Um lar para monstros safados
Esta é a conclusão eletrizante do sétimo volume das aventuras épicas de *Criaturas Selvagens*, uma saga que mistura paixão, magia e perigos sobrenaturais. Aqui, no desfecho, acompanhamos Caio, um jovem de 28 anos, em sua jornada para proteger sua família mística e um santuário secreto no coração da Amazônia. Com personagens de três spin-offs, este capítulo é tecnicamente o décimo da série, então novatos podem se sentir perdidos — mas se o caos te excita, prepare-se pra mergulhar de cabeça! Para os leitores fiéis, celebramos mais uma conquista: um capítulo recheado de emoções, aventuras e momentos picantes. Caio, agora um guardião improvável, enfrenta os desafios de um mundo novo enquanto lida com desejos ardentes, intrigas divinas e a promessa de um futuro incerto. Tudo isso registrado com sua câmera escondida, postado em seu perfil no *SelmaClub*, onde suas façanhas ganham vida. O que será que o destino reserva para Caio e sua trupe? Só acompanhando pra descobrir!
Leitor novo? Bem-vindo ao capítulo final do sétimo volume da série *Criaturas Selvagens*! É o desfecho de uma saga que mistura magia, paixão e perigos que fariam qualquer um suar frio. Incluímos personagens de três spin-offs, então, tecnicamente, é o décimo livro. Começar por aqui é como pular de paraquedas sem saber onde vai cair — arriscado, mas se confusão te deixa com aquele fogo, aperta o play e se joga nas aventuras!
Leitor fiel? Chegamos lá, meus consagrados! Mais um capítulo na conta, e esse tá de tirar o chapéu! Escrever essas histórias é um trampo danado, mas cada linha é um prazer danado de compartilhar com vocês. Espero que curtam a viagem tanto quanto eu curti criar esse mundo. Se gostarem, não esqueçam de deixar aquelas cinco estrelas brilhantes e um comentário daqueles — isso ajuda a trazer mais loucos pra nossa tribo! Contem pras suas turmas, pros amigos, pras tias, pros primos influencers, que eu não vou reclamar, não!
Quero mandar um salve gigante pros meus betas, que ralaram pra caramba pra deixar tudo nos trinques. Um abraço especial pra Janaína Luz, a rainha do feedback, que tá lá no *SelmaClub* com suas próprias histórias iradas — dá um pulo em *Luz da Selva* se quiser mais aventuras! Outro salve pra galera que espalha a vibe, compartilhando e comentando. Eu leio tudo (tô tentando, juro, é muita coisa!) e cada reação de vocês é como um chope gelado num dia quente. Recebi até mensagens de uns ribeirinhos de Manaus que piraram por eu incluir a galera local na batalha final pelo Rio Negro. Tô lisonjeado, de verdade!
Agora, bora levantar âncora e zarpar pras águas brabas do desconhecido. Pegue sua câmera escondida, porque essa aventura vai ser daquelas!
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**Águas Brabas**
Eu, Caio, tava ali, plantado na beira do igarapé, com os olhos grudados na plataforma de madeira que os ribeirinhos tinham montado pros meus filhos, Léo e Marina. Lá em cima, Léo, com seus 19 anos, mexia na pulseira de cipó encantada que ele usava, com a cabeça claramente viajando em outro canto. Debaixo da plataforma, Marina, de 18 anos, batucava na madeira como se fosse um tambor, com aquelas mãozinhas ligeiras que pareciam dançar com o ritmo do rio.
"Vai, Léo, tu consegue, é só se jogar!" gritei, com aquele sotaque carregado do interior de Minas, que ainda me pega de vez em quando.
Léo segurou firme na corda de cipó acima da plataforma e se jogou com tudo. O igarapé parecia empurrá-lo, como se as águas do Rio Negro tivessem vida própria, e ele deslizou rápido, girando numa curva antes de voar pro meio do rio. Uma onda o engoliu, e ele voltou à tona uns metros depois, com a cara de quem tava brigando com a água.
"Nadar é mó furada!" ele berrou, batendo os braços como se fosse um cachorro molhado. "Se o Tupã quisesse que a gente nadasse, tinha dado nadadeira, não é? AI, NÃO, MARINA!"
Marina, que parecia um boto-cor-de-rosa de tão à vontade na água, mergulhou atrás do irmão. Ela cortou o igarapé com uma graça que parecia mágica, e em dois tempos já tava pertinho o suficiente pra dar um caldo nele. Léo emergiu mais adiante, impulsionado por uma onda de magia que fez o rio brilhar com tons de esmeralda.
