como você, eu também fui pego de surpresa. Não fazia ideia que meus pais tinham se juntado aos seus pra dar essa viagem de presente pro casal.

Ri com a situação e aproveitei pra alfinetar:

— E quem aproveitou a oportunidade foi a Amanda, né?

Ele soltou um riso contido:

— Pô, nem me fala! Mas… não sei você, eu resolvi dar um voto de confiança pra ela. Pelo menos parece estar tentando. E, ao que tudo indica, mudou bastante.

Olhei pra ele com um meio sorriso, mas deixei claro:

— Sei lá… quando se trata da Amanda, eu sempre fico com um pé atrás.

Anderson rebateu:

— Seu irmão também era assim, não era? E mudou.

Engoli seco e respondi com calma:

— Mas o Ricardo é diferente. Ele não se esconde atrás de religião, não finge ser santo pra depois infernizar a vida dos outros. Ele foi reacionário, sim, mas encarou os erros de frente e mudou.

Houve um breve silêncio. Então, pra quebrar o clima, puxei outro assunto:

— Aproveitando… queria te agradecer por ter me ajudado naquele dia com o Manuel.

Ele sorriu, visivelmente orgulhoso:

— Não foi nada. Vou te proteger sempre. De quem for. Esteja eu com você ou não. Mas até agora não entendi direito aquele papo...

Aproveitei e contei tudo. Desde como descobri que o Felipe ficava com o Naldo e o André, até o que o Naldo me revelou sobre como começou a pegar o garoto.

Expliquei que, na real, existe ali um triângulo meio doido: Felipe, Naldo e André. Nada sério, mas eles se pegam entre si, tudo no sigilo. E que, no casamento do meu irmão, o Manuel queria pegar o Felipe — com o incentivo do próprio Naldo. E, pra ser sincero, eu senti que aquilo era de propósito, como se o Manuel quisesse me provocar mesmo.

Disse também que, embora o Felipe até quisesse, ele estava com medo de se queimar com o André. Aí eu sugeri que fosse em outro momento, e que passaria o contato depois.

Anderson ficou ouvindo com uma mistura de surpresa e risada contida. Depois disse:

— Caraca… o André pegando caras! — E deu risada. — Desculpa, é que… é muita informação de uma vez só! Será que tem mais gente naquela roda que curte também?

— Aí já não sei — respondi, rindo junto.

E aproveitei pra contar:

— Mas sabe o que é mais estranho? Hoje cedo, o Manuel estava com um chupão no pescoço. Fez questão de deixar à mostra, como se quisesse que eu visse.

Anderson arqueou as sobrancelhas e respondeu na hora:

— Ah, então provavelmente rolou com o Felipe. Manuel não perde tempo mesmo.

Até que o garçom trouxe o nosso jantar, colocou os pratos sobre a mesa, nos desejou um bom apetite e se afastou.

Enquanto estávamos degustando aquele delicioso jantar , ele me olhou nos olhos e disse:

— Como eu te falei, eu volto pra Joinville amanhã. E queria muito resolver as coisas entre a gente.

— Sim, eu entendo — respondi, tentando manter a serenidade. — Anderson, a gente já conversou sobre isso...

Ele segurou minha mão por cima da mesa, firme, mas com um certo tremor nos dedos.

— Sim, eu respeito a sua posição. Na verdade, admiro você estar se priorizando, como me disse. Mas… não dá pra gente continuar como antes? Só que agora sem o Manuel?

Ainda sentindo o calor das nossas mãos entrelaçadas, respirei fundo antes de responder:

— Não me peça isso. Por favor. Entenda… o problema não é mais o Manuel.

— Mas o que é então, meu amor? — ele perguntou, com a voz baixa, me chamando de "Renato", como se quisesse voltar à realidade.

— É tudo. É a distância, a falta de presença, de toque. Eu sempre deixei claro que preciso disso. E por mais que a gente volte agora, por mais que você tente ser mais presente, por mais que você me prometa… você sabe que vai ser a mesma coisa. A distância é real. E Anderson… depois do que aconteceu com o Manuel, eu perdi a fé nesse lance de relacionamento à distância.

Ele me olhou com os olhos marejados, visivelmente atingido pelas minhas palavras.

— Então quer dizer que você não confia mais em mim?

Senti um aperto no peito. Não era isso que eu queria dizer. Tentei consertar:

— Não… não é bem isso…

Mas ele não deixou.

— Então quer dizer que tudo o que eu disser não vai importar mais? Que nada do que vivemos tem valor? Que os meus sentimentos não valem?

Minha voz falhou por um instante, mas não podia deixá-lo acreditar nisso.

— Não coloca isso na minha boca. Você é quem eu amo, Anderson. E justamente por isso… tudo que vem de você tem muito valor pra mim. Só que o jeito que você terminou comigo da última vez me fez repensar tudo. Eu decidi apostar em mim. E se eu voltar com você agora, nesse exato momento… talvez eu não consiga entregar à nossa relação o que ela merece. Porque eu ainda tô me reconstruindo. E voltar no meio disso seria injusto com você. E comigo também.

Ele ficou em silêncio. E eu vi nos olhos dele a luta entre a dor e a compreensão.

Depois de alguns segundos em silêncio, olhei nos olhos dele e falei com calma:

— Anderson… quero que você volte pra Joinville em paz. Com a consciência de que está solteiro. Não se prenda a mim.

Ele abaixou um pouco a cabeça, visivelmente mexido com minhas palavras, e respondeu:

— Se for necessário… eu te espero. Só não quero te perder.

Segurei a mão dele com delicadeza e disse:

— Anderson… é muito tempo. Você sabe disso. Nós dois sabemos que nem eu nem você aguentaria ficar muito tempo sem toque, sem sexo, sem presença. A gente se conhece. E assim como o meu trabalho me prende aqui, o seu também te impede de vir pra cá quando quer.

Ele soltou um suspiro longo, como quem tentava aceitar uma verdade que ainda doía. Evitava me encarar, talvez pra não deixar o olhar entregar a frustração.

— Não diz que vai me esperar se sabe que isso não é real. E como eu já te disse antes, eu não vou parar a minha vida esperando alguém. Nem acho justo que você pare a sua por mim.

Ele assentiu em silêncio, e embora respeitasse minha decisão, dava pra sentir que, por dentro, ele ainda não queria aceitar o fim.

A conversa continuava, tensa e cheia de sentimento, até que os pratos ficaram vazios e o vinho quase no fim.

Percebi que Anderson olhava o relógio com frequência. Isso começou a me incomodar.

— Quer ir embora? — perguntei, meio direto. — Tá toda hora olhando a hora...

Ele me olhou sério e respondeu com a voz baixa:

— Tudo que eu não quero é ir embora.

Meu coração apertou. Eu sabia que, além do jantar, não havia muito mais o que fazer ali, e já tínhamos conversado o que dava pra conversar.

Foi ele quem sugeriu:

— Vamos dar uma volta?

Concordei com um aceno. Ele chamou o garçom, pediu a conta e, sem deixar eu reagir, tirou a carteira do bolso.

— Deixa que hoje eu faço questão — disse, enquanto passava o cartão.

Agradeci com o olhar. Saímos do restaurante e descemos as escadas lado a lado, em silêncio, como se cada passo carregasse o peso do que ainda estava por vir.

No estacionamento, entramos no carro. Ele ligou o motor e, antes de dar partida, comentou:

— Vou te levar pra um lugar conhecido, mas que eu gosto muito. Um canto tranquilo, onde dá pra pensar melhor.

O percurso foi todo em silêncio, mas quando chegou no local que ele havia citado, desligoubo carro.

Ele me olhou com um semblante sério, mas sereno, e perguntou:

— Então… o nosso maior obstáculo hoje seria a distância?

Assenti devagar e respondi com firmeza, mas com carinho:

— Sim. A distância é o que mais pesa. Mas não fica se remoendo com isso, nem se culpando. Eu tenho plena consciência de que você foi pra Joinville tentando algo melhor pra você. E de verdade, Anderson… eu acredito que você me incluiu em todos os seus planos. Eu sei disso.

Fiquei em silêncio por alguns segundos, ouvindo tudo aquilo que ele despejava com o coração na boca. A respiração dele estava pesada, e os olhos marejados diziam mais do que qualquer palavra.

Me inclinei devagar e levei a mão às suas costas, acariciando com cuidado, como se cada gesto meu dissesse “tô aqui”. Ele não recuou. Pelo contrário, pareceu se entregar ainda mais àquele momento.

— Anderson… — sussurrei, com a voz baixa — Eu entendo tudo isso. E sinto muito. Mas você precisa saber que eu nunca quis te ver longe, muito menos sofrer.

Ele então virou de lado, me olhou com os olhos cheios de sentimento e, num impulso cheio de sinceridade, me abraçou. Um abraço forte, intenso, como se quisesse colar nossas histórias de volta.

— Só me deixa permanecer na tua vida — pediu ele, com a voz embargada. — Não precisa ser como namorado. Mas como homem… como alguém que precisa te ter por perto. Mesmo que de vez em quando, mesmo que seja só quando der. Mas me deixa ficar.

Eu já não conseguia mais resistir. As palavras dele, a forma como me segurava… aquilo me desarmou por completo. Fiquei quieto, sentindo o calor daquele abraço, e quando nos afastamos lentamente, nossos rostos ainda colados, nossos lábios acabaram se encontrando.

Um beijo. Calmo. Profundo. Repleto de tudo o que não foi dito antes.

Tentei me afastar, dizendo com dificuldade:

— Isso não deveria estar rolando...

Mas ele se aproximou ainda mais, sua barba roçando de leve no meu ouvido e sussurrou:

— Você quer ou não?

Antes que eu pudesse responder com palavras, ele voltou a beijar meu pescoço. A sensação da barba misturada ao calor da sua boca me deixou sem defesas. O desejo tomou conta, e eu o beijei de volta, mesmo quando a mente ainda resistia. os beijos se aprofundaram, as mãos dele exploraram meu corpo sem pressa.

Anderson tirou a camisa no impulso.

Foi aí que eu respirei fundo e recuei um pouco.

— Acho melhor a gente ir embora — falei, meio sem jeito.

Ele me olhou direto nos olhos, frustrado.

— Tá falando sério?

Desviei o olhar, tentando não desmontar por dentro.

— Sim... acho melhor.

Ele se encostou no banco, respirou fundo e ficou quieto. Eu também não falei nada por um tempo. Olhei pela janela, tentando acalmar o coração.

O clima tinha mudado. Ainda existia vontade, claro. Mas naquele momento, continuar seria complicado demais. Eu não queria que ele se prendesse a mim. Não queria que criasse uma esperança que eu não podia garantir.

Ele ainda estava sem camisa quando ligou o carro e saiu com o olhar perdido. Não disse mais nada durante o caminho. Eu sabia que ele estava decepcionado. E meu coração ficou apertado ao vê-lo daquele jeito.

Quando chegamos perto de casa, tentei aliviar a situação.

— Pode me deixar na esquina, não precisa ir até lá.

Ele nem respondeu. Simplesmente me ignorou e seguiu até a porta da minha casa. Quando estacionou, fiquei um tempo em silêncio com a mão na maçaneta. Foi quando ele falou, ainda com a voz embargada:

— Cara... eu pensei que o nosso relacionamento era importante.

Virei pra ele e disse com firmeza:

— Mas é. Nunca duvide disso.

— Então por que você insiste em me deixar fora da sua vida?

Suspirei, cansado daquela conversa que parecia nunca ter fim.

— Eu já te expliquei…

Ele baixou o olhar, sem dizer nada. O silêncio pesou por uns segundos. Então, antes que o assunto se estendesse e machucasse mais ainda, abri a porta devagar e antes de sair, olhei pra ele mais uma vez.

— Desculpa por não corresponder à sua expectativa.

Anderson nem levantou a cabeça, só murmurou:

— Não precisa se desculpar.

Desci do carro com o coração apertado e me despedi:

— Boa noite. E faça uma boa viagem amanhã, tá?

Fechei a porta com cuidado, como se qualquer barulho pudesse machucar mais ainda. Dei um último tchau com a mão, mas ele nem respondeu. Só ficou ali, parado. Esperando... sei lá o quê.

E eu entrei, sentindo que tinha deixado um pedaço de mim ali dentro.

Ao entrar em casa, tentei parecer firme:

— Mãe, pai, cheguei!

Minha mãe respondeu lá do quarto, com a mesma ternura de sempre:

— Tá bom, filho! Que Deus te abençoe.

Subi as escadas com um peso no corpo e outro na alma. Entrei direto no banheiro, travei a porta e liguei o chuveiro. Tirei a roupa no automático, como quem não quer sentir nada. A água quente começou a cair, e eu me sentei no chão do box, deixando que ela escorresse por cima de mim como se pudesse, de alguma forma, lavar o que eu estava sentindo.

Ali, encolhido, com os braços apoiados nos joelhos e a cabeça baixa, deixei que o nó na garganta se desfizesse em choro. Um choro preso há dias, semanas... talvez meses. A água escondia as lágrimas, mas não apagava a dor.

Estava ali, completamente dividido. Um lado meu gritava para viver aquele amor, para me jogar sem pensar. Mas o outro lado... o outro lado sabia que não era justo. Que naquele momento eu não podia prometer nada, não podia dar o que ele esperava.

Era como segurar uma flor e ver ela murchar nas suas mãos, só porque você não tem o sol e a água que ela precisa para florescer.

Eu queria muito me entregar a ele. Queria sentir ele de novo, dar prazer a ele, pertencer a ele novamente. O corpo queria, o coração também, mas a cabeça gritava que não era o momento.

A água continuava caindo, quente, constante. E ali, exposto, nu, vulnerável, eu me sentia sufocado. Impotente.

Me levantei devagar, fechei o registro, enxuguei o rosto, respirei fundo e tentei me recompor. Vesti uma roupa qualquer, sem pensar muito, e fui até o quarto.

Peguei o celular que estava no bolso da calça que eu tinha usado e vi que haviam mensagens de meus amigos. Todos querendo saber como tinha sido o encontro.

Olhei para aquelas notificações e apenas bloqueei a tela. Não respondi. Não era o momento.

Me deitei e fiquei olhando para o teto, pensando em tudo e em nada ao mesmo tempo. E ali, naquele silêncio confuso, demorei para dormir. Nem sei a hora que o sono veio ao meu encontro.

Quando o despertador tocou, eu não tinha um pingo de vontade de levantar. Mas era preciso. Jamais faltaria ao trabalho — ainda mais com Manuel só esperando uma brecha para querer minha cabeça.

Fui até o banheiro e, quando olhei no espelho, levei um susto. Meus olhos estavam inchados de tanto chorar. Não dava pra esconder. Meus pais, com certeza, notariam. E eu não queria dar explicações logo cedo. Então decidi: tomaria café na padaria.

Me arrumei como pude e, ao descer a escada, já fui avisando:

— Pai, não vai dar pra ir contigo hoje, vou pegar mais cedo. Quero tomar café na padaria.

— Tá bom, filho. Vai com Deus — disse ele ainda na cozinha

Pra não levantar suspeitas, desci a rua a pé. Na esquina, pedi um Uber. E ali, parado, com o celular na mão, não resisti: fui olhar as mensagens.

Lá estava ela. Uma mensagem de voz do Anderson que me foi enviada cerca de uma hora e meia antes.

Respirei fundo e dei play. A voz dele saiu baixa e cansada:

— Tô indo pro aeroporto do Rio agora. Sinceramente, lamento que as coisas não tenham sido como eu imaginei... Mas respeito a sua decisão. Até qualquer dia.

Fiquei ali parado, com o celular na mão. Não respondi. Não naquele momento.

Mas abri a conversa dos meus amigos e mandei algo rápido:

"Tô devastado. Mas não quero falar sobre."

Entrei no Uber calado. Apesar de estar sem vontade nenhuma de trabalhar, eu sabia que lá, pelo menos, a cabeça se distraía. E o tempo... o tempo costumava voar.

Na padaria, pedi dois pães de queijo e um café bem forte, tentando espantar o sono e a tristeza que ainda grudavam em mim. Sentei numa das mesas do canto e fiquei ali, olhando pro nada, degustando um bom café.

De longe, vi o pessoal da contabilidade chegando. Eles sempre esperavam o Pedro, que era quem abria a empresa. Assim que ele chegou e todos entraram, paguei a conta devagar e segui meu caminho.

Chegando na contabilidade, para o meu alívio, nem Pedro, nem Luana, ninguém pareceu notar meu rosto inchado de tanto chorar — ou, se notaram, fingiram não perceber. Isso me ajudou a manter a calma e seguir o dia com mais leveza. Consegui trabalhar de boa, sem precisar dar explicações que eu não estava pronto pra dar.

Faltando pouco para a hora do almoço, meu celular tocou. Era o Breno. Achei estranho, porque a gente quase nunca se falava por ligação, geralmente só nos falávamos por mensagem no grupo. Mesmo assim, atendi.

Do outro lado, ele parecia calmo.

— Vi sua mensagem no grupo. E aí, tá tudo bem contigo? — perguntou. — Quer conversar?

— Quero sim — respondi. — O encontro com o Anderson foi bom, mas ao mesmo tempo não foi..

— Como assim? — ele perguntou, sem entender.

— Teve a parte boa, tipo o jantar, a nossa conversa no começo... até o beijo.

— Ah, então rolou! — ele falou, surpreso.

— Não... não rolou — corrigi, soltando um leve suspiro. — Eu... atrapalhei, quer dizer, eu que não deixei as coisas irem adiante. O Anderson queria, se mostrou disposto... mas achei melhor parar por ali. Preferi deixar tudo como está.

Houve um silêncio breve entre nós. Um daqueles que não incomoda, mas pesa. Foi aí que me dei conta: Breno não tinha ligado só pra bater papo. Tinha mais coisa ali.

— E você, tá bem? — perguntei, tentando puxar o fio da conversa de volta pra ele.

— Tô tranquilo, mais ou menos — disse. — Queria conversar contigo sobre o que comentei sobre o que tá rolando entre mim e o Dinei.

— Tá tudo bem entre vocês? — perguntei, preocupado.

— Então... por um lado sim. Por outro... sei lá, nem eu sei mais. Mas prefiro conversar contigo pessoalmente. Se for na hora do nosso almoço, melhor ainda. Assim o Dinei nem desconfia.

— É algo grave? — perguntei, já tenso.

— Mais ou menos — ele respondeu. — Melhor te explicar com calma.

— Tá, quando então?

— Depois de amanhã seria ideal — ele sugeriu.

— Fechado — confirmei. — Te espero. A gente almoça junto e conversa.

— Mas Renato... o Dinei não pode nem sonhar que eu tô te contando isso, tá? — Breno alertou, com a voz mais baixa.

— Você está me deixando preocupado, Breno.

— Não é um bicho de sete cabeças, relaxa — ele tentou descontrair. — Mas, sei lá... como eu acho que você tem a cabeça mais aberta pra essas coisas, resolvi compartilhar com você.

— Tá bom, Breno. Então tá marcado. Depois de amanhã te aguardo aqui.

— Obrigado, Renato. Depois a gente se fala mais.

A ligação terminou, mas minha mente ficou ligada. Tentei imaginar o que poderia estar acontecendo entre eles, mas era difícil. Por mais que fossem praticamente da mesma idade, Breno e Dinei eram tão diferentes que era impossível adivinhar o que vinha dali. Um era reservado, mais fechado. O outro falava mais, mas escondia bem os sentimentos.

Na hora do almoço, esquentei minha marmita no micro-ondas da copa da contabilidade. Sentei em uma das mesas e comecei a comer em silêncio, tentando manter a cabeça longe de tudo. Foi aí que o celular vibrou com uma notificação: era uma mensagem de Anderson.