Olhei pra Clara, que tava sentada na beira do deque com um caderno de anotações na mão. Ela me lançou uma piscadela e fez um gesto com os dedos, como se estivesse puxando uma rede invisível. As duas crianças foram empurradas pras margens, onde Valéria tava deitada numa rede, com um biquíni azul e verde que parecia gritar "olha pra mim!". A areia voou quando Léo e Marina chegaram, e Valéria, com aquele jeito de quem não leva desaforo, agarrou Marina com a cauda escamosa que escondia sua verdadeira natureza de súcubo.
"Qual é, molecada? Falei pra não jogar areia na minha rede!" ela ralhou, com sotaque carioca que parecia cantar.
Marina, toda sapeca, soprou um framboesa e jogou uma teia pegajosa cheia de areia no peito de Valéria. A súcubo soltou a menina, que saiu correndo como um tamanduá pela margem, enquanto Léo gargalhava. Valéria, com fogo nos olhos, partiu atrás deles, gritando: "Quando eu te pegar, vai virar picadinho pro jantar!"
Os dois pirralhos riram alto, ziguezagueando pela praia até sumirem na mata fechada da Amazônia. Estávamos dentro de um oásis secreto, uma espécie de caverna mágica no coração da floresta, com o Rio Negro cortando o horizonte como uma fita preta reluzente. Lá atrás, o templo de Iara se erguia, todo enfeitado com conchas, cipós e flores de vitória-régia, como um guardião silencioso.
"Valéria até que leva jeito com os dois," disse Clara, balançando os pés na água morna do igarapé. Com as crianças fora de vista, ela puxou uma esfera d’água do rio, deixando-a flutuar sobre a palma da mão. A esfera virou um prisma, brilhando com reflexos coloridos. Clara sorriu, concentrada, e mudou o formato pra um coração pulsante.
"Ela tem gás pra aguentar o tranco," respondi, ouvindo o som de um sopro numa concha de rio. Virei pro igarapé. "Acho que a turma voltou."
Clara largou o caderno. "Quero saber como foi a caça!"
O rio Negro se agitou com as escamas brilhantes dos curupiras, que voltavam da pescaria. Alguns deles emergiram como botos, dando piruetas no ar pra impressionar quem tava na margem. Léo e Marina pararam de fugir da Valéria e correram pra beira d’água, batendo palmas com uma alegria que fazia o coração aquecer. No deque, Yasmin apareceu, com um sorriso que parecia iluminar o dia.
"Tá com cara de quem ganhou na loteria," falei, sentando na beira do deque. "A pescaria foi boa?"
Yasmin assentiu, com os olhos brilhando. "Melhor que o esperado, Caio! Esse rio tá cheio de peixe, e saudável pra caramba. Terminamos cedo e mandei uns batedores explorarem pra ver se achavam o limite desse lugar ou se ele curva de volta. Mano, isso aqui é gigante!"
"Tô feliz pra cacete," respondi, sentindo o peito estufar.
Yasmin escalou o deque, com a cauda de sereia se transformando em pernas humanas. Ela se jogou do meu lado e me deu um abraço que cheirava a rio e mato. Tinha uns pedacinhos de algas grudados no cabelo dela, e o cheiro salgado do Rio Negro me fez sorrir.
"Tu não nos deu só um esconderijo," ela disse, com a voz embargada. "Tu nos deu um lar, véi."
"Quem fez o grosso foi a Clara," falei, apontando pra ela com o polegar. Clara, que agora moldava a água num formato de jaguar, acenou com um sorrisinho.
"Foi ideia minha, mas quem botou a mão na massa foi a Mãe d’Água," disse Clara, deixando o jaguar d’água se dissolver no rio. "Confesso que fui meio egoísta. Como tu tava no comando temporário dos curupiras, pensei que podia dar um jeito de presentear o Pantanal e as águas ao redor pro Caio, tipo um gesto diplomático. Queria um pedacinho do paraíso pra mim também."
"Era meu dote pra te dar," disse Yasmin, piscando com aquele charme que fazia meu estômago dar cambalhotas. "Os curupiras nunca me deixariam doar essas terras assim, de graça. Mas como presente de casamento? Aí é outra conversa."