"Oi... só pra avisar que já cheguei bem. A viagem foi tranquila. Espero que você esteja bem também. Fica com Deus."

Fiquei olhando para a tela por alguns segundos antes de digitar minha resposta.

"Eu estou bem... e agora mais tranquilo por saber que chegou bem aí em Joinville. Fique em paz. Bjos."

Guardei o celular de volta no bolso e respirei fundo e voltei a comer.

No fim do expediente, Pedro me chamou de canto e perguntou se dava pra gente ir no bar do Jefferson na sexta. Tentei enrolar, dizendo que precisava ver umas coisas ainda, mas ele não engoliu e foi direto:

— Você está me evitando?

Por mais que, no fundo, eu estivesse mesmo evitando aquelas saídas, eu neguei, meio sem graça. Afinal, Pedro havia me ajudado muito quando precisei. Disse que só estava realmente com muita coisa na cabeça mas que veria um dia legal.

— Vê lá e me fala então — ele disse, encerrando o assunto com um sorriso leve.

Os dias seguintes passaram sem grandes acontecimentos — o trabalho ajudou a ocupar a cabeça, e eu preferi manter distância de qualquer conversa mais profunda. Quando percebi, já era o dia combinado com Breno.

E, quando saí para almoçar e lá estava Breno, me esperando na padaria. Ele estava encostado na parede, com o celular na mão e um sorriso sem graça no rosto.

— Pra onde vamos? — perguntei logo depois de abraçá-lo.

— Você me pergunta? Você conhece melhor essas redondezas do que eu.

— Tem um restaurante que dizem ser bom, há duas ruas daqui.

— Então vamos lá — respondeu, ajeitando a mochila nas costas.

No caminho ele se mostrou meio nervoso, soltando frases soltas, como se quisesse justificar a presença ali sem parecer desesperado. Eu só escutava, respeitando o tempo dele.

Chegamos ao restaurante e pedimos uma feijoada completa. Sentamos numa mesa no canto, e foi ali, entre garfadas e longos silêncios, que ele começou a falar.

— Então... depois que o Dinei começou a postar vídeos, e conseguiu um número razoável de seguidores — tipo, razoável mesmo pra quem tava começando — ele só pensa nisso agora: criar conteúdo.

— Ué, mas isso não foi ideia sua? Lá no vestiário do sítio? — perguntei tentando quebrar o gelo.

— Foi. E eu pago a língua até hoje. Eu que despertei isso nele.

— Tá... até aí eu compreendo. Mas o que tá pegando nessa história pra você? Porque, até então, vocês chegaram a comentar que até uma graninha tinham tirado disso.

— Sim, ele ganhou. Pouco, mas o suficiente pra deixar ele deslumbrado. — Breno fez uma pausa, mexeu no arroz no prato e soltou: — Renato, ele nem tem mil seguidores ainda, mas tem gente que gosta do que a gente grava. Agora ele quer registrar quase todas as nossas transas.

Fiquei de boca aberta, sem saber o que responder. A cada revelação eu me surpreendia mais.

— E não parou por aí. Ele recebeu uma proposta de job com um cara aqui da região. E ele quer, porque quer, fazer. Já conversamos sobre isso, mas a gente nunca chega a um acordo.

— Mas como você vê isso tudo? Qual é a sua visão dos fatos? — perguntei encarando o Breno com atenção.

Ele respirou fundo, ajeitou a colher no prato e respondeu com um certo peso na voz:

— Renato, eu e ele somos namorados! Temos uma relação. E de certo modo eu me senti decepcionado por ele me propor aquilo. Quando eu aticei ele, era pra apimentar a nossa relação, não pra ele querer abrir ela e dar pra geral.

Eu me recostei na cadeira, absorvendo as palavras, antes de dizer:

— Breno, o Dinei é meu amigo, mas eu sei que ele é bem safadinho na cama. Mas será que de repente você não está exagerando, vendo maldade onde não tem por conta do ciúme?

Ele soltou um meio sorriso, sem humor.

— Pô, quer um exemplo mais claro? Aquele dia na casa do Jefferson... ele ficou hipnotizado pela pica do cara. E te digo mais: só não avançou porque a gente estava ali. Ele ficou dias falando do cara. E, sinceramente? Eu sei que não rolaria isso, mas... se o Jefferson desse em cima dele hoje, é capaz do Dinei cair dentro. Sem pensar nem na minha relação com ele, nem na amizade dele com o Gil.

— Será? — comentei, pensativo. — Olha, ele pode até ter ficado impressionado com o Jefferson... mas você acha mesmo que ele chegaria a esse ponto?

— Acho sim — respondeu Breno, firme. — E é justamente por isso que eu tô aqui. A gente tinha planos, Renato. De morar junto, de construir uma vida a dois... e agora ele nem toca mais no assunto.

Eu me lembrei de uma época em que Dinei vivia falando em dividir um lar com Breno, empolgado com a ideia. Aquilo tudo, de fato, parecia distante agora.

— E como exatamente você quer que eu te ajude? — perguntei.

— Sei lá... conversa com ele. Vai que ele te escuta melhor do que a mim.

— Mas não seria melhor vocês dois tentarem conversar?

— Já tentei, Renato. Toda vez que puxo o assunto, acaba em discussão. Não consigo mais falar com ele como antes — disse com um tom calmo, mas carregado.

— Bom... eu posso tentar, sim. Só que não vai ser agora, esse fim de semana eu tô enrolado. Mas eu prometo que vou conversar com ele.

— Obrigado. É que... eu amo o Dinei. Mas, se a gente não chegar num acordo logo, essa relação vai acabar. E isso é a última coisa que eu quero.

Depois, Breno quis saber como tinham ficado as coisas entre mim e Anderson.

— E aí, como foi lá com Anderson? — ele perguntou, curioso.

— Aquilo que te contei, Breno. Tá tudo na mesma. Ele lá, eu cá. Não voltamos.

— Mas pô, você disse que teve uma certa recaída… que rolou até beijo.

— Não, querido! Rolou um beijo, sim, mas fui eu quem impedi que se prolongasse.

— Mas por que impediu, se você queria?

— Porque não era assim que eu queria. Se eu deixasse rolar, ia dar esperança pra ele. E eu não quero isso. Ele não veria aquilo como só uma curtição, ele queria mesmo uma volta.

— Imagino que o clima tenha ficado horrível depois...

— Nem me fale. Eu queria sumir. A gente conversou, acertou algumas coisas… mas foi tenso.

Olhei pro relógio e percebi que meu horário de almoço estava quase no fim. Pagamos a comanda, e ele me acompanhou até a entrada da contabilidade, antes de seguir seu rumo.

Voltei ao trabalho com Dinei e Breno martelando na cabeça. Será que Dinei era mesmo tão apaixonado por Breno? Ou Breno exagerou nessa ideia de apimentar a relação? Vai ver Dinei só precisava de uma oportunidade pra se revelar. De qualquer forma, eu precisava conversar com ele — só não sabia como abordar isso.

Fim do expediente, Pedro me ofereceu carona. No caminho, perguntou se eu tinha notícias do filho dele. Respondi que não. Foi então que ele comentou que Manuel tinha voltado para Joinville na segunda à noite, por causa do serviço.

Cortei meu patrão ali mesmo. Disse que preferia não saber de nada sobre o Manuel. Expliquei que não lhe desejava mal, mas que não queria mais ter notícias dele. Tudo bem, era o filho dele — mas também era meu ex, e a gente não terminou bem.

Pedro pareceu meio desnorteado, como se não esperasse por aquilo. Mas acabou pedindo desculpas e reconheceu que eu tinha razão.

Já em casa, tomei banho, vesti uma roupa confortável e fui conversar com meus pais. No meio da conversa, minha mãe comentou que no dia seguinte iria na casa do meu irmão dar uma arrumada na bagunça que ele tinha mencionado. Disse também que pensava em chamar os pais da Letícia para receber os recém-casados quando chegassem de viagem.

— Aí mãe... não inventa moda — falei, quase rindo.

Meu pai deu risada, mas ela insistiu:

— Estou falando sério! Pensei em algo simples... tipo caldo, cachorro-quente, pizza... qualquer coisa.

— Olha, vocês que sabem. Mas liga pros pais da Lê, quem sabe eles sugerem algo melhor?

Fiquei ali conversando com eles até o jantar. Logo depois, recebi uma ligação do Anderson. Como eu ainda estava perto dos meus pais, recusei. Mas ele insistia — foram várias tentativas. Pedi licença e fui até o meu quarto. Liguei de volta. Chamou uma vez e ele atendeu.

— Renato! Cara, você não sabe o que eu fiquei sabendo.

— Ai meu Deus... — respondi, já me preparando para o pior.

Ele deu uma risada nervosa.

— Senta que você nem vai acreditar.

E eu realmente sentei.

— Troquei uma ideia com o Naldo hoje. Ele veio falar do Manuel. Disse que o cara tá mal, que tá se sentindo prejudicado por tudo o que rolou. Falou que no casamento do Ricardo ficou com pena dele, que ele tava meio excluído e...

— Anderson, vai direto. Fala.

Ele riu e disse:

— Vou te mandar os áudios. Escuta e depois me diz o que você acha.

Os áudios começaram a chegar, um após o outro. Dei play.

A voz de Naldo entrou:

— Mano, o Manuel não dormiu em casa depois do casamento. Eu tava com ele e com o Felipe, naquela resenha... mas o Felipe não quis saber de nada. Aí deixei o Felipe em casa e fui levando o Manuel. No caminho, o bicho começou a reclamar que não tinha transado, que estava seca. Aí falei: “Você quer mesmo resolver isso? Tô aqui, se não quiser só fala e te deixo em casa.” Ele não disse que sim, nem que não. Mas ficou no carro. Interpretei como sim. Mudei a rota.

Outro áudio:

— No meio da conversa, soltei logo: “Além do mais, você já provou o negão aqui. E ele: “Já.” Sem nem pensar.

A sequência veio pesada:

— Aí começou com uma história de que eu era o mestre, que não era bem aquilo... Mas quando a gente já tava perto do motel, falei: “Cabeção, para de graça. Vai querer ou não? É simples. Se não, te deixo em casa.” Ele: “Não é frescura! É que, tipo... eu sei que sua pica é grande, pô.” Eu só mandei: “Você que sabe. Vai encarar ou não?” Aí ele respirou fundo e disse: “Já estamos aqui mesmo... Foda-se.”

Segui ouvindo, os áudios de Naldo:

— Anderson, eu não sei o que você e o Renato fizeram com esse cara, mas ele tá com fogo no rabo. O Manuel daquela vez lá em casa não é nem sombra do de agora. No começo fez graça, mas depois que falei que sabia que ele queria rola, ele se soltou. Aguentou muita pica. E detalhe: acordei sendo mamado por ele.

E ainda veio mais um:

— E o café da manhã dele? Porra na garganta, parceiro. O cara me provou que é um ótimo mamador de pica. Foi chupando minha pica do motel até a saída da Dutra. E só parou quando falei: “Chega, Cabeção, aqui já tá mais movimentado.” Aí guardei a pica.

Parei. Respirei fundo. Aquilo era surreal demais. O silêncio do meu quarto era pesado.

Liguei de volta pro Anderson, tentando entender.

— Então você acha que rolou mesmo? Porque... sei lá. Pode ter acontecido, ou não. Nada me garante que o Naldo não esteja ajudando o Manuel nessa onda só pra provocar a gente. Até porque... lá na festa ele tava totalmente apoiando tudo o que o Manuel dizia.

Anderson respondeu quase na hora:

— Renato, ele foi bem específico. Não sei se foi cena ou verdade, mas... os detalhes que ele deu, o jeito que ele falou... Me pareceu real. Eles se pegaram. E não foi pouca coisa.

Depois de ouvir tudo aquilo respondi:

— Então, se a gente parar pra pensar… se aquele chupão que eu vi no pescoço do Manuel não foi do Felipe… então só pode ter sido do Naldo. Faz sentido agora, né? Mas pode ficar tranquilo que vou averiguar. Não que isso seja importante.

Depois de concluir com Anderson sobre o chupão, falei durante a ligação:

— Olha… eu vou averiguar isso. Ver se é verdade mesmo ou se estão tentando nos provocar. Não que isso seja importante, mas já que chegou a esse ponto, vou procurar o Felipe. Eu sei o que vou fazer.

Anderson respondeu na hora:

— Tá certo. Você checa daí que eu tento arrancar mais alguma coisa do Naldo. Vamos ver até onde isso vai.

Quase instintivamente, chamei o Felipe no direct. Ele demorou um pouco pra responder, mas dentro de uns vinte minutos apareceu:

— Oi! Renato! Bom te ver por aqui! Veio me passar o número do Manuel?

Me fiz de desentendido:

— Pra quê? Vocês já se pegaram! Você até deixou marca de chupão no pescoço dele.

A resposta veio rápida, quase defensiva. Disse que não tinha se envolvido com o Manuel e que desde o casamento nem tinha mais visto ele. Perguntou o que eu estava insinuando.

Aí expliquei que tinha visto um chupão no pescoço do Manuel, achei que pudesse ser dele, e por isso deduzi errado. Pedi desculpa.

Felipe respondeu de boa, mas fez questão de dizer:

— Embora eu quisesse muito... não fui eu o autor da chupada.

Mandei um emoji rindo e perguntei:

— E entre você, o André e o Naldo… como estão as coisas?

Ele respondeu que estavam na mesma, nada definido.

Então perguntei:

— Quer mesmo o número do Manuel ainda?

Ele confirmou que sim. Então mandei o contato com uma observação curta:

— Use com moderação.

Finalizo a noite com a confirmação de que Naldo estava falando a verdade. Anderson, dessa vez, não tinha só um áudio — onde Manuel confessava para Nalso que tinha curtido o que rolou entre eles e que, se Naldo quisesse, poderia rolar de novo quando ele estivesse em VR — mas também tinha um vídeo.

No vídeo não mostrava o rosto de nenhum dos dois, mas as vozes eram reconhecíveis demais. E a tatuagem no braço do Naldo... era prova suficiente. Manuel aparecia de quatro, gemendo levando pica, enquanto Naldo perguntava, com aquela voz inconfundível:

— Tá gostando, Manuel, de levar pica do mestre?

Não dava mais pra duvidar. A história tinha mesmo acontecido.

Respondi o Anderson com aquele tom de quem já não tinha mais pra onde correr:

— Tá bom... você venceu! Agora estou convencido que é real. Obrigado.

Ele demorou uns segundos e finalizou com uma voz carregada de intenção:

— Pense em mim com carinho, Renato. Eu tô disposto a tudo.

A sexta-feira começou acelerada, como quase todas na contabilidade. Era sempre assim: a equipe corria pra adiantar tudo e garantir uma folga mais tranquila no sábado, já que parávamos às duas horas da tarde. Eu já levantei a mil, focado, mas com a cabeça longe. Pensava em Dinei, cogitei chamá-lo pra conversar, mas desisti. Achei que o momento certo viria. E convenhamos, se ele tivesse um pingo de noção, já teria percebido que Breno havia me contado algo.

Mas, também pensava no encontro com o Thiagão. Desde o dia em que marcamos, ele sumiu. Nenhuma mensagem, nenhum sinal. Achei estranho, pra dizer o mínimo.

Resolvi então quebrar o silêncio:

> "Oi! Você está vivo? Passando pra perguntar se tá tudo certo pra amanhã."

A resposta veio rápida e cheia de mistério:

> "Sabia que você ia me procurar. Sim. Amanhã eu te mostrarei como o Thiagão está vivo. Aguarde."

Ri, mas deixei quieto. Ele emendou:

> "Onde eu te pego?"

Pensei, mas acabei marcando no ginásio.

Depois do almoço, Pedro apareceu na minha mesa como quem não queria nada. Encostou ali, com aquele jeito dele meio sorrateiro, e soltou:

— Renato, tá ocupado hoje depois daqui?

Levantei os olhos, curioso:

— Não... Por quê? Aconteceu alguma coisa?

Ele riu sem jeito, coçou a nuca e respondeu, num tom quase tímido:

— Tô precisando conversar. Desabafar sobre uma parada... e acho que você é a pessoa certa pra ouvir.

Na hora, tentei imaginar o que poderia ser, mas antes que eu perguntasse, ele insistiu:

— Tem como da gente sair pra beber hoje? Cara, faz esse esforço aí...

Nem pensei duas vezes.

— Sim! Vamos então... mas eu preciso ir em casa tomar um banho e trocar de roupa.

— Sem problemas, eu te levo lá — garantiu ele.

— Fechado então!

— Pô, valeu! — disse, já com um semblante de alívio no rosto, como quem finalmente tinha encontrado um ponto de apoio.

Depois que fechamos a contabilidade, ele cumpriu o combinado: me deixou em casa e foi fazer o mesmo — tomar banho e se arrumar.

Antes de sair, avisei meus pais:

— Não sei a hora que volto. Vou sair com o Pedro.

Pouco tempo depois, ele me ligou:

— Tô na sua rua.

Peguei minha carteira, o celular e fui.
Neste dia em específico, Pedro mudou o combinado. Em vez de irmos ao bar do Jefferson, como fazíamos sempre, ele sugeriu outro lugar. Disse que era melhor assim. Segundo ele, tanto o Jefferson quanto o Gil poderiam acabar escutando partes da nossa conversa — vez ou outra, eram eles que nos serviam, e Pedro queria falar com liberdade.

O bar escolhido por ele tinha outro clima. Era mais a cara do Pedro: ambiente refinado, luz baixa, mesas discretas e um público diferente do que estávamos acostumados. Assim que chegamos, ele pediu um uísque. Eu fui de cerveja, como sempre e, logo de cara, Pedro avisou:

— Nada de papo de trabalho hoje.

— Nem de Manuel. — completei.

Ele riu e concordou. Estava leve, solto. Disse que estava aproveitando a fase de solteiro e conhecendo umas mulheres por aí.

— Isso não é novidade, né? — brinquei.

Ele riu e falou que, dessa vez, estava com a vida sexual ativa mesmo. Mas que ficava bolado quando o filho ia pra Volta Redonda e ele tinha que ir pra casa onde eu morei.

— Pelo menos a casa voltou a ser usada pra foda. — falei, rindo.

Ele perguntou sobre a minha vida, e eu hesitei. Pensei em contar sobre o encontro de amanhã, mas fui vago:

— Diferente de você, eu não tô aproveitando a solteirice como deveria.

— Mas deve ter alguém querendo conhecer novos buracos por aí, pô! — ele soltou, me deixando vermelho. — A não ser que você ainda tenha esperança de voltar pra “eles”...

— Não existe “eles”, Pedro. Eu sei que pedi pra não tocar no assunto, mas com o Manuel não tem chance nenhuma. Agora… Anderson… talvez, um dia. Quem sabe.

Ele me olhou sério por um instante, depois voltou a brincar:

— Então trate de aproveitar como o chefe aqui. Olhei para Pedro e falei:

— Tá! Agora me conta… o que tanto quer dividir comigo?

Ele riu, me encarou e disse:

— Renato, tipo… não é nada absurdo, mas eu não esperava viver isso. Então, o que eu vou te contar fica só entre a gente.

Ele ficou um tempo em silêncio, girando o copo com a ponta dos dedos, como se estivesse organizando os pensamentos. Depois respirou fundo, me olhou nos olhos e falou com uma firmeza calma:

– Antes de começar... eu preciso te pedir uma coisa.

Assenti, atento.

– Por favor, Renato – disse ele, quase como um apelo –, não me julga, tá? E também não me interrompe. Eu preciso te contar essa história do meu jeito. Depois, você vai ter o seu momento de falar, de me dizer o que pensa, de dar sua opinião... mas, por favor, me escute até o fim primeiro.

Eu balancei a cabeça em concordância, meio sem saber o que esperar, mas disposto a ouvir. O tom dele não era de quem queria justificar nada, era de quem precisava tirar um peso do peito.

Assenti, garantindo que ele podia confiar em mim — embora, por dentro, eu soubesse que o que estava por vir poderia me deixar atordoado.

RELATO DE PEDRO:

Algumas semanas atrás, eu encontrei com a minha galera. Fui para o Rio de carro e dei carona pra dois. Como não tinha hora pra voltar, deixei claro desde o início: não contem comigo pra carona de volta.

Fomos assistir a um jogo do Flamengo. E o Flamengo ganhou. A comemoração foi certa. Fomos primeiro a um bar, tomamos umas cervejas… já estávamos animados quando o Rubens, um amigo nosso, veio com uma ideia: ir a uma casa de acompanhantes de luxo.

Rubens disse que já tinha ido lá antes, que era um lugar discreto, bacana e cheio de mulheres lindas — mas avisou que era caro, então tínhamos que estar dispostos a gastar.

De todos que estavam com a gente, só um deu pra trás. Disse que era da igreja, tinha família, e que só tinha vindo pela carona. Eu, no começo, hesitei. Mas Rubens me colocou pilha… e eu topei. Ao todo, fomos uns oito caras.

Chegando lá, me surpreendi. A casa ficava numa rua discreta, mas por dentro parecia um bar elegante ou um restaurante sofisticado. Mulheres lindas, bem vestidas, com roupas que não eram muito vulgares — mas que exalavam sensualidade.

Logo que entrei, comecei a analisar o ambiente. Algumas garotas estavam sentadas no sofá, outras conversavam com clientes. Foi quando vi — uma ruivinha de cabelos lisos até os ombros, pele branca, aparentando uns 20 anos. Ela tinha um corpinho gostoso, peitos proporcionais e uma bunda arrebitada que chamava atenção. Era linda, a que mais me pegou de cara. Fiquei olhando pra ela de longe, imaginando se teria coragem de chamá-la depois.

Pagamos cinquenta reais na entrada. Nos sentamos, e logo outras mulheres começaram a descer uma escada. Vieram até nós, sorrindo, perguntando o que iríamos beber. Já meio alegres com a cerveja que tínhamos tomado antes, a galera se empolgou, passou a mão nelas, rindo e fazendo piada. Pedimos as bebidas, que elas mesmas trouxeram. E uma delas disse: *"Se quiserem algo mais, é só falar."*

A partir daí, foi só zoeira. Meus amigos ficaram escolhendo entre si quem ia pegar qual garota. Eu fiquei quieto, analisando de longe, ainda de olho na ruivinha. Foi quando reparei numa mulher que parecia ser uma das mais velhas dali. Ela estava me encarando.

De longe, ela acenou pra mim e me chamou com o dedo. A analisei de novo. Não era feia, mas estava longe de ser a mais gostosa do local, especialmente comparada à ruivinha. Por isso, não fui. Mas não demorou muito e ela veio até mim. Chegou sorrindo, segura de si, e soltou:

"Posso?" Ela já puxando a cadeira sem esperar resposta, o perfume doce invadindo meu espaço.

"Eu sou Nara," apresentou-se, os dedos com unhas vermelhas batendo levemente no balcão. "E você é...?"

"Pode me chamar de cliente," respondi, antes de corrigir com um sorriso irônico: "Na verdade, nem isso... visitante seria mais adequado."

Ela riu, um som rouco que revelava anos de cigarro e noites mal dormidas.

"Visitante, então," repetiu, brincando com a palavra. "Já que você não veio até mim… eu vim até você. Quero você!"

Meus amigos incentivaram. Gritaram, riram, bateram no meu ombro como se fosse uma conquista. Mas eu não queria. Pelo menos, não ela.

Respondi: “Ainda tô vendo quem eu vou escolher.”

Ela riu e disse com firmeza: "Essa noite… você é meu."

Depois voltou pro mesmo lugar onde estava, justamente ao lado da ruivinha. As duas ficaram conversando, e de vez em quando me lançavam olhares. A ruivinha sorria de canto, como se estivesse a par de algo.

Enquanto eu ainda estava ali, dividido entre a ruivinha e uma pretinha que também tinha me chamado a atenção, um dos funcionários do bar — um cara gay, simpático, cheio de trejeitos — se aproximou de mim e falou direto, sem rodeios:
"A Nara te quer."

Arqueei a sobrancelha, surpreso.
— “Tô sabendo."

Ele assentiu com um sorrisinho de canto:"Mas tem um preço."

"Quanto?" — perguntei, desconfiado.

“Setecentos. A hora." — ele disse.

Quase engasguei com minha cerveja: Setecentos!

Na hora, soltei um riso seco e balancei a cabeça. "Tá maluco? Não mesmo."

O atendente não se ofendeu. Deu um passo à frente, abaixou um pouco o tom e explicou, como quem entrega uma informação importante:

"Olha… a Nara está aqui há mais tempo que todas, então o que ela quer geralmente acontece. E hoje, ela te escolheu. E se ela te escolheu, esquece as outras. Nenhuma vai te atender."

Fiquei quieto por uns segundos, digerindo aquilo.

Mas Nara apareceu de novo, chegou perto, sorriu com firmeza e disse:

— "Prazer garantido. Se não gostar, eu devolvo seu dinheiro."

Ainda tentei argumentar:

"Não me leva a mal. É que tô de olho numa moça…"

Ela riu, meio impaciente, e soltou:
"Você pode estar de olho em quem quiser. Mas essa noite, quem tá de olho em você sou eu."

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela se aproximou mais uma vez. Olhou nos meus olhos com aquela expressão segura, mordeu os lábios e começou a alisar meu peito com uma calma que me incomodava, como se já soubesse que eu ia ceder.

"Eu sei que você pode pagar por esse serviço."

A voz dela era baixa, provocante.

"E sei que tá curioso."

Ela deu um passo pra trás, virou de leve o rosto e completou, quase sussurrando:

"Vou te esperar no quarto 7."

E então voltou até a ruivinha, cochichou algo no ouvido dela, e as duas me olharam — dessa vez com outra expressão, como se estivessem medindo minhas reações. Logo depois, Nara subiu as escadas.

Chamei o atendente novamente, insistente:

"E a ruiva? A gostosinha?"

Ele foi categórico:

"Não insista. Ou é Nara… ou você vai passar a noite aí, bebendo no bar, sem nenhuma gata."

Olhei o copo pela metade. Respirei fundo. O salão, que antes parecia cheio de opções, agora parecia ter afunilado tudo para uma única direção.

Levantei e fui.

Subi as escadas no final do corredor, o número dourado brilhava discreto sobre a porta escura: 7.

Caminhei lentamente por aquele corredor. A luz vermelha refletia nas paredes escuras, criando um clima de mistério e tensão. À medida que passava pelas portas, era possível ouvir gemidos abafados, sussurros, sons de prazer ecoando discretamente..

Quando alcancei a porta com o número 7, hesitei por um segundo antes de girar a maçaneta.

Ao abrir, dei de cara com Nara. Estava deitada sobre a cama, vestindo uma lingerie preta, elegante e provocante, como quem já tinha me esperado muitas outras vezes.

Entrei devagar e levei a mão até a porta para fechá-la, mas ela me interrompeu:

— "Não feche a porta."

A olhei, confuso, como quem pergunta o motivo sem palavras.

— "Apenas por motivos de segurança. Mas pode ficar tranquilo, ninguém entra aqui. Esse é o meu quarto. Nem as meninas, nem os clientes entram sem minha permissão. Quem tenta, é banido do lugar."

Havia firmeza na voz dela. Um aviso e um lembrete de que, ali dentro, as regras eram dela.

Ela se levantou lentamente, deixando a lingerie escorregar pelo corpo, sem pressa, como se cada gesto já fosse parte do serviço.

Caminhou até mim, com aquele jeito seguro, quase felino, e falou com suavidade: "Agora relaxa. Você precisa conhecer o meu serviço."

Eu já estava ali mesmo. Por um instante, me permiti um sorriso provocador e disparei: "Então me mostra o tal serviço de puta."

Ela colocou o dedo sobre meus lábios, com delicadeza, e me corrigiu, sorrindo de canto: "Acompanhante de luxo."

Aí, como eu já estava lá naquele quarto, resolvi responder de forma escrota. Afinal, eu tava pagando e ela não ia me tirar dali: "Tu é puta! Ganha pra dar a buceta, então não passa de uma puta. Você não me queria aqui? Então bora fazer o trabalho."

Cara, a mulher não perdeu tempo. Me olhou daquele jeito, sabe? Aquele olhar que já diz tudo. E antes que eu pudesse reagir, ela já estava deslizando pro chão, abrindo meu zíper como se fosse a coisa mais natural do mundo. Meu pau já tava latejando, e ela nem precisou de muito — só aquela boca carnuda dela envolvendo, sugando como se fosse a última coisa que ela ia fazer na vida.

Aí ela para do nada, olha pra mim com a boca toda molhada e pergunta: "Tá gostando?... Qual seu nome?"

Mano, eu só agarrei ela pelos cabelos e empurrei de volta pro meu pau.

"Pedro! Meu nome é Pedro. E tô gostando pra caralho..."

Não vou mentir, Nara me surpreendeu com o boquete foda que fez em mim — foi intenso, bem feito, daqueles que fazem a gente esquecer onde tá por uns segundos.

Só que, por mais que eu goste de chupar uma buceta, eu fiquei com um certo receio, tá ligado? Não sei... me bateu uma trava.

A real é que fiquei pensando: a mulher devia transar com vários caras por dia. Aí me deu um certo nojo... e eu decidi pular essa parte.

Me deitei na cama e logo mandei ela sentar na minha pica, e ainda disse pra ela me provar que o sexo valia 700 contos.

E a safada? Adorou. Virou o jogo na hora, sentou em mim e disse:

— "Então vamos fazer valer cada centavo, gato."

E foi ali que eu decidi que ela ia lembrar do meu nome até no dia seguinte. Peguei ela contra a parede, meti com tudo, dei tapa naquela bunda — a marca da minha mão ficou lá, viu? Ela gritou, arranhou… Renato, eu já tava metendo nela com tudo, ela gemendo, arreganhada, mas eu queria mais.

Cara, eu não sei o que essas putas têm, mas parece que nasceram com o dom de aguentar muita pica. Porque eu vou te falar... eu não tava facilitando pro lado dela não.

E como ela me escolheu, então eu pensei: beleza, vou usar. E foi o que eu fiz.

E mesmo levando pica, ela ainda soltava uns xingamentos... tipo "me arromba, seu desgraçado".

Eu só pensava: porra, essa mulher é feita de ferro.

Aí parei, segurei o rosto dela e soltei com um sorriso sacana:

— "Quero seu cú?"

A Nara entendeu na hora. Deu aquele sorrisinho de canto, mas balançou a cabeça:

— "Atrás, não rola. Não é o meu tipo de serviço."

Aí eu já mandei:
— "Que tipo de puta você é que não dá o cú? Então não vale o preço, não."

Mas a safada nem se abalou. Se ajeitou na cama, me olhou com aquela cara de quem tava no controle e soltou:

— "Me faz gozar, Pedro. Se conseguir me deixar fora de mim... quem sabe eu não te compenso de outro jeito?"

Rapaz, aquilo ali foi tipo um desafio. Eu sabia que ela estava jogando, mas não resisti. Peguei ela pela cintura, virei de quatro e meti com tudo, cada estocada calculada pra deixar ela maluca. Ela tentou disfarçar, mas os gemidos saíam mais altos, as unhas cravando no lençol… Meti muito naquela puta até que, porra, ela gozou gostoso, tremendo igual vara verde. Mas eu? Eu ainda estava lá, durasso, sem gozar.

Aí ela se levanta, toda sorridente, e fala:
— "Calma, eu disse que ia te recompensar, lembra?"

Pegou a lingerie, vestiu e ainda pediu o pagamento! Eu olhei pra ela e falei:
— "Tá maluca? O serviço foi bom, mas incompleto."

Ai ela disse: "Eu não brinco em serviço. Se eu prometi, eu cumpro. Bate uma aí que já volto."

Mano, eu fiquei lá, pau na mão, sem saber se esperava ou se vazava. Até que a porta abre de novo, ela entra e... Puta que Pariu… logo em seguida entra a ruiva gostosa que tava com ela antes!

Na hora, eu tentei cobrir meu pau com as roupas, que ainda tava meia bomba. As duas riram pra caralho, e a Nara solta: "Tá com vergonha da Naty?"

Eu me senti um otário. Mas aí a Nara me tranquilizou: "Fica não, Pedro. A Naty tá aqui pra te ajudar com o que eu não pude dar... né, Naty?"

E a Ruiva, com uma cara de puta safada, olha pra mim e diz: "Sim, mãe. Eu vou dar meu rabinho pra ele."

Renato, quando a Naty soltou aquele "Sim, mãe", eu quase engasguei. Meu pau já tava quase voltando à vida, mas aí essa porra dessa palavra me deixou travado entre o choque e o tesão doido.

Eu olhei pra Nara e joguei: "Como assim mãe? Mãe biológica ou adotada? Ou esse é um jeito que vocês chamam a chefe de vocês na noite? Porque, eu nem sei o que pensar agora."

A Nara só deu um sorriso misterioso, desses que não explica porra nenhuma, e falou: "Somos mãe e filha... agora tá entendendo o porquê do nosso serviço ser diferenciado?"

Cara! Meu cérebro deu tilt. Por um lado, o tabu ali me deixou com o sangue todo derretido, indo pra onde você já sabe. Por outro, eu tava tipo "Que porra é essa? Isso é real?" Mas a Nara só completou: "Relaxa. Aqui a gente entrega o que promete."

Ai, pra ajudar, a Naty se virou de costa, rebolou, perguntou com uma carinha de putinha: "Vai querer ou não meu cuzinho?"

Sem pensar, respondi: "Claro, Naty! O papai vai querer fuder você igual fudeu sua mamãe. Só que com você vou meter na bucetinha, na boquinha e no cuzinho."

E aí, rapaz... elas trocaram aquele olhar. Aquele olhar, sabe? Como se tivessem combinado algo. Nara sorriu de canto, a Naty mordeu o lábio e ainda deu uma risadinha baixa. Mas eu? Eu tava com o pau latejando de vontade de meter naquela novinha, então ignorei aquele lance e só pensei: "Foda-se, o importante é que vou fuder essa ruiva agora."

A Nara veio até a mim e estendeu a mão: "Agora, a grana."

Eu levantei correndo. Eu não podia deixar de fuder aquela novinha, peguei a calça e a carteira e falei:
— "Só tenho cartão, não ando com muito dinheiro."

Elas nem se abalaram. Depois de ver que realmente não tinha dinheiro em espécie, a Nara falou só falou: "Não tem problema, vou buscar a maquininha."

A Nara saiu pra buscar a máquina, e eu fiquei lá, sentado na cama, com a Naty me olhando daquele jeito safado. Aí, naquela tensão gostosa, eu soltei: "Qual tua idade, menina?"

"19", ela respondeu, toda natural. Mas eu, sendo eu, fui além: "Tão nova e já nessa vida?"

A Naty deu uma risadinha, como se já tivesse ouvido aquilo mil vezes, e cortou: "Moço... Pedro, né? Tô aqui porque gosto. Cresci nesse ambiente. Agora chega de perguntas."

Nesse momento, a Nara voltou com a máquina de cartão. Eu inseri o cartão, vi os 700 conto lá na tela e olhei pra Naty, firme: "Quero serviço de qualidade, viu?"

Ela só sorriu, maliciosa, enquanto o "Aprovado" aparecia e a via saía. A Nara, satisfeita, deu o aval final: "Muito bem... muito bem... Naty, trate Pedro bem. Faça TUDO que ele pedir."

A Nara começou a sair, mas antes de fechar a porta, recomendou: "Não tranca, tá?" – e ainda piscou pra mim, sacana: "Use e abuse do rabinho da minha filha… ela ama."

Quando a porta fechou, fiquei sem saber o que dizer. A Naty me encarando, aquele rabo empinado, os olhos cheios de malícia... Então eu só mandei o papo reto: "Bora, Naty. O tempo nessa situação custa caro. Mostra o que sabe, já que cresceu nesse lugar."

E a safada? Nem hesitou. Caiu de joelhos entre minhas pernas, aquela boquinha vermelha já se aproximando do meu pau enquanto ela murmurava: "Deixa eu provar seu caralho."

Porra, Renato. Ela chupava com uma mistura de fome e técnica – lambia a cabeça, sugava o comprimento todo, engolia fundo como se tivesse nascido pra isso. Eu segurei os cabelos dela só pra guiar, mas nem precisava… a putinha estava no controle. Não ficava um centímetro atrás da mãe.

Mas depois de muito me chupar, do nada ela pediu pra apagar a luz. Disse que era condição dela, que ficaria mais à vontade e ficava com vergonha.

Falei que ela não precisava ter vergonha, que era linda, e por ser linda queria comer ela na claridade. Mas ela hesitou. Insistiu que preferia assim, no escuro. Eu a respeitei.

Falei: "Beleza." Levantei, apaguei, abri a porta pra ver se a Nara tava espiando... Nada. Tranquei e arranquei a chave. Ela nem viu.

No escuro, a boca dela tava absurda. Sugando, lambendo, eu já tava quase perdendo a cabeça. Aí eu soltei: "Vou chupar essa bucetinha agora."

Ela travou. "Calma... daqui a pouco..." Chupo mais um tempo e se esquivou quando pedi novamente.

Porra, achei estranho. Peguei a chave, acendi a luz e ela ainda tava de calcinha tipo shortinho, cobrindo tudo. Explodi:

"Era pra estar gostoso! Tô pagando e você fazendo cu doce? Foda-se a sua insegurança! Vai ser com luz acesa, e do jeito que EU quiser!"

Ela tentou falar, mas eu alterei a voz: "FICA DE QUATRO E MOSTRA ESSA BUNDA!"

A Naty ficou pálida, relutou, mas eu disse que estava perdendo a paciência, e ela obedeceu.

Quando ela se virou, puxei a calcinha um pouco pra baixo, alisei aquele rabo lisinho, ela rebolou, beijei a bundinha, brinquei um pouco com aquele cuzinho, até fui tentar abaixar a calcinha dela até as coxas e... minha mão escorregou mais pra baixo e... caralho.

Tinha algo ali que não devia estar ali. Tá sacando?

Ela deu um pulo, apavorada. Eu gritei: "QUE MERDA E ESSA? TIRA ESSA PORRA DA CALCINHA AGORA!"

Ela correu pra porta, assustada, tentando abrir... mas a chave estava comigo.

Estendi a chave na palma da mão, aço batizado em suor.

"Trancado. Nem pensa em gritar. Senão, vai ser pior."**

Aí ela virou, os olhos cheios de lágrima, e eu vi. Vi que a Naty... não era exatamente quem eu pensava.

Era trans, mano.

Quando vi aquilo, fiquei paralisado. A Naty encolhida no canto, tremendo, os olhos arregalados como um animal acuado. Aquele corpo lindo, aquele rostinho de anjo... mas com um detalhe que mudava tudo. Uma onda de raiva e tesão doido me atravessou.

"Você... você é um cara?" gritei, ainda tentando processar.

Ela balançou a cabeça, os lábios tremendo. "Não... eu sou mulher. Só nasci diferente. Por favor..."

Na hora que caiu a ficha, meu primeiro pensamento foi: 'Me fudi. Me passaram pra trás.'