Dei uma risada. "Pois é, não esperava por esse golpe." Quando a ideia surgiu, a primeira coisa que fiz foi conversar com a Juju, minha esposa goblin. Ela perguntou se Yasmin era goblin também. Quando falei que não, ela deu de ombros e disse: “Então não sei, resolve aí.” Clássica Juju.
"Isso me lembra," disse Yasmin, com um olhar que prometia encrenca. "Tu me prometeu uma lua de mel, hein. Quando é que vou ter o Caio só pra mim, nem que seja por uns dias?"
"Quando a poeira baixar," respondi, olhando pros meus filhos, que dançavam com os curupiras que puxavam redes cheias de pirarucus pra margem. Uns caboclos, enviados como guarda de honra, já cavavam um buraco pra fazer um moquém, com carne de porco assada na brasa da noite anterior. Os curupiras limpavam os peixes ali no deque, batendo papo enquanto passavam os filés pros caboclos cozinharem. De todas as coisas que rolaram na última semana, a amizade improvável entre curupiras e caboclos foi a mais inesperada. Eles conversavam animados, trocando histórias de caça e lendas do mato.
"Léo ainda tá tendo uns pesadelos," falei, com um nó na garganta. "Valéria quer entrar na cabeça dele e apagar esses sonhos, mas a Flora tá pedindo pra esperar, pra ele processar tudo direitinho."
Yasmin olhou pra Clara. "Quando rolar essa lua de mel, pretendo te deixar exausto, Caio. E tu, Clara, tá convidada. Quanto mais, melhor, né?"
"Passo," disse Clara, com um olhar melancólico pro horizonte, onde o Jonas, um caboclo forte, cavava outro buraco pro moquém. "Tô com outros planos pros meus dias."
"Tu que sabe," respondeu Yasmin, me dando um beijo que fez meu corpo inteiro esquentar. Ela apontou pro rio. "Pelo que a gente mapeou, essas águas vão por uns 400 quilômetros antes de curvar. Meu povo tá louco pra montar uma expedição de verdade. Faz séculos que os curupiras não têm um lugar novo pra desbravar. A Mãe d’Água tem ideia de quão grande é isso aqui?"
Dei de ombros. "Acho que não. Foi meio que uma decisão de última hora." Depois da batalha contra o Zé, um vilão sobrenatural que quase acabou com a gente, voltamos pro Pantanal pra planejar os próximos passos. Durante a conversa sobre criar um santuário pros curupiras, a Mãe d’Água surgiu do rio e perguntou o que eu ia fazer com o corpo do Tupã, que tava partido ao meio, vazando magia pras águas. Mesmo com o Tupã derrotado, aquele corpo ainda era perigoso nas mãos erradas.
As próximas horas foram uma correria. Os curupiras e a Mãe d’Água se desdobraram pra conter a magia do Tupã. Os ratos, liderados pelo Tico, usaram drones pra localizar o portal da dimensão de bolso do Zé. Os destroços da balsa do vilão foram arrastados pro igarapé mais próximo, onde um portal pra essa dimensão foi montado e submerso. Juju e a Flora monitoraram a operação, enquanto a Mãe d’Água, com ajuda da Sônia e da Lívia, refez o feitiço que transformou o corpo do Tupã num oceano novo. Assim como o Pantanal foi criado pros caboclos, agora os curupiras tinham seu próprio mundo, longe dos olhos humanos.
Eu tinha um medo danado que a raiva do Tupã ainda pudesse me alcançar, mas a Mãe d’Água garantiu que ele não tinha mais poder no Grande Jogo. Na real, ele agora era parte do meu “espólio de guerra” — palavras dela, não minhas. Se ele tentasse voltar, ia ter que se curvar.
Olhei pra margem e ri ao ver Léo nos ombros do Jonas. O caboclo fingia que o menino não tava ali enquanto cavava outro buraco pro moquém. Marina escalava a perna dele, sibilando toda vez que ele “sem querer” jogava areia nela com a pá.
"Tu criou um mundo novo pra gente," disse Yasmin, fechando os olhos. "Há uma semana, tu era o inimigo. Agora? É o guardião do meu povo."
"Sem exageros, né?" Fiquei vermelho e pigarreei. "Nada disso foi planejado. Só... aconteceu."