Peguei ela pelo braço e encostei na parede. A raiva era tanta que quase nem sentia mais tesão. Só queria respostas. "Me explica, porra!", encurralei ela, segurando firme. "O que mais é mentira aqui? Esses cabelos? Esses peitos? Até seu nome é fake?"

Ela tremia que nem vara verde, mas respondeu baixinho: "Os cabelos são meus... os peitos cresceram por causa dos hormônios que eu tomo. E meu nome social é Nataly mesmo, juro."

Fiquei gelado. Alguns segundos de silêncio enquanto digeria aquilo. Aí explodi: "Nataly é o caralho! Você é um viado!"

Ela deu um passo pra trás, mãos pra cima, nervosa. "Por favor… se quiser sair, saia, eu te devolvo o dinheiro, tá bom? Mas não me machuca..."

A voz dela tremia. Começou a chorar: "Por favor, não me machuca..."

"Não adianta chorar não!", gritei, apertando ela contra a parede. "Sua mãe, aquela puta, me passou pra trás bonito! Me fez de otário!"

Quando ela tentou falar, cortei: "Cala a boca! Ela sabia exatamente o que estava fazendo quando te mandou pra cá. Me vendeu uma puta e entregou um viado!"

Por um instante, pensei nos meus amigos lá fora. Será que algum sabia e estava rindo de mim? Mas aí lembrei que cada um tava ocupado com suas putas... e, pra ser sincero, lembrei que eu já tinha te comido antes. Aí pensei: Por que não?

A Naty tava lá, encolhida, chorando baixinho, cobrindo o pau com as mãos. E eu? Com ódio, mas com o pau latejando de tesão mesmo assim. Foda-se, já tava pago.

Fiquei uns dez segundos calado, até que soltei: "Então é assim que sua mãe compensa o cliente?"

Cheguei mais perto. Não sei o que deu em mim, mas depois de tudo que ela e a mãe fizeram, senti que precisava fazer alguma coisa.

Olhei fundo nos olhos dela e falei: "Lamento, mas depois de tudo, eu sou obrigado a fazer uma coisa."

Ela ficou sem reação, só pediu: "Por favor, não me machuca."

Aí eu soltei aquele sorriso que você conhece, Renato. "Machucar não vou... mas você vai levar muita surra de pica e uns tapas. Agora para de chorar. Engole esse choro e tira a mão desse pau."

Pedi pra ela tirar a calcinha. Ela obedeceu, devagar... e puta que pariu, mano. Ela tinha um pau micro, que parecia de bebê. "Realmente, você nasceu pra ganhar a vida dando o cu mesmo... Agora dá uma voltinha", mandei.

Ela girou, tímida, mas aí... porra, eu olhei pra ela de novo. Aquele rabo, aquela boca, os peitinhos... E meu pau? Ainda durasso.

No fim, vendo que eu estava daquele jeito, a Naty me perguntou: "E aí... vai querer continuar?"

Aí eu encarei ela e respondi: "Só se for agora com a luz acesa e porta trancada.”

"Agora você vai me mostrar exatamente o que eu paguei", gritei, segurando minha pica dura. "Vem pro papai..."

Naty hesitou, os olhos cheios de dúvida. "Você... você não vai me machucar?"

Para provar meu ponto, joguei a chave na mesa perto da cama. "Para de frescura. Se eu quisesse te socar, já teria feito." Minha voz era áspera, mas havia algo mais ali - uma curiosidade por aquele corpo que me enganara tão bem.

Ela respirou fundo e veio. Quando seus lábios quentes sussurraram no meu ouvido - "Deixa eu provar que sou melhor que qualquer mulher daqui" - o tesão dobrou, e eu fiquei aceso.

"Acho bom que seja", respondi, me recostando na cabeceira. "Porque você tá me custando caro, puta. Não aceito menos que isso."

Enquanto ela descia pelo meu corpo, Renato, algo mudou. Na minha cabeça já não havia um travesti - só uma mulher, toda sensualidade e desejo. Mas eu não ia deixar ela esquecer quem mandava.

Naty respirou fundo, e então, devagar, começou a rastejar em minha direção. Seus olhos estavam fixos no meu pau, mas suas mãos subiram primeiro pelo meu peito peludo, os dedos deslizando entre os tufos escuros.

— "Eu amo homens peludos como você" — ela murmurou, antes de lamber os lábios e descer.

Quando sua boca quente envolveu a cabeça do meu pau, eu soltei um grunhido. Ela não tinha pressa — lambia devagar, sugando com a ponta da língua, depois afundando até engolir metade. Uma das mãos dela massageava minhas bolas enquanto a outra continuava a percorrer meu peito, os dedos brincando com os pelos.

"Caralho..." eu rosnava, segurando seus cabelos. "Você sabe mesmo o que tá fazendo, não é?"

Ela me olhou de baixo para cima, os olhos marejados de prazer — e de vitória. Estava me comendo com os olhos enquanto me comia com a boca.

"Não só sei isso … como sei que você gostando" ela sussurrou, antes de engolir meu pau todo de uma vez, até eu sentir a garganta dela se abrindo.

Eu arquei as costas, os músculos do abdômen contraindo.

"Porra, vadia... assim mesmo."

Ela não parou. Chupou com uma vontade, como se quisesse provar algo — como se quisesse me fazer esquecer que, minutos antes, eu queria sair daquele quarto. E, puta merda, estava funcionando.

Quando senti que ia gozar, puxei seus cabelos para trás, tirando meu pau daquela boca molhada.

Chega de frescura, vadia", grunhi, arrancando Naty do boquete pela nuca e jogando-a de quatro na cama com um tapa que deixou a marca da minha mão naquela bunda branca. Aquele cu rosado brilhava sob a luz, convidativo. Enfiei dois dedos sem cerimônia e senti - macio, quente, quase como uma buceta de verdade.

"Já deu pra muito macho, né? Tão macio que parece até buceta", cuspi, torcendo os dedos lá dentro enquanto ela gemia. "Mas hoje você vai aprender que não se brinca com Macho"

Naty gritou quando enfiei os dedos até o talo, mas seu pauzinho mole pulou entre as pernas - essa puta trans estava gostando.

"Guarda esses gemidos pra quando eu tiver te arrombando de verdade", avisei, antes de empurrá-la de bruços na cama e cair de boca naquele rabo.

Era irônico. Poucas horas antes, eu recusei chupar a mãe dela. Agora, ali, minha língua trabalhava naquele cu.

Quando senti que ela estava molhada o suficiente, nem pensei em pedir licença. Apanhei meus quadris e enterrei meu pau de uma só vez, arrancando um grito dela que ecoou pelo quarto.

Mas a surpresa veio depois.

Ao invés de pedir para parar, a vadia empinou mais ainda.

"Isso... assim mesmo!"

Eu ri, sarcástico, enquanto aumentava o ritmo.

"Gosta, né? Tá tomando no cu feito uma puta e ainda pede mais."

Meti ela em todas as posições que consegui imaginar. De quatro, de bruços, com as pernas sobre meus ombros. Cada gemido dela só me deixava com mais raiva – e com mais tesão.

Quando ela subiu em cima de mim, cavalgando enquanto me olhava nos olhos, quase perdi o controle de novo.

"Mais...", ela suplicou.

Eu dei.

Mas não por bondade.

Porque queria ver até onde ela aguentava.

Foi quando a porta quase saltou da dobradiça.

"ABRE ESSA PORTA, NATY! SE NÃO ABRIR, CHAMO OS SEGURANÇAS!"

A voz de Nara.

Eu não parei. Segurei Naty pelo pescoço e sussurrei no seu ouvido, entre uma estocada e outra:

"Quer abrir? Ou prefere continuar levando rola como a vadia que é?"

Ela balançou a cabeça, negando.

"Então fala pra ela."

Naty engoliu seco, mas obedeceu:

"MÃE... TÔ BEEEM! PODE FICAR TRANQUILA!"

Nara hesitou.

"TEM CERTEZA NATY?"

Eu ri e meti com mais força, fazendo Naty gritar:

"MÃE... EU TÔ... TÔ... AHNNN! TÔ ÓTIMA! VAI EMBORA!"

Silêncio. Depois, passos se afastando.

Mas eu não tinha terminado.

"Manda ela trazer uma cerveja. Tô com a garganta seca de tanto meter", ordenei.

Naty, entre gemidos, obedeceu:

"Mãe! Tr-tra-z duas... cervejas... geladas!"

A resposta veio em um berro:

"O QUÊ? Agora eu sou garçonete de puta? Vão se foder!"

Mas, uns minutos depois, lá estava Nara batendo na porta com as garrafas.

Quando abri, ainda pelado e pingando, ela não conseguiu disfarçar o olhar. Primeiro no meu corpo. Depois, no meu pau.

"Então tá agora... se acabando no rabo da minha 'filhinha’", ela disse, com a voz de satisfação, como se tivesse orgulhosa da filha.

Eu dei um gole e soltei:

"Não é 'se acabando'... é dando a surra de pica que ela merece. Já meti em você, agora tô fudendo a Naty."

Naty gritou, ofegante:

"MÃE... VAI EMBORA! JÁ TÁ ATRAPALHANDO!"

Joguei a outra garrafa pra ela na cama.

"Toma. Você vai precisar... porque agora vou fazer você gemer TANTO que até sua mãe lá fora vai ficar molhada."

Fechei a porta na cara de Nara, voltei pra cama e agarrei Naty por trás.

"E você vai beber cada gota do que eu tenho pra dar."

Ela mordeu os lábios e eu não precisei de mais convite.

Empurrei suas pernas para trás com um joelho, expondo aquele cu já todo marcado das estocadas anteriores. Quando enfiei meu pau de uma vez, o grito que saiu da garganta dela não era de dor - era de prazer puro, daqueles que faz tremer a espinha. Ela arqueou as costas, como se quisesse cada centímetro dentro dela.

E eu fodi. Sem pena. Sem dó.

Cada socada era uma afirmação do que eu era. Cada tapa naquela bunda vermelha, um lembrete de que ela podia ser a puta daquele lugar mas era eu quem mandava ali.

— "Tá gostando, sua puta?" — gritei, segurando seus pulsos contra o colchão.

Ela não respondeu com palavras.
Me deu gemidos roucos, o corpo tremendo, as unhas cravadas na minha pele como garras.

Parei de repente. Sentei na beirada da cama, o suor escorrendo pelo peito.
"Senta. E senta com vontade."

Naty obedeceu na hora. De frente pra mim, aquela bunda quente encaixando no meu pau como se tivesse sido feita pra isso.

Quando ela colocou as mãos nos meus ombros, nossos olhos se encontraram.

Eu não sorri.

Mas ela... puta merda. A cara dela delirando na minha pica me deixou doido.

Foi quando pediu o que eu menos esperava: "Me beija..."

Fiquei paralisado por um segundo. Então agarrei seu queixo com força.

Nossas bocas se encontraram num beijo que era mais guerra do que carícia. Meus dentes esmagaram seus lábios, minha língua invadiu sua boca como se fosse tomar posse. Ela gemeu, as mãos agarrando meu cabelo – e eu retribuí o favor, puxando seus fios com força até sua cabeça inclinar para trás.

Aproximei meus lábios do seu ouvido, a respiração quente contra sua pele enquanto murmurava:
"Pronto! Agora você não pode falar que não teve amor nessa foda."

Ela riu, ofegante, o corpo tremendo contra o meu. Mas eu não dei tempo para resposta.

Meu pau entrou de uma vez, arrancando um grito que ecoou pelas paredes do quarto.

Ela ficou mais quente, com mais fogo no rabo do que antes.

"Me pega no colo" — ela gemeu no meu ouvido.

Ergui aquela vadia como se fosse de papel. A parede tomou o impacto quando a joguei contra ela, meu pau entrando até o talo enquanto suas unhas arranhavam minhas costas, meti muito até sentir minha pernas tremerem.

Depois, deitei e deixei ela cavalgar. Sentando. Rebolando. Fazendo aquela bunda bater na minha cintura com um estalo úmido que ecoava no quarto.

Quando senti o calor subindo, puxei pra fora num movimento brusco e agarrei sua nuca.
"Abre a boca."

Ela obedeceu na hora, os olhos vidrados no meu pau pulsando.

Gozei direto naquela língua de puta, jatos grossos escorrendo pelos lábios dela, pingando no queixo.
"Engole. Tudo."

Ela não hesitou. Bebeu cada gota como uma profissional, limpando a cabeça do meu pau com a língua depois.

"Agora sim" — respirei fundo, pegando minha cerveja. — "Agora valeu cada centavo."

Naty sorriu ao se levantar, os movimentos ágeis de quem estava acostumada.
"Obrigada... Você é muito gostoso.

Quando ela virou pra se vestir, eu a agarrei pelo pulso.**
"Calma... Ainda tenho perguntas."

Ela suspirou, mas o sorriso não saiu do rosto:
"Outra hora, amor. Tenho compromissos."

Eu sentei na beira da cama. Passei as mãos no rosto, respirei fundo e encarei Naty, que estava em pé, vestindo a lingerie com aquela calma que só as putas profissionais têm.

— "Por que vocês me enganaram?" — minha voz saiu indignada e confusa. — "Por que logo eu?"

Naty soltou uma risada curta, sem humor, e virou-se pra mim com um olhar que parecia capaz de atravessar aço.

"Enganar?" — Ela ergueu uma sobrancelha perfeita. — "Enganar seria se a gente tivesse feito algo contra sua vontade. Mas você gozou, não foi?"

Ela se aproximou devagar, os olhos nunca deixando os meus.

"O que vou te contar eu não costumo revelar pra ninguém..." — Seus lábios se curvaram num meio sorriso. — "Mas como você me deu uma noite gostosa, vou abrir uma exceção."

Eu não disse nada. Só fiquei ali, ouvindo, tentando entender a merda toda.

"Você acha que tudo aqui acontece por acaso?" — Ela deu uma risadinha. — "Não, amor... é um plano. Simples, mas bem montado. A gente tem um esquema pra cada tipo de cliente."

Naty começou a andar pelo quarto, se arrumando.

"Primeiro, eu observo. Fico ali em cima, na sacada, ou perto do bar. Escolho com calma." — Ela fez uma pausa dramática. — "Tem que ser alguém que me atraia, mas principalmente alguém que pareça ter dinheiro. O jeito de andar, a roupa, o relógio, o papo... eu percebo tudo. Quando escolho, nenhuma menina da casa pode se aproximar. É a regra. Depois disso, minha mãe entra em ação. Ela é minha isca perfeita."

Eu senti raiva enquanto ela continuava:

"Ela se aproxima, puxa conversa, se insinua... e vocês sempre mordem a isca. Sempre. Vocês sobem, transam, e logo depois ela inventa uma desculpa pra sair. Diz que esqueceu algo, que vai ao banheiro, qualquer coisa... e aí eu entro."

Ela deu um passou o batom nos lábios.

"No escuro, com o álcool, muitos nem percebem a troca. Outros, como você, percebem que eu sou trans e... ainda assim continuam."

Ela passou e admitiu:

"Tem os que surtam, claro. Mas a gente já aprendeu a lidar com isso. Os seguranças entram na jogada."

“Não seria melhor me abordar antes e falar a verdade, pelo menos correria menos riscos?" eu perguntei.

Ela soltou um riso curto, amargo.

"Seja sincero, Pedro!" Seu olhar me perfurou. "Você sabendo que eu era trans, subiria comigo? Transaria comigo?"

O silêncio pesou. Eu abri a boca, fechei.

Naty sorriu, mas era um sorriso que não chegava aos olhos.

"Não precisa dizer mais nada." Ela se levantou, ajustando sua calça. "Seu silêncio diz tudo."

Eu ri sem graça. E tentei voltar o assunto de antes.

"E sua mãe? Quanto ela tira nessa brincadeira?"

Naty veio até a mim, pude sentir o perfume doce

"Mamãe ganha 25% em cima de cada programa que fazemos juntas."

Tentei alertar: “Mas você sabe corre mais riscos por ser assim.”

Naty se aproximou novamente, desta vez com um tom mais sério.

"Sim, mas pra tudo dar certo, tem uma galera envolvida."

Naty prendeu o cabelo e sorriu, como se saisse vitoriosa.

"O dono da casa aprova tudo, claro. Ele ganha com a diária do quarto e o consumo no bar, além de ter uma pequena porcentagem em cima de nossos programas." Ela contou nos dedos: "O barman ganha gorjeta e uma grana extra quando ajuda no esquema.

Naty cruzou os braços, os olhos faiscando de raiva contida:

"Os seguranças aqui são todos polícia, sabia? Dois ficam de plantão todo dia, e têm uma lista de uns oito que se revezam. Sem contar os que aparecem de última hora, quando algum falta." Ela soltou uma risada amarga. "E esses filhos da puta acham que o salário não é o suficiente — quase sempre um deles escolhe uma garota pra transar. Como se fosse direito do cargo."

Seus dedos tamborilaram na mesa, tensos.

"Nessas horas dou graças a Deus por ser trans porque eles nunca me escolhem. Se as garotas recusam, é problema. Não sobem pra socorrer quando a gente está em apuros. Não é ameaça, é garantia. Eles sabem que a gente precisa deles."

Olhou pra mim séria:

— "O delegado não só sabe como também ganha com isso. Não sei quanto, mas sai direto do bolso do dono. É o que mantém a casa funcionando."

Quando me dei conta da magnitude daquele esquema, fiquei paralisado. Naty percebeu meu choque e completou, num tom mais baixo:

— "Já vi de tudo aqui. Teve vez que as meninas tiveram que sair pra atender gente poderosa... políticos que não podiam ser vistos em lugar assim." Ela fez uma pausa repentina, olhando pro relógio. "Bom, já falei demais.”

Ela ajustou o cabelo e passou batom, mas antes de sair parou na porta e me disse:

— "Agora eu preciso ir mesmo", disse, mas voltou e colocou um cartão na minha mão. Suas unhas vermelhas arranharam minha palma de propósito. "Você pode virar cliente VIP." Antes de desaparecer pela porta.

Desci as escadas devagar. No bar vi que dois de meus amigos ainda lá, cada um com uma garota diferente - o Lucas com uma no colo, o Marco acariciando os cabelos de uma morena que fingia interesse na conversa dele.

Sinalizei que ia embora.
Quando cheguei no balcão pra pagar as cervejas, era ele quem estava lá - aquele bicha que tinha me abordado antes, falando sobre a Nara. O cara me passou o valor da conta com aquele sorriso de quem sabe demais.

— "E aí, gostou?" ele perguntou, os dedos afetados batendo no balcão.

— "Sim, porra!" eu respondi, jogando as notas em cima do mármore manchado de bebida. "Depois pergunta pra elas o que eu fiz com as duas..."

O viado arregalou os olhos.

— "Arregacei o cu da Naty", completei, pegando meu troco. "Quem sabe o seu não é o próximo." Dei uma olhada pra baixo, encarando ele. "Afinal, todo mundo aqui tem um preço, não é mesmo?"

O arrombado riu, mas foi um riso seco, sem graça. Peguei minhas coisas e vazei, sentindo o olhar dele nas minhas costas.

—----

Quando Pedro finalizou o relato eu ainda estava ali processando todas aquelas informações.

— Renato, Eu precisava contar pra alguém. Precisava ver a cara de alguém quando eu explicasse o esquema todo. Precisava que alguém me dissesse que eu tinha sido o maior otário da história, ou o maior sortudo, ou os dois ao mesmo tempo. Daí o motivo pelo qual está aqui.

Pedro ficou me encarando, aquele olhar desafiador esperando minha reação. A cerveja já estava ficando morna na minha mão.

— E aí? Depois de tudo que ouviu, o que você acha? Fui sortudo ou azarado?

— Olha Pedro, nessa história toda..." Balancei o copo vazio na mesa, encarando ele. "Quem tem que dizer se foi sortudo ou azarado é você. E só você.

Ele ficou quieto por um tempo que pareceu eterno, os dedos desenhando círculos na garrafa suada de cerveja.

Quando finalmente falou, a voz dele veio diferente - mais pensativa do que eu já tinha ouvido.

— Cara… Se for pra ser sincero mesmo? Foi as duas coisas.

Pedro se inclinou para frente, os cotovelos na mesa manchada de bebida.

— Sortudo porque… — Um sorriso meio torto apareceu. — Puta que pariu, Renato, comi mãe e filha na mesma noite! Quantos caras podem dizer isso?

Ele deu uma golada na cerveja nova que chegou, limpando a boca com o dorso da mão antes de continuar:

— Mas azarado também, porque teve o lance de me sentir enganado, da Naty ser trans, claro. Mas no calor do momento, quando você tá lá, com a mina gostosa na tua frente… Acho que foi sorte sim. Do tipo louca, fudida, que te deixa com a cabeça girando... mas não deixa de ser sorte.

Girei o copo na mesa, sentindo o suor condensado escorrer pelos dedos.

— Cara, pra ser sincero… — Respirei fundo. — Nunca imaginei você nesse tipo de situação. Um cara como você, bonitão que sempre arruma mulher fácil, pagando por sexo? Não faz teu estilo."

Vi o desconforto nos olhos dele.

— E essa Naty… — continuei — não dava nenhum sinal? Nada no jeito, na voz?"

Pedro deu uma risada forçada, os dedos tamborilando na garrafa.

— Renato, se eu suspeitasse, nem teria me interessado. Mas juro, ela é mais feminina que muita mina por aí - voz doce, corpo perfeito, tudo no lugar certo.

— E mesmo depois que descobriu continuou.

Ele ergueu as mãos como quem se rende.

— Olha, vou te dizer uma coisa: você foi corajoso, mas o que importa é que curtiu a parada. — Tomei um gole antes de encará-lo. — Você teve a uma oportunidade de sair quando ela com medo ofereceu devolver seu dinheiro. Era sua chance de sair limpo."

Pedro soltou aquela risada dele, meio sem graça.

— Cara, você sabe como é... tem hora que o homem não pensa com a cabeça de cima. Pensa com a cabeça do pau. Foi exatamente o que rolou.

Ele tomou outro gole, mais longo dessa vez.

— Quando vi aquela ruiva gostosa, a adrenalina da descoberta... meu sangue foi todo pra outra cabeça, entende?

— É isso que me surpreende. — Apertei o copo entre as mãos. — Você sempre foi o sensato, o que mantém o controle. Nunca imaginei você se deixando levar assim.

Pedro esfregou a barba por fazer, o sorriso voltando aos poucos.

— Mas eu sou sensato, porra! Só que... tem hora que a lógica dá lugar ao tesão, saca? — Ele inclinou-se pra frente. — Até os mais controlados têm seu momento de loucura - a diferença é que os inteligentes, como eu, sabem exatamente até onde podem ir.

Foi quando ele abriu a carteira e me mostrou o cartão preto com letras douradas que brilhou sob a luz do bar:

NATY HOT
Sedução, Tesão e prazer.
[Telefone]

— Pelo menos bom gosto ela tem. — Admiti.

Não pude evitar o comentário.

— Guarda isso aí, patrão. Vai que quer uma 'refeição completa' de novo..."

Pedro riu, guardando o cartão.

— "Sei lá, cara!"

— Pedro…— Fui sincero. — Só o fato de você ter guardado esse cartão já explica muita coisa.

Brinquei, tentando aliviar o clima:

— Só te dou um conselho - para de andar com esse Rubens. O cara não é boa companhia.

Ele brindou comigo, a gargalhada finalmente genuína.

— Pode crer, vou repensar minhas amizades. — O copo dele tilintou contra o meu. — Pelo menos rendeu uma boa história, né? Mas fica entre nós, ok?

Fiz o gesto de zíper nos lábios, ainda tentando processar tudo.

Depois de despejar tudo, notei como Pedro parecia mais leve. Como se tivesse tirado um peso das costas ao compartilhar aquela história comigo. Ficamos mais uma hora no bar, falando de tudo e de nada. A conversa fluiu fácil, como sempre acontecia entre a gente.

Quando dei uma olhada no relógio, vi que já estava tarde.
— Melhor irmos embora, né? Amanhã tem trabalho — comentei, alongando as costas.

Pedro concordou e fez questão de pagar a conta:
— Essa é minha por minha conta. Você já fez muito em me ouvir hoje.

Durante o caminho, enquanto Pedro dirigia, me virei pra ele:
— Valeu por compartilhar isso comigo, por confiar em mim.

Pedro deu uma risada enquanto dirigia:
— Quem tem que agradecer sou eu, por ter topado sair hoje. — Ele ligou o carro e olhou pra mim, sério por um segundo. — Você é um dos poucos que realmente confio, sabe? Pô cara! Não tem como não confiar… Você já comeu o cu do meu filho e eu o seu! "

O silêncio que seguiu foi pesado. Pedro ficou com aquela cara de quem sabia que tinha passado do ponto.

— Ah, merda, desculpa aí… — ele começou, mas eu já estava rindo.

— Não, não... você tem razão — respondi, levantando as mãos. — É a pura verdade.

A tensão se quebrou e ambos demos risada, mesmo que um pouco forçada. Até que ele estacionou em frente da minha casa, e eu me despedi dele.

Quando o sábado chegou, eu já estava uma pilha de ansiedade. Afinal, tinha um encontro marcado — e não era com qualquer um. Era com o Thiagão.

Me esforcei pra não mandar mensagem antes da hora. Não queria parecer desesperado por pica... embora, honestamente, eu já estivesse virando um. Fazia tempo que eu não transava, a seca estava braba, e eu contava as horas pra uma foda de verdade. E tudo indicava que o Thiagão não ia decepcionar.

No trabalho, o dia correu tranquilo. Pedro, como sempre, manteve a pose de chefe sério. Nem parecia que tinha me confidenciado aquelas paradas todas na noite anterior. Passou pela minha mesa pra fazer as checagens de rotina, todo formal, como se nada tivesse rolado.

Mais tarde, Luana apareceu.

— Pedro tá te chamando na sala dele.

Achei estranho. Perguntei se ela sabia o motivo, mas ela negou.

Entrei na sala, e ele me apontou a cadeira à frente da mesa.

— Pronto pra outra conversa igual à de ontem? — ele disse, rindo.

Ri também, sacando o tom de deboche.

— Desde que não fale da Naty… já ouvi esse nome a noite inteira, não aguento mais.

Ele soltou uma risada meio surpresa, como se não esperasse que eu trouxesse o nome dela de novo.

— Vai ficar jogando na cara?

— Sempre bom ter uma carta na manga — provoquei.

— Eu vou lembrar disso, seu Zé ruela! — respondeu ele, gargalhando.

Foi aí que Pedro disse o verdadeiro motivo de me chamar ali.

Estava pensando em tirar uns dias de férias. E, se realmente decidisse ir, queria que eu cobrisse ele na empresa.

— Tudo bem, o que você decidir tá decidido — respondi, ainda num tom brincalhão. — Mas confesso que tô chocado com o efeito que a Naty teve em você.

— Sacana! Tô falando sério — ele rebateu, rindo.

Aproveitei pra deixar claro:

— Você sabe que pode contar comigo. Só me avisa quando se decidir.

Lógico que eu sabia a hora e o lugar de brincar com o Pedro. Nunca seria invasivo ou desagradável falando da nossa conversa na frente de outras pessoas. Entre a zoeira e o respeito, eu sempre soube transitar.

Antes que eu saísse da sala, ele me chamou de novo.

— Fiquei pensando lá em casa sobre o que a gente conversou ontem… — disse ele, coçando a nuca, meio sem jeito. — Se um dia você precisar de um lugar pra... né? Pra dar uma. Pode falar comigo que eu empresto a chave. Sei que agora, morando com seus pais, deve ser complicado arrumar um canto.

Aquilo me pegou de surpresa. A oferta era sincera. E eu senti ali, mais uma vez, que ele estava mesmo tentando criar um tipo de confiança entre nós, além das brincadeiras e das confissões de bar.

— Pedro… nem busquei transa nesse tempo — falei, honesto. — Mas se um dia eu realmente precisar... não vou recusar. Mas só em último caso mesmo. Porque se seu filho pegar alguma coisa estranha, vai dar problema pra gente.

Ele deu de ombros, rindo, como quem não estava nem aí.

— Relaxa — disse ele. — Só tô deixando claro.

— Vou voltar a trabalhar antes que comece a parecer que tô puxando o saco do chefe — brinquei.

Saí da sala ainda digerindo a proposta. Não era só sobre sexo ou lugar. Era sobre confiança, cumplicidade — e talvez um pouco de solidão disfarçada no Pedro também.

Quando deu 14h, pedi um Uber e fui direto pra casa. Precisava estar pronto pra noite… em todos os sentidos.

Cheguei em casa, pulei o almoço e fiz só um lanche leve. Subi direto pro meu quarto e comecei minha sessão de beleza. Passei a tarde inteira me cuidando: cabelo, pele, tirando uns pelinhos aqui e ali… o famoso ritual da autoestima. Queria estar impecável pra noite que me esperava.

No meio do processo, peguei o celular e vi que Anderson tinha mandado mensagem. Ele ainda queria saber se dei uma sondada com Felipe a respeito de Manuel e, como resposta, enviei simz que eu tinha perguntado pro Felipe, e ele confirmou que não ficou com o Manuel naquela noite.

Na sequência, questionei:

— Por que essa curiosidade toda?

Anderson respondeu que só queria confirmar, que não esperava aquilo. Ri sozinho e mandei:

— Ah, Naldo e Manuel… deles eu já espero de tudo.

A tarde foi passando e a ansiedade só aumentava. Desci um pouco pra respirar e conversar com meus pais. Eles me lembraram que meu irmão chegaria no domingo e que íamos recebê-lo na casa nova. Minha mãe já tinha tudo em mente: encomendou salgados, ia ter bebidas e até uma “jantinha básica”. Os pais da Letícia, claro, tinham topado a maluquice.

Logo depois, anunciei:

— Vou sair hoje a noite..

Minha mãe, como sempre, quis saber com quem e pra onde eu ia. Meu pai já rebateu na hora, dizendo que era invasão de privacidade.

— Embora seja mesmo… — eu disse — vou sair com um amigo.

Eles se entreolharam. Meu pai finalizou:

— Sai mesmo! Aproveita a juventude.

Subi as escadas ouvindo ele dizer pra minha mãe:

— O menino dá satisfação se quiser dar. Já tá crescido! Depois ele sai dessa casa por causa das suas armações e você fica reclamando pelos cantos.

Dei uma risada discreta. Meu pai não era de dar esporros, mas quando dava, era direto ao ponto.

Voltei pro quarto, peguei a toalha e fui tomar banho. A expectativa estava lá no alto. Mas uma coisa me incomodava: Thiagão não tinha mandado mensagem, nem ligado. E aquilo, querendo ou não, começava a me trazer dúvidas. Ainda assim, fui fazer minha higiene, inclusive anal. Se ele desistisse, pelo menos avisaria, eu pensava.

Enquanto me arrumava, o celular finalmente tocou. Era ele.

— Renato? Tá podendo falar? — a voz dele veio séria, firme.

— Sim, pode falar — respondi, tentando soar tranquilo.

— Então... desculpa tá ligando assim em cima da hora, mas acho melhor a gente adiar essa parada. Andei pensando... acho que eu viajei. Nada a ver esse lance.

Fiquei sem reação. Foi como levar um balde de água fria.

— Mas... você... — comecei, mas desisti da frase no meio. — Tudo bem.

— Tudo bem mesmo, pô?

— Sim — respondi seco. — Essas coisas acontecem.

Até que ele caiu na gargalhada:

— Tô de sacanagem, Renato! Sério que você ia desistir assim, de primeira? Tô te ligando pra avisar que em meia hora tô te pegando.

— Não tem graça! — retruquei, meio aliviado, meio irritado. — Uma coisa que aprendi desde cedo é que quando um não quer, dois não brigam.

Ele riu, mas concordou:

— Mas eu quero. E creio que você também quer.

— Sim — confirmei. — Só tô acabando de me arrumar. Quando eu estiver saindo, te mando uma mensagem. Vou te esperar na praça do ginásio.

— Tranquilo — ele respondeu.

Me apressei. Vesti as roupas, me banhei de perfume, passei gel no cabelo e escolhi os acessórios certos — relógio no pulso, cordão discreto no pescoço. Me olhei no espelho e, gostei do que vi.

Camisa preta de botão, ajustada no peito. Calça jeans clara, mas com corte justo, valorizando o corpo. Nos pés, um tênis esportivo preto que combinava perfeitamente com a blusa, o cinto e o relógio. Não era só um look, era uma aposta pra noite.

Desci com o coração acelerado. No meio da escada, encontrei meu pai ainda na sala, assistindo TV. Ele me olhou de cima a baixo e soltou:

— Tá gatão, hein.

Sorri de leve, surpreso com o elogio vindo dele.

— Valeu. Não sei que horas eu volto, tá? Vou sair com um conhecido.

Ele assentiu com a cabeça, sem tirar os olhos da tela. Era o jeito dele de dizer “vai tranquilo”.

Antes que eu saísse, meu pai, sempre direto, lançou:

— Esse conhecido aí é amigo mesmo ou é tipo... algum interessado em você? Porque se for, leva camisinha.

Ri, já acostumado com a franqueza dele.

— Relaxa, pai. Sempre carrego umas na carteira.

Ele se deu por satisfeito. Aí eu rebati:

— Aproveita que você e a mãe vão ficar sozinhos e dá uma namoradinha.

— E você acha que eu não pensei nisso? — disse, sorrindo malicioso. — Por que acha que ela tá no banho esse tempão? A gente vai pedir um delivery e, depois... você sabe.

Balancei a cabeça rindo. Pedi pra ele tranquilizar minha mãe, pra ela não ficar preocupada, e desejei:

— Que seja uma noite maravilhosa pra nós dois.

Saí leve, meio nervoso, meio animado. Enquanto caminhava em direção à praça, mandei uma mensagem pro Thiagão: “Tô indo pra lá.”

Chegando, percebi que apesar de certo movimento ao redor, o ginásio estava fechado. Um alívio. Por mais que fosse sábado, com minha sorte, não seria absurdo cruzar com o Naldo ou algum outro conhecido naquele lugar.

Enquanto esperava, mexia no celular pra disfarçar o tempo. Foi quando vi se aproximar um cara com jeitão de cafuçu, meio maloqueiro. Guardei o celular na hora, por precaução.

Ele chegou perto, estendeu a mão e disse com um sorriso:

— Fala, mano! Tranquilo?

Fiquei olhando, tentando reconhecer. Não consegui ligar a cara ao nome, e pra mim ele estava me confundindo com outra pessoa.

— Oi — respondi, apertando a mão dele com hesitação.

— Não tá lembrado de mim, não, pô?

— Sinceramente? Não — falei sem graça, soltando a mão dele.

— Pô! Eu sou o cara que ficava fumando um beck atrás do ginásio enquanto você ficava com um carinha lá. Pô!

Na hora me lembrei. Foi na época em que eu namorava o Cristiano. Tinha sim um cara que vez ou outra cruzava com a gente por lá — e teve uma vez que ele transou com a mina dele ali perto também. Mas eu nem sabia o nome dele, e ele provavelmente também não sabia o meu.

— Ah, sim! Agora tô lembrando. Você tá diferente, tirou as tranças — justifiquei.

— Pois é! E aí, tá fazendo o que da vida?

— Trabalhando muito — respondi.

Sem eu perguntar, ele disse que também estava trabalhando muito. Agora era pedreiro.

— Mas e aquele cara? Tá com ele ainda?

Achei ele um pouco entrão demais.

— Não. Já faz tempo que terminamos — respondi seco, tentando encerrar o assunto.

Olhei pro relógio: Thiagão estava atrasado cinco minutos. Meu estômago embrulhou um pouco.

O cara então perguntou:

— Ainda vai lá pro fundo do ginásio de vez em quando?

Acho que ele achou que eu tinha acabado de sair de lá.

— Não. Faz tempo que não frequento o ginásio — respondi, direto.

— Devia aparecer às vezes. Agora tem outros caras que se divertem lá. Eu fico fumando um beck e vendo de longe, às vezes até ganho grana pra dar uma vigiada quando o movimento tá intenso.

Nesse momento, a buzina me salvou. Era Thiagão.

— Preciso ir — falei, já me afastando. — Boa sorte aí, mano.

Corri em direção ao carro. Thiagão abriu a porta e entrei com um sorriso no rosto.

— Por causa do seu atraso, quase fui assaltado.

— Sério? — ele perguntou, assustado.

— Claro que não! — ri. — Era um doido que conheci anos atrás. Me reconheceu e veio puxar papo. Mas eu nem lembrava da cara dele direito.

Ele riu e acelerou.

O carro seguia pela avenida quando ele, de repente, perguntou:

— Você tem preferência por algum motel?

Balancei a cabeça, descontraído:

— Nenhuma. Só não me leva numa espelunca com cheiro de mofo e cama rangendo, pelo amor de Deus.

Ele riu alto.

— São esses que são bons, pô! Clima de adrenalina! — brincou, me lançando um olhar de canto. — Sacanagem! Você acha mesmo que sou de frequentar esses motéis fuleiros?

— Sei lá… — provoquei. — Vai saber.

Ele soltou um riso abafado e, mais sério, respondeu:

— Então posso escolher o destino?

— Claro. Me surpreenda, Thiagão.

— Então tá certo… só te peço paciência, viu? Porque pra onde eu vou te levar é um pouco distante. Sabe como é, né? Motel bom geralmente fica mais afastado da cidade.

Concordei com um aceno de cabeça, sem reclamar.

— De boa. Se for pra valer a pena, eu espero.

Ele sorriu e ligou o rádio. Uma batida envolvente começou a preencher o carro, criando um clima quase cinematográfico. De vez em quando, entre um sinal fechado e outro, eu virava o rosto discretamente e o observava.

Era inevitável pensar:

Caralho, Renato... olha quem tá te levando pro motel.

Thiagão parecia completamente à vontade, dirigindo com uma mão no volante e outra descansando sobre o câmbio. Tinha um ar confiante, despojado, com aquele charme de quem sabe exatamente o que está fazendo — e sabe que está sendo desejado.

Demoramos um pouco, mas quando viramos numa rua mais reservada, rodeada por árvores e silêncio, percebi que estávamos chegando.

O motel era discreto por fora, mas já deixava claro que era de qualidade. Portão automático, recepção digital, e tudo muito limpo e organizado.

Ao entrarmos na suíte, entendi por que ele queria me surpreender.

O quarto era de extremo bom gosto. Amplo, com iluminação indireta que criava um clima aconchegante e ao mesmo tempo sensual. A cama king-size estava impecavelmente arrumada, com lençóis brancos e travesseiros volumosos. A cabeceira estofada em tom grafite contrastava com uma das paredes revestida em pedra, dando um toque moderno e elegante. Havia uma banheira de hidromassagem ao lado de um banheiro com box de vidro e dois chuveiros. No canto, um sofá de couro escuro e uma TV enorme completavam o espaço.

O ar-condicionado soprava suave, e um leve aroma amadeirado preenchia o ambiente.

Thiagão olhou pra mim com um sorriso satisfeito.

— Gostou?

— Me surpreendeu mesmo… isso aqui tá melhor que muito hotel por aí — respondi, já tirando os tênis e me jogando na beira da cama.