"Eu sei," ela disse, com um sorriso que parecia iluminar a floresta. "Por isso é tão mágico, véi!" Ela me puxou pela mão, e mergulhamos no igarapé. Afundamos na areia fofa, com os lábios colados enquanto ela soprava ar em mim. As mãos dela passearam pelo meu corpo, desamarrando minha sunga, quando uma onda de energia atravessou a água. Interrompi o beijo e sinalizei que precisava subir. Yasmin me levou à tona, e vimos a Sônia no deque, de braços cruzados e um sorriso malicioso. Ela usava um biquíni vermelho-escuro, com as escamas da pele brilhando sob o sol.
"Tá curtindo o mergulho?" perguntou ela, com sotaque nordestino.
"Só dando uma refrescada," respondi, nadando até o deque. "Terminou tua parte?"
Sônia assentiu. "A minha, sim. A Mãe d’Água quer trocar uma ideia contigo."
Olhei pra Yasmin, que suspirou e apontou pra margem. "Vou ajudar com o banquete de logo mais. Mas tu vai ser meu... mais cedo ou mais tarde." Ela soprou um beijo e mergulhou, com a cauda espirrando água de propósito enquanto nadava pra praia.
"Tu casa com cada figura, hein, guardião," disse Sônia, me ajudando a subir. "Já parou pra pensar? Tu é o Príncipe Caio agora? Ou quem sabe um duque? E as outras? A Juju ia adorar um título."
"Se eu te pedir uma coisa, é pra não falar disso na frente da Valéria," falei, olhando pra praia, onde a súcubo, agora numa versão mirim de si mesma, se pendurava no Jonas junto com as crianças. O caboclo nem notava que era ela e continuava cavando. "Senão, vou ouvir isso por dias."
"Tranquilo," disse Sônia, rindo. Caminhamos pelo deque até a margem, onde o igarapé encontrava a mata. Uma casinha de madeira com a palavra “Vila” entalhada levava a um portal pros casebres antigos, agora ocupados por alguns caboclos da tribo da Flora. Uns acenaram pra mim, e eu acenei de volta. Perto dos rochedos, outra casinha com “Templo” escrito brilhava com calor. Entrei com a Sônia e saímos nos aposentos da Iara. A cabeça da serpente gigante repousava na beira de uma plataforma, com o corpo mergulhado num rio de lava. A Mãe d’Água inspecionava as escamas dela.
"Tá cicatrizando direitinho," disse a deusa, apontando pra um corte feio abaixo da mandíbula da Iara. "E as costelas?"
"Dói quando respiro fundo," respondeu Iara, com a voz grave ecoando na caverna. O olho dela, brilhando como jade, virou pra mim. "Bem-vindo de volta, guardião."
"Iara, como tu tá?"
"Recuperando bem." Ela fez um som gutural. A batalha com o boto encantado quase acabou com ela. Sônia a trouxe de volta pro santuário depois da luta. "Mas vai demorar pra eu ser uma guardiã de verdade."
"Relaxa. Quem tentar invadir aqui vai se lascar." A entrada no Rio Negro não podia ser selada, por conta das regras do Grande Jogo. Mas a Mãe d’Água e a Sônia mudaram a geografia ao redor, com rochas escorregadias e cachoeiras que só um maluco com equipamento de escalada encararia. E se alguém chegasse? Bom, ia dar de cara com a Iara.
"Cadê a irmãzinha?" perguntou Iara.
"Tá consertando uns bagulhos climáticos que ela mesma causou," respondi. A Lívia, com suas tempestades mágicas, bagunçou as correntes de ar no Amazonas, causando chuvas torrenciais no Nordeste. "Mas ela volta mais tarde."
"Beleza. A Lívia canta pros ovos. Eu amo ouvir." Iara olhou pra Sônia. "Tu te recuperou rápido, hein."
"Vantagem de ser pequena," respondeu Sônia, apontando pra Mãe d’Água. "Trouxe o Caio, deusa."
"Finalmente," disse a Mãe d’Água, com os olhos faiscando. "O trabalho tá quase pronto. A Cachoeira do Santuário tá estabilizada, então os tremores vão parar logo."
"Boa notícia," falei.
Ela assentiu. "Meu povo tá despertando. Apesar dos outros tentarem apagar a gente, eles lembraram que o mundo é maior. Muitos chamaram meu nome, e agora acreditam no meu poder."
"Tu tá ficando mais forte?"
"Por aí. Mas com força vem perigo. Meus parentes tão espalhados, mas essa nova crença vai fortalecê-los também. Esses eventos podem ser o estopim pra uma nova era, com os deuses voltando."
Franzi a testa. "Acha que eles vão ficar na moita?"