— Fica à vontade — disse ele, tirando o celular do bolso e largando sobre a bancada. — Quer tomar uma cerveja primeiro?

— Quero, sim — respondi, tentando parecer calmo.

Ele foi até a geladeira e pegou duas long necks. Entregou uma pra mim, e a dele ele abriu com os dentes mesmo. Brindamos sem dizer nada, só com um olhar.

Brindamos em silêncio, apenas nossos olhares se falando. O primeiro gole desceu gelado, aliviando a tensão.

— Eu realmente pensei que a gente ia pra um bar pra relaxar — confessei, sentando na beirada da cama enquanto ele se jogava no sofá. — Mas agora vejo que você estava mais do que certo.

— Eu estava te imaginando aqui mesmo — ele soltou, depois de um gole. — Você na beira da cama, só de cueca, me olhando daquele seu jeito debochado.

Dei um sorriso enviesado.

— E o que você fazia nessa imaginação?

Ele deu dois passos na minha direção, sem tirar os olhos de mim.

— Isso aqui — disse, tirando minha cerveja da mão, colocando as duas sobre a bancada e me puxando pela cintura.

Me beijou com intensidade, segurando firme, mas com cuidado. Era como se quisesse aproveitar cada segundo. E eu retribuí na mesma medida, com uma mistura de desejo e alívio por finalmente estar ali com ele.

Minhas mãos foram instintivamente para o pescoço dele, depois pra cintura. A camisa dele subiu um pouco e senti a pele quente, o abdômen rígido. Ele me encostou na parede e continuou o beijo, agora mais lento, mais profundo.

Aos poucos, fomos nos despindo. Primeiro as camisas, depois os sapatos, até que ficamos só de cueca. A tensão entre nós era elétrica, quase insuportável. Mas ninguém tinha pressa.

Thiagão me olhou sério por um segundo e perguntou:

— Você tá bem?

Assenti com a cabeça, sem hesitar.

— Então relaxa, que agora é com o pai.

E foi mesmo.

Thiagão me olhou com uma intensidade que nunca tinha visto nele antes — Aquele não era mais o palhaço do grupo.

— Pronto pra começar? Não vai pedir arrego, hein

A voz dele estava mais grave, mais rouca do que o habitual.

— E por favor não broche e não goze rápido — Minha provocação veio num sussurro, enquanto sentia o coração acelerar.

Ele riu, mas foi uma risada curta, abafada pelo momento. Quando suas mãos me puxaram para a cama, percebi que já conhecia bem o Thiagão extrovertido, o centro das atenções que fazia todos rirem.

Mas agora, ali naquele quarto, eu estava prestes a conhecer o Thiagão homem.

Deitados na cama, Thiagão me olhou e riu, balançando a cabeça em negação.

— O que foi? — perguntei, curioso.

— Se o Ricardo sonhar que tô aqui com você e ele me mata, saca?

Olhei pra ele enquanto alisava seu abdômen definido e respondi:

— Tanta coisa pra você fazer aqui e tá pensando no meu irmão? Te garanto que ele deve estar aproveitando muito onde está. Agora, se me permite...

Deslizei minha mão para cima da cueca dele, onde sua pica já estava dura e pulsante.

— Pelo menos pequeno não é — provoquei.

— Tira ele da cueca pra você ver a miniatura — ele debochou.

Sem pensar duas vezes, olhei para ele e depois para a cueca. Ele consentiu com a cabeça, e quando puxei, aquela pica saltou pra fora. Fiquei maravilhado com o que vi: Thiagão tinha não só uma pica pesada, mas torta — e pra completar ele não era depilado como muitos, tinha pêlos que pareciam devidamente aparados.

Ele riu ao ver minha reação e soltou:

— Sabe como é? Pau que nasce torto nunca se endireita.

Lambi meus lábios, deixando claro que tinha adorado o que estava vendo. Me aproximei e senti o cheiro de sabonete misturado com aquele aroma característico de homem.

Thiagão colocou sua mão sob minha cabeça, guiando-me suavemente em direção ao seu pau. Não perdi tempo — abri a boca e mergulhei de cabeça, envolvendo aquela pica torta com meus lábios. A inclinação para a esquerda não atrapalhou em nada; pelo contrário, deu um charme a mais enquanto eu deslizava minha língua ao redor do corpo dele, explorando cada centímetro.

Ele ficou tenso no início, respirando fundo, tentando se controlar. Mas logo seus músculos se contraíram, e seus quadris começaram a se mover devagar, acompanhando o ritmo da minha boca. Eu sugava com vontade, deixando escapar um leve gemido quando a cabeça dele batia no fundo da minha garganta.

Foi então que ele perdeu a paciência.

— Abre essa boca — ele ordenou, a voz rouca.

Obedeci, e em um movimento firme, ele empurrou o pau todo para dentro, até eu sentir a base encostar nos meus lábios.

— Fica! — ele rosnou, segurando minha nuca.

Eu aguentei, olhando pra cima enquanto ele me dominava. Quando ele puxou pra fora, ofegante, eu respirei fundo, mas ele já estava pronto pra mais.

— Bora! Mama gostoso!

E eu voltei com tudo, deslizando meus lábios num vai e vem molhado, babando nele sem pudor. Ele começou a ficar mais agressivo, segurando meus cabelos com força e metendo com mais intensidade, cada socada mais profunda que a anterior.

Eu deixei ele tomar o controle, engolindo cada centímetro enquanto ele usava minha boca do jeito que queria. Até que, com um gemido abafado, ele apertou meus cabelos e enterrou até o talo novamente, parando por um instante antes de começar a foder minha boca de verdade.

Thiagão parou um instante, a mão ainda batendo uma no pau já completamente duro. Seus olhos percorreram meu corpo enquanto ele alcançava a camisinha na mesa de cabeceira.

— Tá pronto? Posso? — ele perguntou, rasgando a embalagem com os dentes.

Eu dei uma risada ofegante.
— Você ainda pergunta? Tô mais do que pronto.

Ele sorriu enquanto rolavam os preparativos. Eu tinha vacilado - esqueci o lubrificante. Mas Thiagão resolveu à moda antiga, cuspindo na mão e passando no pau antes de posicionar a ponta na minha entrada.

— Relaxa... — ele ordenou, voz rouca, uma mão firme na minha cintura enquanto a outra guiava o pau.

Senti a pressão inicial, mas ao invés de resistir, empurrei levemente os quadris pra trás, facilitando a entrada. Thiagão soltou um grunhido baixo quando a cabeça enfiou.

— Ah, porra… que delicia, cara! — deixei escapar, enquanto os dedos apertava minha cintura.

Ele foi metendo aos poucos, cada centímetro conquistado arrancando um gemido mais alto de mim. Diferente do boquete animado de antes, agora ele ficava em silêncio, só a respiração ofegante e o som úmido das nossas peles se encontrando.

Quando finalmente encaixou por completo, parou por um instante, deixando eu me acostumar. Senti que ele estava se controlando pra não sair metendo feito louco.

— Tá bom assim? — ele sussurrou, curto de ar.

Minha resposta veio em forma de movimento, empinando mais ainda. Era tudo que ele precisava.

— Me fode gostoso, vai! — eu já respirei ofegante, empinando mais ainda.

Ele deu uma risada baixa.
— Caralho, Renato! Nem precisa pedir...

E então ele tirou e enterrou de uma vez.

Eu gritei quando aquele pau torto me preencheu por completo. Meu corpo tremeu instantaneamente, cada fibra vibrando com a sensação de estar sendo possuído. Thiagão não perdeu tempo - começou a meter com força, as coxas batendo contra minha bunda com estocadas que ecoavam pelo quarto.

— Aiiii, isso porra! Assim mesmo! — eu gemi, enterrando as mãos no lençol.

Ele dominava meu corpo com cada movimento, uma mão segurando meu quadril enquanto a outra apertava minha bunda, abrindo mais ainda.

— Toma... toma toda pica...* — ele rosnou, acelerando o ritmo.

Eu sentia cada centímetro entrando e saindo, aquele pau torto esfregando no ponto certo a cada investida. Meu corpo respondia involuntariamente, contraindo e relaxando, completamente entregue ao tesão.

— Não para... não para... — eu suplicava, já sem fôlego.

Thiagão respondeu com mais força ainda, as bolas batendo contra mim a cada estocada funda. O som úmido do nosso sexo enchia o ar, junto com nossos gemidos..

Ele parou por um segundo só pra dar um tapa na minha bunda, fazendo eu arquejar.

Thiagão não dava trégua. Assim que me pegou de quatro, prendeu meus braços nas costas com uma só mão, dominando completamente meu corpo enquanto sua outra mão segurava meu quadril com força.

— Me provoca agora, viadinho! — ele desafiou, voz rouca e cheia de tesão, antes de enterrar o pau torto até o fundo..

Eu revidei no mesmo tom, ofegante:
— Viadinho pra macho gostoso como você!

Thiagão alternava entre metidas fortes e movimentos circulares, aquela pica torta esfregando em todos os pontos certos. Sua mão livre agarrou meus cabelos, puxando minha cabeça pra trás enquanto ele continuava a me possuir

— Porra, bicho! Que cu gostoso você tem? — ele rosnou, acelerando as estocadas.

— Ah, seu gostoso! Se eu soubesse que você era isso tudo… ain…isso me fode!* — eu gritava, me entregando completamente ao domínio dele.

Thiagão deitou-se na cama com um sorriso malicioso, apoiando as costas na cabeceira. Com uma mão, segurou seu pau grosso e torto, batendo levemente na palma da outra mão - o som úmido daquela pica dura deixando claro o quanto ele estava excitado.

— Quero ver você sentar nessa pica — ele desafiou, os olhos de desejo fixos em mim.

Eu subi no corpo dele, nossas peles quentes se encontrando. Antes de posicionar, capturei seus lábios num beijo molhado e profundo, nossas línguas se entrelaçando com vontade. Senti suas mãos grandes percorrendo minhas costas, descendo até apertar minha bunda com força.

Parei o beijo devagar, ficando com nossos rostos quase se tocando ainda.

— Vou sentar até você gemer — sussurrei, ofegante, enquanto com uma mão guiava a cabeça inchada do pau dele até a entrada do meu cu.

Senti a pressão inicial, e então comecei a descer devagar, sentindo cada centímetro daquele pau torto entrar em mim.

— Vai, usa esse rabo pra me fazer gozar — ele provocou, os olhos ardendo de desejo.

Deixei escorrer lentamente sobre ele, sentindo cada centímetro daquela pica me abrindo. Meu cu se moldava perfeitamente ao formato torto do pau dele, criando uma sensação única que me fazia gemer alto.

— Porra, Thiagão... — eu respirei, começando a quicar com vontade.

Eu me dedicava cavalgando Thiagão com tudo que tinha, as mãos grandes dele percorriam minhas pernas, alisando a minha pele suada com uma mistura de carinho e posse.

Num momento de puro êxtase, arqueei as costas e fechei os olhos, deixando só o prazer me dominar.

— Isso, caralho!— Thiagão incentivou, voz rouca, apertando meus quadris.

Quando abri os olhos, percebi que estava mesmo no ritmo - quicando frenético naquela pica. Meu corpo pulava no colo dele sem pudor, cada estocada mais profunda que a anterior.

Ele urrava admirando como eu me debruçava sobre ele, suado e perdido no prazer

Comecei a me cansar, apoiei minhas mãos no peito dele enquanto eu ainda subia e descia. Quando minhas coxas começaram a doer, mudei de tática - sentei fundo e comecei a rebolar, esfregando meu rabo no quadril dele enquanto descansava as pernas.

Foi então que ele deu um tapa leve no meu rosto, o som ecoando no quarto.

— Ordinário! Eu não pedi pra você parar — ele disse, com os olhos brilhando de desejo.

Ri, provocante, mas obedeci - voltei a quicar com força, sentindo o prazer aumentar a cada movimento.

— Isso, seu viado... usa meu pau direitinho — ele disse , com os dedos apertando meus quadris com força.

Mesmo quando minhas pernas voltaram a tremer, continuei, determinado a aguentar até o fim.

Thiagão sorriu, malicioso:
— De uma coisa não tenho dúvida... você vai sair daqui querendo mais.

Antes que eu pudesse responder, ele tomou o controle, segurando meus quadris com força enquanto começava a meter de baixo para cima, seu pau entrava facilmente em mim.

— Eu vim aqui pra te dar pica... — aumentando o ritmo.

Os nossos corpos suados escorregavam um no outro quando Thiagão ligou a banheira de hidromassagem. Ele jogou um punhado daqueles sais de banho que tinham no ambiente - o cheiro de frutas vermelhas encheu o ar, misturando com o aroma pesado do sexo.

— Vem cá, viadinho — ele ordenou, empunhando outra long neck enquanto me puxava pela cintura.

Nem esperou a banheira encher direito, me virou de frango assado na beirada. Ele trocou a camisinha com um movimento rápido e já estava atrás de mim, a cerveja numa mão e o pau duro na outra.

— Abre bem — ele ordenou, dando um tapa suave nas minhas nádegas.

Eu gemi quando aquela pica torta me invadiu mais uma vez.

— Porra, assim! — ele rosnou, começando uma sequência de estocadas tão frenéticas que me deixaram vendo estrelas.

Ver aquele homem bebendo cerveja enquanto me fodia foi minha ruína. Ele metia com força, cada socada fazendo a água espirrar pra fora da banheira. Quando percebeu que eu estava ficando louco, aumentou o ritmo - as metidas ficaram mais curtas, mais rápidas, mais precisas.

Foi a visão dele me comendo com aquela cara de safado que me fez explodir.

— Porra, tô gozando! — gritei, sentindo meu pau pulsar violentamente entre as pernas, jorrando na água da banheira sem nem precisar tocar.

Thiagão riu, malicioso, e acelerou ainda mais.

— Goza, safado.

E eu continuei, o orgasmo se prolongando a cada metida dele, meu corpo tremendo enquanto jorrava mais uma vez, completamente dominado pelo prazer.
— Ah, porra! Assim! Mais! — eu gemia, me agarrando na beirada da banheira.

Thiagão sorriu satisfeito entre um gole e outro de cerveja.

— Posso gozar? — perguntou, já com a voz rouca.

— Sim, caralho! No meu peito!

Ele me virou de lado num movimento brusco e continuou metendo como se não houvesse amanhã. Eu sentia cada músculo dele tensionado, a respiração ofegante, até que...

— Toma, sua puta! — ele rosnou, arrancando a camisinha na última hora.

Jorrou quente no meu peito, pulsando enquanto ele esfregava o pau ainda duro por cima. A porra misturava com a água da banheira, escorrendo pelo meu torso enquanto a gente respirava ofegante.

Ele me ajudou a sair da banheira e nos secamos só assim nos deitamos na cama.

Thiagão deitou ao meu lado, o peito ainda ofegante, e soltou com um sorriso de orgulho:

— É, devo admitir... você não é fraco não.

Olhei pra ele, ainda recuperando o fôlego, e revidei:

— Eu transava com dois ao mesmo tempo.

Ele ergueu as sobrancelhas, visivelmente interessado, e começamos uma conversa que rapidamente virou um interrogatório safado.

— E como era? Eles tinham ciúme quando você ficava só com um? — ele perguntou, virando de lado pra me encarar.

Respondi com naturalidade, explicando os meus rolos passados, até que ele soltou a pergunta que parecia estar queimando na língua dele:

— Já fez dupla penetração?

— Já, mas não era sempre. Só quando eu e eles estavam inspirados — confirmei, rindo da cara de surpresa dele.

Thiagão levantou, pegou outra cerveja e deitou de novo, pensativo.

— Então, pelo que tô entendendo, seu corpo já tá mais do que acostumado... — comentou, dando um gole.

Coloquei a mão no pau dele, que já estava mole, e brinquei:

— Mas isso aqui me surpreendeu. Primeira vez que dou pra alguém com pau torto.

Ele riu, mas não perdeu a chance de rebater:

— E o que achou da experiência?

— Por acaso parou por aqui? Tô achando ele uma delícia — respondi, apertando de leve.

Thiagão deu uma gargalhada e empurrou minha mão de brincadeira.

— Calma, porra! Eu tenho que dar uma descansada, véi!

Aproveitando o clima de intimidade, virei de lado com um sorriso provocante:

— E você? Como se define? Já teve outras experiências com homens?

Thiagão esfregou a barba por fazer, pensativo, antes de responder:

— Olha... Cara, eu sou homem, pô.

— Isso eu também sou — retruquei, rindo. — O que quero saber é como você define sua orientação. Tipo hétero, gay, bi... essas coisas.

Ele mexeu no celular por um instante, evitando contato visual.

— Renato, eu não entendo muito dessas paradas não. Mas eu gosto mesmo é de mulher — disse finalmente, ainda olhando para a tela. — Desculpa, mas não vou entrar muito nesses lances. A gente não tem intimidade pra isso.

Soltei uma risada irônica:

— Caralho! Você acabou de comer meu cu! Quer mais intimidade que isso?

Thiagão balançou a cabeça, finalmente abaixando o celular. Seus olhos encontraram os meus quando confessou:

— Não é por aí... É que... Ele suspirou profundamente. Não curto muito falar dessas coisas. Mas respondendo: não, você não foi o único. É raro, mas quando acontece é porque tô na seca ou quando eu cismo com alguém e fico interessado.

Tomei um gole de cerveja, estudando cada nuance da expressão dele.

— Espero que eu entre na lista dos que você cismou — provoquei.

Ele deixou o celular de lado de vez e se virou completamente para mim, a seriedade no olhar:

— Cara, sim. Tanto que te beijei naquela festa, mesmo sabendo que podia aparecer alguém.

Soltei a pergunta que tava faltando:

— Imagino que ninguém sabe, né?

Thiagão me olhou com um sorriso maroto e deu a ordem:

— Cara, vamos fazer o seguinte: cai de boca no meu pau!

Fiquei uns segundos encarando ele, achando que era zoeira. Até que ele ergueu as sobrancelhas e cutucou:

— Anda, tá esperando o quê?

Não precisei ser convidado duas vezes. Ajoelhei entre as pernas dele e peguei aquela pica torta que já conhecia tão bem. Assim que envolvi os lábios na cabeça inchada, Thiagão soltou um grunhido satisfeito.

— Isso... só ocupando essa boca que você para de falar — ele resmungou, afundando os dedos no meu cabelo.

Depois de um tempo chupando ele com vontade, senti as mãos grandes de Thiagão se agarrando na minha cabeça, tentando guiar o ritmo. Parei imediatamente, soltando seu pau com aquele sons que se faz quando a gente chupa com muita vontade.

— Fica quietinho — ordenei, olhando pra cima com um sorriso provocante — Deixa o viadinho aqui fazer do jeito que ele gosta.

Thiagão ficou vidrado, os olhos acompanhando cada movimento meu. Quando voltei a trabalhar no pau dele, começou a gemer baixo, os músculos do abdômen tremendo.

— Porra... assim... tá bom demais — ele resmungou, se contorcendo no lençol.

Eu devagar no começo, depois mais rápido, usando a língua na cabeça sensível dele. Quando senti o pau pulsando forte, ele tentou me empurrar.

— Para... vou gozar... — ele avisou, a voz rouca.

Mas eu só sorri e continuei, falando com o pau ainda na boca:

— Se controla, você não é o machão?

Thiagão arqueou as costas, os dedos se enterrando no colchão.

— Eu sou porra! Mas você tá me deixando maluco! — ele gritou, completamente à mercê do meu ritmo agora.

Eu mantive o ritmo, sentindo o pau dele pulsando cada vez mais forte na minha língua. Thiagão estava completamente perdido - o suor escorria pelo peito dele, os músculos tensionados.

— Caralho, Renato... eu vou... — ele gemeu, os dedos tremendo perto da minha cabeça.

Foi quando perdeu o controle. De repente, suas mãos grandes se enterraram no meu cabelo, prendendo minha cabeça no lugar enquanto ele afundava o pau até o fundo da minha garganta.

— Ah, PORRA! — ele rugiu, o corpo arqueando violentamente.

Senti o jorro quente explodindo na minha boca, pulsando em jatos poderosos. Ele continuou socando, mais fraco agora, prolongando o orgasmo enquanto eu engolia tudo. Só soltou minha cabeça depois do último jato de porra, me obrigando a engolir cada gota

Quando finalmente soltou minha cabeça, caiu de costas na cama, completamente esgotado.

— Desculpa, Renato... — ele respirou fundo, limpando o suor da testa — A vontade de gozar era maior que eu.

Eu limpei os lábios com o polegar e dei uma risada:

— Só não precisava forçar eu beber sua porra, era só pedir. Mas tá perdoado, machão. Mas agora você me deve uma.

Estava sendo incrível estar ali com ele, mas não pude deixar de notar: Thiagão não parava de beber. Aquela já era a sétima long neck dele. Enquanto eu me banhava, ele ficou deitado na cama mexendo no celular. Quando saí do banheiro, encontrei-o completamente desmaiado, boca entreaberta, roncando levemente.

"Não é possível..." pensei, frustrado. Eu queria mais - queria sentir ele dentro de mim de novo, mas ali estava ele, caído desmaiado.

Fiquei em dúvida se o acordava , mas resolvi dar uns minutos de descanso. Aproveitei para admirar aquele corpo escultural - o peito largo subindo e descendo devagar, os músculos relaxados pelo álcool e pelo sexo. Sentei na beirada da cama e comecei a o acariciar suavemente.

Não resisti - peguei meu celular e tirei uma foto discreta do torso nu dele, tomando cuidado para o rosto não aparecer. Só uma lembrança daquela noite incrível.

Foi quando Thiagão resmungou e se virou de lado, puxando meu braço num movimento sonolento.

— Renato... — chamou, voz grossa de sono.

— Dorme, Thiagão — respondi, dando um tapinha em seu ombro.

Ele sorriu sem abrir os olhos e puxou meu corpo contra o dele, num abraço que era metade posse, metade proteção.

— Depois a gente continua — Ele disse se aconchegando.

Depois quando? Eu nem tinha planos para passar a noite no motel — Pensei. O Thiago, com o rosto iluminado encostou-se mais em mim, o cheiro de cerveja com perfume e o calor do seu corpo tornando tudo mais intenso.

— Thiagão? Você tá bem? Quer mesmo dormir? A gente vai dormir aqui? Minha voz soou mais baixa do que eu pretendia.

Ele resmungou um "sim" rouco e me puxou para outro abraço. Por um instante, pensei em resistir — afinal, não era o plano. Mas os motivos para ceder se acumularam: ele não podia dirigir daquele jeito, já estávamos lá, e a memória do que havíamos feito minutos antes ainda fazia minha pele arder. *"Mais uma foda"*, pensei, e o desejo anulou qualquer prudência.

Com movimentos calculados, avisei meu pai que dormiria na casa de um amigo. O quarto ficou em silêncio, só o zumbido do ar-condicionado quebrando a tensão. Como não tinha mais o que fazer, apaguei a luz e fiquei na penumbra, sentindo o cheiro dele até adormecer.

Não sei por quanto tempo dormi, mas acordei com ele me chamando.
—Renato!

Abri os olhos. Ainda estávamos no escuro.
— Oi… — respondi, sonolento.

— Cara, eu tô com um tesão do caralho. Seria uma sacanagem eu bater uma punheta aqui sendo que a gente tá aqui pra fuder?

Ele me abraçou, e seu pau duro encostou na minha bunda. Joguei um charme:
— Porra Thiagão... tô morrendo de sono.

— Deixa, vai, Renato! Eu coloco com carinho!

Empinei a bunda como resposta, e ele sacou na hora. Quando senti que ele estava cuspindo na mão, soltei:
— Eu ainda não tô acreditando que você não sabe chupar um cu.

— Ah, sei lá, véi... fico cabreiro com isso.

—Tenta. Se não gostar, para. Fiz toda uma preparação pra isso. — Falei, mas sem esperar muito.

Ele se levantou, ligou a luz e pediu para eu empinar. Obedeci. Ele foi direto, enfiando a cara lá. No começo, foi estranho — dava pra sentir a hesitação dele, a língua dura, sem jeito. Mas, aos poucos, ele pegou o ritmo. A boca quente, os beijos molhados, a respiração acelerada.

— Isso... deixa eu molhado pra você entrar — eu gemi, empinando mais.

Ele não parava mais. Estava gostando de estar ali, e eu incentivei, gemendo alto, até pedir pra ele deitar na cama. Viramos um 69, e ali eu perdi a linha — chupar ele enquanto ele me comia de língua foi uma loucura.

Até que ele me virou de lado, seu corpo se encaixando atrás do meu. Senti sua mão firme na minha cintura, puxando-me para trás enquanto com a outra guiava seu pau até minha entrada.

— Se abra pra mim. — ele murmurou, e então pressionou devagar.

A penetração veio aos poucos - uma pontada inicial que logo se transformou em um calor que se espalhava. Ele parou um instante, me deixando me acostumar, depois começou a se mover em embaladas curtas e precisas. Eu soltava suspiros curtos a cada movimento, sentindo como ele se ajustava dentro de mim.

Depois, me posicionei de bruços na cama e ele subiu por cima, seu peso me prendendo contra o colchão. Não gritei de dor - só soltava suspiros roucos a cada embalada, meu rosto afundado no travesseiro. Ele se inclinou sobre minhas costas, sua barba arranhando meu ombro enquanto sussurrava no meu ouvido:

— Porra, tô gostando demais de te comer assim...

Seu hálito quente me fazia arrepiar. A cada palavra, eu sentia sua voz mais rouca, mais perdida no tesão. Ele roçava a barba no meu pescoço, nas costas, como se quisesse marcar cada pedaço da minha pele.

Quando o ritmo acelerou, eu só conseguia ficar ali, recebendo, me deixando levar pela sensação de estar tão cheio dele. Meus dedos se apertaram no lençol, mas não por dor - era pura entrega. Ele percebeu e gemeu baixo no meu ouvido, uma mistura de orgulho e prazer.

Gozamos quase juntos, ele ainda por cima de mim, seu corpo tremendo contra o meu.

Então, de repente, ele se levantou.

—Vamos embora. Já fizemos o que viemos fazer — ele disse, já pegando a camisa do chão.

Eu virei o rosto no travesseiro, ainda meio tonto: — Achei que...

— Foi bom pra caramba, mas é melhor irmos. — ele completou, jogando minha calça na cama.

Enquanto ele ligava pra recepção, eu fiquei ali parado, tentando processar aquela partida repentina.

No banho rápido, a água quente não lavou a sensação estranha - de que aquela noite tinha sido gostosa, intensa, mas... acabou sem cerimônia. Quando fechei a porta do motel atrás de nós, o carro dele já estava ligado, motor roncando e ele lá dentro me esperando.

Entrei no carro em silêncio. Uma pergunta martelava na minha cabeça: Será que ele não curtiu?

Antes de passar pela portaria, ele resolveu deixar claro:
— Seguinte... vou pagar desta vez, mas se houver uma próxima, você paga.

— Se quiser, rachamos… — sugeri, tentando disfarçar o desconforto.

— Cara, eu pago — ele cortou, já se aproximando da portaria.

Pagou no débito, sem olhar pra mim. O portão se abriu e ele acelerou. Ele deve ter notado meu silêncio porque perguntou:

— O que tá rolando? Não gostou?

Respirei fundo e fui sincero:
— É que... não tô entendendo a saída repentina. Achei que a gente ia ficar até de manhã. Até fiquei na dúvida se você não curtiu.

Thiagão deu uma gargalhada grossa:
— Renato, você é novinho, cara! Eu sou isso daí. A gente veio trepar, a gente gozou... Tudo bem, eu vacilei quando dormi. Mas dormir a gente dorme em casa. Se fosse pra dormir, ia pro hotel, não pro motel.

Ri sem graça: Pelo menos quando acordou compensou.

— É isso aí! — Ele afirmou, dando partida. — Mas tira isso da cabeça de que eu não curti, porque gostei de meter em você. Se não tivesse gostado, te acordava e a gente vazava, concorda?

Fazia sentido.
— Sim — respondi, olhando pela janela.

Ele colocou uma música e seguimos rumo à minha casa. Mas antes de chegar, Thiagão resolveu deixar mais coisas claras:

— Renato, é o seguinte. Foi bom pra caralho, mas gostaria que não tocasse nesse assunto com ninguém. E não fala sobre isso comigo nas redes sociais. Como eu disse: se rolar de novo, deixa que eu te procuro. Tirando isso, a gente pode trocar uma ideia de boa.

Senti um choque. Entendi na hora o subtexto: eu seria o "lanchinho" dele, a foda garantida quando ele quisesse. Um passatempo discreto.

— Tranquilo — respondi, fingindo naturalidade.

O resto do caminho foi em silêncio. Quando o carro parou na frente da minha casa, ele nem desligou o motor.

— Tá entregue! Não dá mesma forma que saiu, mas chegou bem.

Eu ri, entrando na brincadeira:
— Bem cansado, bem comido!

Thiago ficou parado no carro, o braço pendurado na janela, dedos batendo uma batida irregular na lataria, parecia meio sem jeito de se despedir.

— Então vai lá, até qualquer hora.

Quando já estava com um pé fora do carro, seu pulso forte me puxou de volta. Antes que eu pudesse reagir, seu rosto se aproximou e - pum - me deu um daqueles beijos de língua que deixam a gente tonto. Um beijo que veio sem aviso: língua, dentes, o gosto ainda dele em minha boca. Foi rápido, mas gostoso.

— Boa noite — ele disse, soltando meu pulso devagar. — E tira essa ideia errada da cabeça.

Eu só consegui acenar com a cabeça, atordoado.

Quando fechei a porta vi o carro dele sumir na esquina antes mesmobde eu chegar na calçada..
Fiquei ali parado, passando a língua nos lábios onde ainda sentia o gosto dele.

O beijo não mudava nada. Talvez só tivesse deixado tudo mais confuso.

Resolvi ligar para o meu pai, cinco toques até atender.

—Alô? — A voz do meu pai vinha grossa de sono.

— Pai... sou eu. Tô na frente de casa.— Olhei pra porta da frente Lembrei na hora das chaves do Ricardo, podia ter pego a chave dele, ele não ia mais precisar, não mesmo.

— Que horas são essas, Renato? Não tinha ido dormir na casa do amigo? — A voz do meu pai saiu rouca, mais uma observação do que uma pergunta de verdade.

Dá pra ouvir no fundo, a TV ainda ligada em algum programa.

— Mudei de plano. Desculpa acordar o senhor.

Silêncio. Depois um suspiro pesado. — Já vou abrir.

A linha caiu. Fiquei parado na calçada, o vento da madrugada esfregando minha nuca enquanto contava os segundos. A luz da sala acendeu, a porta se abriu e lá estava ele - camiseta e shorts de dormir, o rosto inchado de quem foi arrancado do sono profundo. Nem falou nada, só abriu mais a porta e fez sinal pra eu entrar.

— Vou voltar dormir – ele resmungou, já virando as costas. — Fecha a porta direito.

Tranquei a porta com cuidado, o clique do trinco soando alto demais na casa silenciosa.

No caminho pro meu quarto, passei pelo quarto vazio do Ricardo. A porta entreaberta mostrava a cama arrumada, sem um vinco. As chaves dele deviam estar na gaveta, onde sempre deixava. Podia ter evitado tudo isso.

Cheguei no quarto exausto, com o corpo ainda marcado pela noite. O cheiro do Thiago grudado na minha pele - aquele misto de suor e o perfume dele - era a prova viva do que havíamos feito. Sabia que precisava tomar um banho antes de dormir, afinal, depois de uma noite daquelas. Nem pensei duas vezes: banho primeiro, depois cama.

A água quente escorreu pelo meu corpo, levando o cansaço da noitada. Enquanto me ensaboava, meus músculos reclamavam de cada movimento - mas era aquela dor gostosa que vem depois de algo intenso.

Saí do banho me sentindo renovado. O quarto estava silencioso, só o barulho distante da rua. Coloquei uma cueca e fui direto pra cama. O colchão pareceu me abraçar quando me joguei nele.

O sono chegou tão rápido que nem deu tempo de pensar em nada. Um segundo eu estava deitado, olhando para o teto; no seguinte, já estava mergulhado num sono pesado e sem sonhos. O cansaço simplesmente apagou minha consciência como quem desliga um interruptor.

Na manhã seguinte, a luz do quarto invadiu meus olhos antes mesmo da voz da minha mãe.

— Renato, levanta! Depois do almoço a gente vai pra casa do Ricardo! — Ela já estava a todo vapor, afastando as cortinas com determinação.

Esfreguei os olhos e olhei para o relógio do celular - 10:07.

— Mãe, tá muito cedo... Eles só chegam lá pelas cinco — protestei, enterrando o rosto no travesseiro ainda quente.

— Eu sei, mas temos que ir cedo pois é só a gente para fazer tudo. Os pais da Letícia chegarão mais tarde.

Virei de lado, tentando ganhar mais alguns minutos.
— Por que não chama meus tios? Eles ajudaram a bancar na viagem... e vão topar e certamente podem te ajudar.

Ela parou na porta, considerando.
— Hmm... até que é uma boa ideia.

— Então tá resolvido. Agora deixa eu dormir mais um pouco...

— Só até a hora do almoço! — ela advertiu — E não adianta fazer cara de sono, eu estou sabendo que chegou de madrugada.

A porta fechou com um clique suave. Deitei de costas, olhando para o teto.
Puxei o cobertor até o queixo. O cheiro do motel ainda escapava da minha pele, mesmo depois do banho rápido. Mas naquele momento, só queria dormir um pouquinho mais.

Fui acordado novamente na hora do almoço. Dessa vez, não relutei em levantar — joguei uma água no rosto, escovei os dentes e penteei o cabelo.

Quando cheguei à cozinha, minha mãe me agradeceu pela ideia e disse que meus tios toparam na hora. Falei que assim era melhor, pois aproximava ainda mais a família. Enquanto arrumava meu prato, ela comentou que dava até pra ficar um pouco mais tarde, por conta disso.

Meu pai, por outro lado, reclamou das “invenções de moda” da minha mãe. Disse que, por ele, ficava aqui mesmo.

Enquanto almoçava, recebi uma mensagem do Breno, perguntando quando eu ia conversar com o Dinei. Pensei um pouco e decidi: era hora de ajudar meus amigos.

Perguntei pra minha mãe se ela se incomodaria se eu chegasse mais tarde na casa do Ricardo. Antes mesmo de ela responder, já fui justificando que Breno e Dinei estavam precisando de mim. Não entrei em detalhes.

— Logo hoje? — ela indagou.

Mas meu pai cortou:

— Deixa ele ir. Minha irmã vai estar lá pra te ajudar.

— Chego antes de Ricardo. Prometo!

— Tá bom — ela sorriu.

Após o almoço, liguei para o Breno, dizendo que podia encontrar eles naquele momento. Perguntei se ele preferia conversar num lugar mais específico ou na casa deles mesmo. Ele contou que já tinha conversado com o Gil e que ele sugeriu que fosse na casa dele, e não no bar do Jefferson.

Estranhei, mas topei.

Cheguei e Jefferson me abordou do jeito de sempre, todo simpático. Disse que o Gil estava me esperando lá na casa e que era só entrar.

Fui entrando como quem já era de casa. Na varanda, lá estavam eles — sentados em volta de uma mesa.

— Oi, gente! Como vocês estão?

Abracei um por um e logo puxei uma cadeira, enquanto o Gil me servia um copo de refrigerante.

Gil logo foi direto:

— Bem, a gente tá bem… Mas chamei vocês aqui porque preciso conversar sobre minha relação com o Jefferson.

Olhei pra ele e depois pro Breno, tentando entender se aquilo era sério ou só uma desculpa pra que o Breno pudesse trazer à tona as questões dele com o Dinei.

Gil continuou, mais sério:

— Depois daquela pequena discussão que tive com o Dinei por mensagem, fiquei pensando bastante… E confesso que, às vezes, eu e o Jefferson temos alguns atritos.

— Normal — comentei, tentando aliviar.

Mas Dinei não deixou passar:

— E o que motiva esses atritos?

Gil soltou um suspiro fundo antes de desabafar:

— Tanto eu quanto ele temos ciúmes um do outro. É estranho dizer isso, mas geralmente só acontece quando estamos no bar. Não sei explicar pra vocês… É lá que a coisa pega. Eu, por exemplo, já vi ele ser cantado por várias mulheres. Ele sorri, agradece e cai fora. Mas o que pesa pra mim é que… ele gosta de buceta, entende? Isso me deixa inseguro. E quando percebo que ele não corta logo, eu fecho a cara, tomo a frente e começo a servir a mesa da rapariga.

Dinei comentou:

— Mas, amigo, isso é compreensível, considerando o homem com quem você se relaciona.

Gil então cortou seco:

— Você é outro! Mesmo do lado do seu namorado, vive com o cu piscando pro meu macho. Acho que só não avançou porque sou eu quem namora o Jefferson.

Dinei ficou vermelho, visivelmente ofendido:

— Pelo amor de Deus, Gil… Não diz uma coisa dessas!

— Eu sei do que você é capaz. Renato que o diga. Lembra quando você pegou o Manuel? Eu não esqueci.

Breno se irritou:

— Vocês vieram aqui pra brigar? Porque, se for isso, tô levantando e indo embora!

O clima ficou pesado. Os dois se calaram. Aproveitei pra intervir:

— Gil… conclui o que você tava falando.

Ele assentiu e retomou, mais calmo:

— Em relação ao Jefferson… ele também fica bolado. Sabe? Ele pega umas coisas no ar. Coisas quennem eu percebo. Tipo um cara me encarando, às vezes até sendo cara de pau, fazendo piada ou soltando indireta. Assim como ele, eu deixo pra lá e peço pra ele ir atender a mesa. Mas é aí que a coisa vira: Jefferson muda comigo. Fica calado, seco, como se eu fosse o culpado por aquilo tudo. E quando a gente entra aqui em casa, a discussão começa. Ele nunca me agrediu fisicamente, nem me xingou… Mas me acusa de dar trela pros clientes. Da última vez, a briga foi tão feia que ele dormiu no sofá. Tem noção disso?

Dinei respirou fundo e comentou:

— Gil, vou te falar uma coisa... Você já tinha mencionado esse lance de ciúmes entre vocês, mas chegar ao ponto do cara querer dormir longe… é foda.

Aproveitei a deixa pra dar minha opinião:

— Eu já tinha percebido umas faíscas, mas, pra mim, vocês dois sabiam lidar com isso. Nunca deixaram transparecer. — Olhei pra Gil. — Mas você já tentou conversar com ele sobre isso?

Ele balançou a cabeça:

— A gente geralmente acorda no outro dia como se nada tivesse acontecido. Sem diálogo, sem acerto... fica por isso mesmo.

Breno diz: Já pensou na possibilidade de não trabalhar mais? Ja que esses ciúmes acontecem só quando estão no bar…

Gil disse que nunca tinha pensado na possibilidade, porém pra isso acontecer deveria partir de Jefferson.

Dinei franziu a testa:

— Mas, nesse caso, acho que precisa de um confronto. Um diálogo de verdade. Tem que acertar os pontos, Gil.