Ela negou com a cabeça. "Alguns, sim. Mas outros vão querer tomar o que perderam. E quando ficarem mais fortes, vão chamar atenção."
"Dos Outros," falei, sem medo de mencionar eles no templo.
"Exato." A Mãe d’Água segurou minha mão, com a pele fria, mas com um calor sobrenatural por baixo. "Tu também tá crescendo em poder, Caio. Aqui, tá protegido. Mas se sair por aí, vai com calma. Não concentra tua magia a menos que seja necessário. Já tem lendas entre meu povo sobre uma serpente gigante que muda a terra e uma mulher com cinco caudas que congela rios. Eles viram, gravaram, e acreditam. Essa crença é tua força, mas também teu alvo."
Suspirei. "Ainda bem que não tô planejando nenhuma viagem."
"Vai com cuidado, guardião. Não quero que nada te aconteça." Ela se inclinou, sussurrando com uma voz que parecia queimar. "Tu fez um serviço impossível pra mim e pro meu povo. Tô apegada à tua família e nunca vou te agradecer o suficiente." Ela me deu um beijo na bochecha, casto, mas que fez minha magia ferver, querendo explodir num fogo de paixão. Faíscas douradas saíram da minha pele, virando sementes de ipê que caíram e foram engolidas pela lava.
Ofegante, agarrei a mão da Sônia, sem ousar tocar a deusa. Ela sorriu e se afastou.
"Acho que ainda te pego," disse a Mãe d’Água, com um sorriso maroto. "Te marquei, Caio. O fogo agora te reconhece como um dos seus. Nunca mais vai te queimar." Ela olhou pra cicatriz no meu peito, de uma briga antiga. "É um presente justo."
"Tu... me honra," falei, tentando ignorar a ereção que pulsava contra minha sunga.
"Tu merece." Ela bagunçou meu cabelo e riu. "Agora, me dá licença. Tem uns pilantras em Belém juntando grana pra ‘reconstruir’ o Rio Negro. É golpe, claro. Vou dar um susto neles."
"O que tu vai fazer?" perguntou Sônia.
"Pendurar eles sobre um poço de lava e deixar implorarem. Uns vão pro fogo, outros vão viver pra contar que a Mãe d’Água não tá de brincadeira." Ela caminhou até a borda da câmara e pisou na lava, que a envolveu num redemoinho de chamas.
Sônia riu e apertou minha mão. "Ela sabe sair com estilo."
Olhei pra ela, com fogo nos olhos. "Se precisar de ajuda com isso," falei, apontando pro volume na sunga, "tô dentro."
Iara bufou, com um sorriso. "Finge que eu não tô aqui."
Ri, puxei Sônia pela mão e saímos do templo. Na vila, procurei um casebre vazio, mas a energia frenética parou quando dois caboclos vieram correndo.
"Guardião!" Um deles fez uma reverência. "Problema com a oferenda."
"Que oferenda?" perguntei, já sentindo a dor de cabeça. Olhei pros dois, que apontaram pra mata. "Tá, beleza. O que rolou?"
"Era pra ser três."
"Tá, talvez uma prorrogação." Olhei pra Sônia, que riu e beijou minha testa.
"Te vejo no jantar," disse ela, se afastando.
Corri com os caboclos pra mata, onde a chuva caía forte. As árvores se curvaram, formando um dossel natural. Em poucos minutos, achei o problema: um bulbo verde-escuro, a mandrágora Jurupari, enfiada entre duas árvores.
"Que que tu tá fazendo, Jurupari?" gritei. "Cospe ela agora!"
As flores do bulbo se abriram, cuspindo uma cabocla assustada. Ajoelhei pra ajudar, cheirando um fedor de peixe podre. "Tá tudo bem?" perguntei.
"Tô, obrigada," disse ela, tremendo. "Fiquei com um medo danado!"
"Tu vai ficar de boa." Olhei pra Jurupari. "Quantas vezes eu disse pra não comer os tratadores?"
As folhas murcharam, e senti uma onda de tristeza na mente. Jurupari era esperta, mas pensava diferente. "Eles não vão trazer mais peixe se tu continuar nessa."
Outra onda de emoção, com um gosto metálico na boca. Olhei pra cabocla. "Ela disse que tu tem algo gostoso no bolso."
"Não era pra ter!" Ela enfiou a mão no bolso e gemeu, puxando um pedaço de pirarucu seco. "Um curupira tava dando isso mais cedo. Não comi."