Gil então olhou pra ele e retribuiu a pergunta:

— E você? O relacionamento de vocês tá tranquilo?

— Claro! — respondeu Dinei, com naturalidade. — A gente se estranha às vezes, mas no fim sempre se entende.

Foi aí que o Breno se mexeu na cadeira e falou:

— Amor, vamos jogar a real. A gente tá aqui, o Gil já se abriu… por que a gente não faz o mesmo?

— Falar o quê, Breno? — rebateu Dinei, impaciente. — A gente já resolveu isso.

Mas Breno insistiu:

— Se você não quer falar, deixa que eu falo. Porque é um dilema que tá me incomodando.

Dinei bufou. Gil interferiu:

— Amigo, deixa ele falar. Depois você dá sua versão, beleza?

Breno olhou pra Dinei:

— Posso?

Dinei assentiu com um gesto contido, e Breno começou:

— Como vocês sabem, eu e Dinei temos uma relação tranquila. Não tenho dúvidas do amor que sentimos um pelo outro. Só que, depois que ele criou um OnlyFans, nossa relação desandou.

— Não é bem assim! — Dinei interveio, já irritado.

— Deixa ele concluir — reforçou Gil.

Breno respirou e seguiu:

— No começo, tudo bem. A gente se exibia nas redes sem mostrar o rosto, e eu até achava excitante saber que tinha gente ali assistindo e curtindo. Mas a coisa mudou quando ele começou a receber dinheiro de um seguidor pra gravar conteúdo exclusivo. Eu falei que ele não precisava disso, que ele já trabalhava. Mas ele ignorou. Continuou gravando. E agora… recebeu uma proposta de um cara aqui da região pra fazer um “job”. E, pelo jeito, tá pensando em aceitar. Tá entendendo?

— Agora deixa eu falar! — pediu Dinei, se inclinando à frente. — Porque, do jeito que ele falou, parece que eu sou o vilão da história.

Ele fez uma pausa e apontou para Breno:

— Só pra lembrar… quem teve a ideia de colocar gente pra assistir a nossa transa pela primeira vez não fui eu. Foi ele, lá no sítio. E foi gostoso! Tanto que depois assistimos Gil e Jefferson em outra ocasião. Então… a gente percebeu que o lance de gravar os vídeos nos excitava. Decidimos fazer isso com mais frequência, até que comecei a editar os vídeos e jogar na rede.

Breno concordou com a cabeça e reforçou:

— Até aí, tudo bem.

Dinei olhou pra ele e prosseguiu:

— Comecei a ganhar seguidores. Os vídeos foram ganhando mais visualizações, comentários... A gente grava pelo menos três conteúdos por semana, além das minhas fotos. Até que um perfil me chamou no direct dizendo que estava disposto a pagar se eu gravasse um vídeo transando e gemendo o nome dele. Conversei com o Breno, ele aceitou, e a grana foi boa, considerando o que foi pedido. Sinceramente, não vi nada demais.

Breno não conseguia ficar queito:

— Nada demais? Você abriu aquele OnlyFans sem me avisar. Só me comunicou depois de tudo pronto. Eu, como idiota, aceitei porque pensei que seria igual às outras redes que a gente já usou. Aí veio o convite.
Aquela merda apareceu na sua tela e você nem pestanejou. Eu fiquei ali, olhando, enquanto você pensava se aceitava ou não. E eu ainda tentei acreditar que era você ia recusar.

Dinei fez uma pausa e completou:

— Sim o convite de um cara ativo aqui da região. Eu não aceitei, mas estou analisando. Mas te deixei a par de tudo.

Breno riu, sem humor:

— Mas é aí que tá, amor! A gente tem um relacionamento aberto pra você ficar “analisando”? E outra… ultimamente, em todas as nossas transas, você quer filmar. Toda hora tem a porra da ring light ligada na nossa cara!

Fez um gesto de exaustão e continuou:

— Quando eu sugeri que os seus amigos assistissem a gente, foi pra apimentar, pra dar um gás. E funcionou! Foi algo que agregou, feito pensando na gente. Mas você… você confundiu tudo. Já te falei: eu não aceito abrir a relação. Se você topar esse tal de job, pode esquecer que a gente tem um relacionamento.

Intervim:

— Breno, Dinei… acho que vocês deviam aproveitar essa conversa pra decidir o que querem de verdade. Porque os interesses de vocês estão indo pra direções bem diferentes.

Me virei pra Dinei:

— E olha, não é porque você é meu amigo que eu vou passar a mão na sua cabeça. Me responde uma coisa: a grana que você tá ganhando é suficiente pra você se sustentar sozinho?

Dinei, sem graça, respondeu:

— Não, Renato. Tô começando agora…

— Outra pergunta: e aquela vontade louca de construir uma vida com o Breno, de morar juntos… onde foi parar?

Dinei pensou um pouco antes de responder:

— Ainda tenho. Mas… confesso que me acomodei um pouco.

Gil, que até então ouvia calado, explodiu:

— Dinei, você tá fascinado! Bicha, pelo amor de Deus… você vai acabar perdendo seu macho por conta dessa sua sede de se exibir, de querer aparecer! Vai perder o Breno por conta de pularia. E quando se arrepender vai ser tarde.

Voltei a falar, agora para os dois:

— E tem mais uma coisa que acho importante vocês analisarem: o tal do relacionamento aberto. Dinei, você já tem dado sinais claros de que aderiria fácil. E olha… nem tô falando só por causa das redes. Breno, a gente já falou sobre isso antes. Eu mesmo te disse que, pelo andar da carruagem, Dinei ia querer esse tipo de liberdade.

Breno confirmou, cabisbaixo:

— É… só não achei que fosse tão rápido assim. Mas é uma decisão que ele tem que tomar.

Dinei apelou:

— Mas se terminar comigo por causa disso… mostra que você não me ama!

Breno respondeu sem hesitar:

— Não! Mostra justamente o contrário. Que eu te amo o suficiente pra não aceitar te dividir com ninguém. É isso que você não entende.

O clima pesou. Gil, percebendo que o assunto se estenderia demais, tentou mudar de foco:

— Acho que vocês têm muita coisa pra resolver em casa. Mas agora vamos deixar o Renato falar também.

Fiz um gesto com a mão, meio sem jeito:

— Eu? Nem tenho muito o que dizer… Aliás, se querem saber, tenho um babado forte sobre Manuel que vocês vão ficar sabendo no momento certo — Agora sobre Anderson, nos falamos, não todo dia, mas nos falamos. Ele diz que sente minha falta, que pensa muito em mim. E eu… tô dando esse tempo pra ele. Um tempo arriscado, mas necessário. Vocês mais do que ninguém sabem que eu o amo.

— É um pecado dizer que tem um babado e não contar. — lamentou Gil.

Breno me encarou com curiosidade:

— Mas… nesse tempo não rolou nenhuma ficada com outro cara?

Olhei pra eles e admiti:

— Sim. Por incrível que pareça, ontem rolou… pela primeira vez desde que terminei com eles. E não fiquei só no beijo, não. Ontem… rolou tudo com o boy. E, pra ser sincero, foi bom.

Eles se entreolharam surpresos, mas Gil foi direto:

— É isso aí. E não se culpe, Renato. Você não faz ideia do que o seu primo querido tá aprontando por aí, longe de você.

Enquanto os outros pareciam absorver a informação, Dinei permaneceu emburrado, calado. Quieto demais. Aquilo começou a me incomodar. Olhei pra ele algumas vezes, esperando uma reação, um comentário… qualquer coisa. Nada.

Até que ele respirou fundo, olhou fixamente pro Gil e falou:

— E quanto ao Jefferson… Gil, eu realmente fiquei fascinado em ver ele duro na minha frente. Mas eu posso ser tudo nessa vida, menos desleal. Jamais avançaria sabendo que ele é o seu macho. Tô sendo sincero. A não ser que… numa outra oportunidade, estando eu solteiro e ele também…

Gil deu uma risada debochada, balançando a cabeça:

— Me engana que eu gosto… Agora, sem rodeios, Dinei você tá ou não tá pensando em abrir a relação? Para de enrolar o coitado do Breno. Ele não merece isso.

Dinei foi pego de surpresa. Ficou vermelho na hora. Mas respondeu, hesitando:

— Eu tô pensando, sim… E acho que isso já diz tudo.

Breno, na hora, balançou a cabeça, decepcionado. Levantou com calma, mas com firmeza na voz:

— Bom, galera… acho que tá na hora de eu e Dinei resolvermos essa conversa lá em casa. Foi bom estar aqui com vocês. Obrigado pela ajuda.

Dinei se levantou logo em seguida, choramingando:

— Você não vai terminar comigo, né? Ô gente, fala com ele!

Breno respondeu, sem perder o tom sereno:

— Vamos conversar, sim. Mas como um casal. A gente precisa chegar a uma decisão. Senão, nossa relação vira uma bagunça.

Eles se despediram e, aproveitando a deixa, também me levantei.

Antes de ir pra casa do meu irmão, passei rapidamente no bar do Jefferson. Ele me recebeu com aquele sorriso simpático de sempre. Me aproximei do balcão e disse:

— Sexta que vem, possivelmente estarei por aqui com meu patrão, viu?

Ele disse todo animado;
— Vou ficar esperando vocês.

E ogo o carro do app chegou.

O motorista me levou até o endereço do meu irmão. Quando chamei no portão, foi meu pai quem veio abrir. Entrei, e logo fiquei impressionado com o capricho da minha mãe. A casa do Ricardo tava impecável — cada móvel no lugar, cada cantinho pensado com cuidado.

Fui recebido por todos que já estavam ali. Graças a Deus, Amanda não foi — era dia de culto na igreja.

Na mesa, tinha salgados variados, e dois tipos de caldo: feijão mexicano e caldo verde.

Enquanto a gente se preparava pra surpresa, minha mãe recebeu uma ligação do Ricardo. Ele tinha acabado de chegar em Volta Redonda e disse que passaria lá em casa pra pegar a chave. Ela, com a voz tranquila, respondeu que estava na casa dele, arrumando algumas coisas.

Minutos depois, vimos o carro dele estacionar.

Eu, meus tios, meu pai e os pais da Letícia nos escondemos no quarto, enquanto minha mãe fingia que estava arrumando a sala.

Quando eles entraram, abraçaram minha mãe. Meu irmão disse que não precisava ela ter ficado ali até aquela hora, mas agradeceu o cuidado.

— Coloca a mala no quarto, meu filho — ela disse com naturalidade.

E foi nesse momento que a surpresa aconteceu.

Quando abriram a porta do quarto… demos um grito em coro:

— Sejam bem-vindos!

Ricardo levou um susto, mas caiu na risada. Letícia, por outro lado, não conteve as lágrimas ao ver os pais ali, sorrindo emocionados.

Ricardo sorriu largo, ainda surpreso:

— Tá, essa eu não esperava… mas foi uma surpresa boa demais.

Letícia, aos prantos, foi direto para os braços dos pais. O pai dela a apertou com carinho enquanto a mãe dizia baixinho no ouvido dela:

— Você merece todo amor do mundo, minha filha.

Eu observava tudo com um sorriso no rosto, sentindo o coração aquecido por fazer parte daquele momento.

Depois de muitos abraços e boas risadas, minha mãe — sempre ela, prática e carinhosa — bateu palmas levemente e anunciou:

— Agora chega de emoção por enquanto, que tem um come e bebe esperando por vocês! Preparei tudo com muito carinho.

Todo mundo se animou e foi pra sala de jantar, onde a mesa já estava posta. Tinha caldo verde, feijão mexicano, tortinhas, coxinhas, enroladinhos, pastéis e suco gelado de maracujá e uva e refrigerante. Nada de álcool, não neste dia.

Ricardo olhou pra mim com um olhar cúmplice e disse:

— Você participou disso também, né?

— Um pouco… — respondi, rindo. — Mas foi ideia da mãe.

Ele foi até ela, a abraçou forte e falou com a voz embargada:

— Obrigado por tudo. Por cuidar de cada detalhe… e por sempre saber o que vai fazer a gente feliz.

Ela sorriu e acariciou o rosto dele:

— É o que mãe faz, meu filho.

Letícia voltou à mesa, ainda emocionada, mas agora sorrindo. Pegou um copo, serviu-se de caldo e agradeceu baixinho, olhando para os pais:

— Vocês não imaginam o quanto isso significa pra mim.

Enquanto todos comiam, conversavam e brindavam a nova fase do casal, eu fiquei ali, quieto por uns minutos, apenas observando. Aquela era uma daquelas noites que a gente guarda pra sempre. Cheia de afeto, cuidado e verdade.

A festa seguia animada, mas em um momento mais tranquilo, meu irmão me puxou discretamente para um canto da varanda.

— E aí… rolou alguma coisa naquela conversa com o Anderson? — perguntou, num tom mais sério.

Respirei fundo antes de responder:

— Não rolou nada, Ricardo. A gente conversou… ele pediu pra voltar, mas eu fui claro: esse não é o momento. Tô focado na faculdade que vai começar, em outras coisas também.

Ricardo ficou em silêncio por um instante, como quem ponderava cada palavra antes de falar.

— Que pena… — ele disse, com sinceridade. — Você sabe que minha torcida é toda de vocês dois.

— Eu sei. — murmurei.

— Ele me ligou quando eu ainda estava em Porto Seguro, falamos sobre você… — continuou. — Cara, só sei que ele tá disposto a tudo. Saca? Ele gosta muito de você. Dá pra ver.

Fiquei em silêncio. As palavras dele ficaram martelando na minha cabeça por um bom tempo, até que ele sorriu e me chamou de volta pra junto do pessoal.

Voltamos a interagir com os convidados, entre piadas, brindes e caldos, até que minha tia se aproximou de mim, com aquele jeito afetuoso de sempre, e falou baixinho:

— Não precisa ficar daquele jeito, meu filho. Eu sei que você ama ele. E tá tudo certo, viu? Hoje Eu vejo as coisas com outros olhos.

Sorri, a abraçando em resposta. Não falei nada, mas naquele gesto morava um obrigado.

Pouco tempo depois, enquanto eu saboreava um mousse de limão na cozinha, meu celular vibrou. Era ele: Anderson.

Antes de atender, olhei ao redor — como se o ambiente pudesse me dar algum sinal. Foi então que vi meu irmão, do outro lado da sala, sorindo
me acenando discretamente. Como se soubesse, como se tivesse previsto.

Pedi licença e fui para o quarto de visitas. Sentei na cama e atendi.

— Oi — disse ele, com a voz suave do outro lado da linha. — Tava falando com o Ricardo agora… ele me contou da surpresa que vocês fizeram. Queria muito estar aí. Não só pelo evento, mas… ao seu lado.

Fiquei em silêncio por um segundo. Ele completou, com um tom mais leve:

— Ah… e ele pediu pra eu perguntar: você é mesmo o único solteiro do evento?

Soltei uma risada abafada.

— É… mais ou menos. Teve uma piadinha, uma situação meio constrangedora. Mas a sua mãe veio falar comigo depois. Foi gentil… me tranquilizou.

— Tá solteiro porque quer, Renato. Eu ainda tô aqui.

— Eu sei, Anderson. Mas a gente já conversou sobre isso…

Ele insistiu, com aquela voz carregada de sentimento:

— Por que você continua dizendo não, mesmo agora que o cenário favorece a gente?

Suspirei fundo.

— Não tiro sua razão. Mas tem um ponto que não ajuda, e você sabe qual é.

Ele respondeu com amargura na voz:

— A maldita distância.

— Isso mesmo — confirmei, baixando o olhar.

Houve um silêncio. Um daqueles que dizem tudo sem dizer nada. Até que ele falou, com a voz embargada:

— Eu vou ter que desligar… mas, por favor, não esquece: eu te amo.

— Também te amo, por mais que ache que não. — respondi, quase num sussurro.

E desliguei.

Fiquei ali, parado por alguns instantes, encarando a parede do quarto como quem tenta achar sentido no que sente. Porque quando o amor esbarra em tempo, espaço e realidade… às vezes, ele dói mais do que conforta.

❤️ Contos Eróticos Ilustrados e Coloridos ❤️
👉🏽 Quadrinhos Eroticos 👈🏽

Comentários (8)

Regras
- Talvez precise aguardar o comentário ser aprovado - Proibido numeros de celular, ofensas e textos repetitivos
  • .: Esperando o Renato ficar com o Pedro. Seria a vingança perfeita

    Responder↴ • uid:4b06ui0mzrc
  • Antony: Coko sempre incrível este conto, só achei totalmente desnecessário a história do Pedro, quanto ao thiagao não passa de um escroto o Renato tem deixar ele no vácuo e só sair com ele quando ele quisesse e da forma dele,enfim colocá-lo no lugar dele. Agora achei assim como o Renato estranho o interesse do Anderson em relação ao Felipe, será que ele não esta afim do mesmo,enfim ele não é confiável. Agora põe dedo podre do Renato, só arruma tranqueira e Boys que só querem usá-lo. Mas a distância realmente é o grande problema, todos sabemos que este tipo de relacionamento não da certo, portanto qualquer um dos dois corre o perigo de se interessar por outro alguém, assim como o Renato está saindo o Anderson deve estar fazendo o mesmo. Já que ambos juram amor incondicional espero eu e nem esta distância os afaste, torso muito pra eles ficarem juntos e terem uma vida normal de casal que precisam realmente um do outro. Obrigado por este conto maravilhoso.

    Responder↴ • uid:1e0htlyub72u
  • Fã do Renato: Que história e capítulo bom, essa saga está incrível!!! Me surpreendi negativamente com o thiagão, espero que o renato esqueça ele, e por mais que eu goste do anderson, quero ver renato tendo a chance de ser feliz com uma outra pessoa mais tranquila e que não traga toda essa bagunça emocional pra ele! Sobre o núcleo de amigos do renato, estou curioso sobre como cada casal vai seguir, pq tem momentos que estão em uma boa fase, mas tudo isso pode mudar rápido rs, queria muito ver o felipe integrado no núcleo de amigos dele tbm, gostei muito da vibe e do jeitinho dele, acho que ele e o renato dariam ótimos amigos! Já estou ansioso pelo próximo e curti muito a surpresa desse, por mais capítulos imensos como esse, pois você é maravilhoso!!!!

    Responder↴ • uid:1drlc6tgxp4v
    • Edson: Também achei que Thiagão não passa a ideia de qualquer relacionamento futuro. Soa mais como Daniel, Naldo... "héteros" que curtem um cuzinho masculino de vez em quando e só, o que o Renato chamou de "lanchinho". 😂😂😂

      • uid:1emmgpmcld4j
  • Edson: Excelente! Só a estória de Pedro, Nara e Naty eu passava. Quanto ao Anderson, difícil mesmo se entregar a ele sem salvaguardas: Já surtou por "desobediência" boba do Renato custando a esse umas boas cintadas, falou poucas e boas sobre o Renato ao Ricardo em praça pública por ele ter lhe "desviado", e rompeu enquanto namorado, amante, ficante etc. embarcando Renato de Joinville rumo ao Rio, na condição de que seriam apenas primos dali por diante. Eis que, assim como das outras vezes, ele volta com a mesma ladainha do amor (estranho amor 😂😂😂).

    Responder↴ • uid:1dvggaf2hyxv
  • Lipe: Aí, esse conto fez meu dia hj, entrava todo dia querendo um capítulo novo e veio aí. Muito bommmm como sempre, uma dózinha do Anderson mas ansioso pelo que vemmm por aí

    Responder↴ • uid:on96155v9b
  • Caiçara: Está maravilhoso a saga

    Responder↴ • uid:fi07cbmm4
  • ALISON: Amo o casal anderson e renato mais esse Thiago aff

    Responder↴ • uid:16lp9rtno27i