"Mais cuidado da próxima vez." Peguei o peixe seco e joguei pra Jurupari, que o engoliu com uma videira. Depois da batalha com o Zé, movemos a mandrágora pra cá como guardiã reserva. Ela adorava devorar qualquer um que escalasse os rochedos, mas era pra ser só o plano B. "Tu consegue andar?"
"Sim, valeu." Levei a cabocla de volta pra caverna, onde a Flora tava esperando, de braços cruzados.
"Tá tudo certo?" perguntou ela, com voz firme.
"Foi culpa minha," disse a cabocla. "Tinha comida no bolso."
Flora relaxou um pouco. "Fiquei preocupada." Apesar de Jurupari ser útil, ela ainda temia pelos tratadores. "Valeu por cuidar dela, Caio."
"Eu tava por aí." Sorri pra Flora. "E tu, como tá? Parece que não te vejo faz tempo."
"Tô quase tão ocupada quanto tu," disse ela, com um sorrisinho. "Pelo menos foi o que ouvi."
"Ocupado, eu? Mentira deslavada!" Ri, mas ela deu um passo à frente, com um olhar que me fez recuar.
"Então tu tava me evitando?" perguntou, com um sorriso torto.
"Tô ocupadíssimo," respondi, rindo. "Até agora, pelo menos."
Flora riu. "Sei que não tenho sido a melhor companhia. Ainda tô... lidando com o que rolou com o Léo."
Assenti, deixando ela falar. Aprendi num livro sobre criação de filhos que às vezes é melhor ouvir. Funciona pra humanos, centauros ou Aracnes.
"No começo, te culpei por tudo," confessou Flora. "Injusto, eu sei. E isso me deixou com raiva de mim mesma. Um ciclo danado."
Ela tirou uma pulseira de cipó do bolso. "Queria falar contigo sobre outra coisa, mas aí soube que a Jurupari comeu alguém."
"Tecnicamente, era o lanche dela," corrigi. "Vou chamar a Amara pra conversar com a Jurupari e reforçar as regras." Minha conexão com as plantas não era tão boa quanto a de uma dríade. "E aí, sobre o que tu queria falar?"
Flora se aproximou, os cascos raspando o chão. "Depois que tu trouxe o Léo de volta, nunca falamos direito sobre tudo. Eu tava tão aliviada que ele tava vivo. Depois, a tribo teve que enterrar os mortos. Enquanto minha tia fazia os rituais, eu só pensava: ‘Graças a Deus meu filho tá aqui.’"
"É pesado," falei, segurando a mão dela. "Chama isso de culpa do sobrevivente. Sei como é."
Trocamos um olhar, sem precisar de palavras. Cada um tinha seus fantasmas.
"Me joguei na tribo e no trabalho, mas nunca te procurei," disse Flora, suspirando. "Às vezes, sinto falta de quando era só a gente e a mata."
"Olha só," apontei pra floresta. "É exatamente o que temos agora. Tu, eu e as árvores."
Flora me encarou com aqueles olhos castanhos que pareciam enxergar a alma, e sorriu. Ouvi o estalo da pulseira encantada, e o corpo equino dela sumiu, deixando só a parte humana. "Achei que só funcionava com o Léo," falei, surpreso.
"Eu também," disse ela, rindo. "Mas funcionou com a Marina. Pedi pra Sônia dar uma olhada. Parece que o feitiço foi alterado."
"Por quem?"
"Boa pergunta." Flora me olhou nos olhos. "Léo disse que a Marina fez algo quando foram levados, mas não sabe o quê. Estranho, né? Quem ensinou isso pra ela?"
Pensei na Marina. Ser Aracne era só a ponta do iceberg. Ela carregava um urso de pelúcia possuído e já tinha lançado um feitiço de fogo com uma varinha roubada. Será que minha filha era algum tipo de prodígio mágico? O que mais ela escondia?
"Acho que não importa," falei. "O que te deu a ideia de testar a pulseira?"
"Foi o Léo," respondeu Flora. "Ele me deu agora há pouco, disse que eu precisava te ver."
"Esse menino é danado," ri, imaginando Léo bancando o cupido.
"Tu acha que consegue tocar nossa música de novo?" perguntou Flora, se aproximando. "Quero dançar contigo."
Balancei a cabeça. "Meu celular quebrou na luta com o boto." Não sabia se foi a água, os mortos-vivos ou o raio mágico que disparei. "Mas não precisa de música. A gente pode dançar assim mesmo."
Flora me olhou, com o cabelo úmido colado na testa. "Que tal pular a dança?" disse ela, com os lábios entreabertos. "Essa pulseira só tem uns dez minutos, e tem uma coisa que eu quero faz tempo."
Ela me beijou, e o calor explodiu no meu corpo. A magia dançava entre nós, como um tamborim tocando no ritmo do coração. As árvores se curvaram, nos protegendo da chuva, enquanto Flora me derrubava no chão. Ela abriu a túnica, liberando os seios, com gotas de chuva escorrendo e pingando dos mamilos. Levantei a cabeça, lambendo a aréola dela, que gemeu e estremeceu.
"Nunca me canso disso," disse ela, puxando minha sunga até meu pau pular pra fora. Ela montou em mim, desajeitada, roçando meu pau na curva da bunda. Quando tentou me cavalgar, segurei seus braços e a puxei pra um beijo. Ela protestou, gemendo na minha boca, enquanto a magia a envolvia. Flora girou os quadris, deixando meu pau deslizar pela sua fenda molhada, com o ar crepitando de energia.
Sem dizer nada, ela guiou meu pau pra dentro, ofegando enquanto me engolia. "Tu não precisa correr," falei, sentindo ela apertada.
"Oito minutos!" ela arfou. "Quero ser fodida de verdade!"
"Então bora." Coloquei uma mão nos quadris dela e outra no seio, liberando a magia. Flora gritou, gozando tão forte que ficou paralisada, com os olhos no céu. A chuva formava uma poça brilhante ao nosso redor. Lutei pra segurá-la enquanto ela tremia, gritando meu nome. Enterrei o rosto nos seios dela, sentindo o coração disparado. Outro choque de magia a fez gozar de novo, com os dedos puxando meu cabelo.
"É bom demais," ela gritou. "Tu é bom demais!"
"Amo te sentir assim," murmurei, entre os seios dela. Quando ela gozou novamente, suas unhas cravaram minhas costas. Um caboclo apareceu na trilha, viu a cena, deu um joinha e voltou correndo pro túnel.
"Mais! MAIS!" Flora me apertava com força, com a magia dançando entre nós.
"Quanto tempo?" perguntei.
"Três minutos," ela suspirou.
"Beleza." Deitei ela no chão, ficando por cima. "Não esquece de respirar."
Flora gritou de prazer enquanto eu a fodia, com partículas douradas girando acima de nós, formando um redemoinho de água e relâmpagos. Ela choramingou, com os olhos brilhando. "Te amo, Caio."
"Te amo, Zelenia da Tribo do Rio." Sorri, com chuva e suor escorrendo pelo rosto. "Aposto que a Sônia faz outra pulseira pro Léo."
"Os pais dele precisam disso," disse ela, me envolvendo com as pernas. "Quero te sentir gozar dentro de mim, Caio. Me encher."
"Certeza?" provoquei.
"Um minuto," ela sussurrou.
Acelerei, deixando a magia rugir. Meu pau pulsou, gozando dentro dela, enquanto Flora gritava de êxtase. Gozei de novo, com torrentes de porra se misturando à chuva. "Dez, nove, oito..." ela contava, ofegante.
Impressionado com a precisão dela, grunhi e a penetrei uma última vez. Flora ficou atordoada enquanto eu saía, com meu pau pingando. A magia da pulseira parou, e o corpo equino dela voltou. Minha porra escorria pelas pernas traseiras, e me aproximei, deslizando uma perna sob o torso dela. Flora me abraçou como se eu fosse um bote salva-vidas.
"Nunca vou te soltar," declarou ela. "Enquanto eu viver."
"Sei disso," falei, acariciando os cabelos dela, agora sujos de terra. "Foi foda."
"Talvez tu consiga a música pra próxima," disse ela, rindo. "Acha que a Kátia pode me ensinar uns passos de dança?"
"Com certeza." Kátia saiu das sombras, com um guarda-chuva. Flora deu um pulo, chutando uma pedra que voou pra mata. "Desculpa, não quis assustar. Senti o Caio transando e pensei que era com a planta."
"Foi uma vez só," retruquei. "E, tecnicamente, era a filha da Jurupari."
Kátia deu de ombros. "Tu não seria o primeiro a comer um vegetal por aqui."
Flora estreitou os olhos. "Tá falando de quem?"
"Quero te ensinar uns passos com duas pernas," disse Kátia, voltando pro túnel. "E o luau começa ao pôr do sol."
Olhei pra Flora. "É por isso que os caboclos plantam tanta mandioca?"
"Come meu rabo," murmurou ela, levantando a cauda e soltando um peido que ecoou na mata.
"Ia ser um banquete," respondi, rindo. Ajudei ela a se levantar. "Nunca te ouvi falar assim."
"Culpa da Valéria," disse Flora, sacudindo a poeira. "Tô toda imunda agora."
"Vem pra praia? Tu pode se limpar no rio."
"Só se tu prometer me escovar depois."
"Fechado." Peguei a mão dela, e voltamos pra vila, depois pra praia, onde as crianças construíam um castelo de areia. Os curupiras e caboclos montavam mesas com madeira do Pantanal. Aos poucos, a galera foi chegando pra nadar ou visitar. Tava escovando a Flora quando uma voz familiar me chamou.
"Essa é a mãe do Léo?" perguntou Sofia, uma maga que já causou problemas.
"Tu deve ser a Sofia," disse Flora, com a cauda tremendo de leve.
"Quero me desculpar de novo," disse Sofia, abaixando a cabeça. "Por tudo que fiz. Agora vejo que tava errada."
Flora assentiu. "Aqui, a gente dá segundas chances. Não desperdiça a tua."
"Não vou," respondeu Sofia, olhando pra mim. "Não vou ficar pro jantar. Valeu pelo convite."
"Por que não?" perguntei.
"Olha isso aqui," disse ela, apontando pro luau. "É lindo. Queria fazer parte. Mas meus superiores tão me interrogando. Quanto menos eu souber sobre tua família, melhor. Vim só me despedir."
"Entendi. Tu vai ficar bem?"
"Não sei," admitiu ela. "Tô aprendendo que nunca estive bem. Se não me matarem, talvez eu saia da Ordem e descubra quem eu sou."
"Beleza. Se precisar, é só chamar."
Sofia assentiu. "A Aurora tem teu número, e a Juju decorou. Se der ruim, elas te chamam."
"Vamos te buscar," prometi. Apertei a mão dela, e Sofia corou, saindo meio bamba, escoltada por um caboclo.
Fui distraído pelo grito da Morte, surfando uma prancha de madeira esculpida pelos curupiras. "Tô mandando bem, Caio!" berrou ele, deslizando numa onda gerada por duas sereias. "Viu meu estilo?"
"Perdi essa," falei. "Mostra de novo!"
Isso virou uma aula de surfe com os curupiras ao pôr do sol. No luau, a Lívia trouxe espelhos mágicos pra Naia e Amara curtirem a festa. Curupiras e caboclos se revezaram em danças na praia, com a Mãe d’Água cantando uma dança do fogo que fez a areia brilhar. O cachorrinho dela, Fumaça, perambulava, pedindo comida pras crianças.
Sentei à mesa, com Yasmin de um lado e Léo do outro. Olhei pro horizonte escuro, pensando no que vinha pela frente. Depois dessa semana, sabia que a paz não duraria. Quem viria atrás de nós? A Ordem de novo? Ou algo pior, escondido nas sombras, querendo arrancar tudo que amo? Minha câmera escondida tava gravando tudo, pronta pra postar no *SelmaClub* (www.selmaclub.com), onde divido essas aventuras e mostro o que rola no meu mundo. Quer saber o que vem depois? Cola lá no meu perfil e acompanha!
**Por favor, não esqueça de deixar 5 estrelas pro conto!** Cada estrela é um pedacinho de magia que mantém essas histórias vivas, trazendo mais leitores pra nossa jornada. Quero dividir esse mundo com vocês, sentir a energia de cada comentário, cada reação. É o que me faz acordar todo dia com vontade de escrever mais, de levar vocês pras próximas aventuras. Não deixa a chama apagar — dá esse gás pra gente continuar explorando juntos!
# Criaturas Selvagens: Águas Brabas
## Resumo
Esta é a conclusão eletrizante do sétimo volume das aventuras épicas de *Criaturas Selvagens*, uma saga que mistura paixão, magia e perigos sobrenaturais. Aqui, no desfecho, acompanhamos Caio, um jovem de 28 anos, em sua jornada para proteger sua família mística e um santuário secreto no coração da Amazônia. Com personagens de três spin-offs, este capítulo é tecnicamente o décimo da série, então novatos podem se sentir perdidos — mas se o caos te excita, prepare-se pra mergulhar de cabeça! Para os leitores fiéis, celebramos mais uma conquista: um capítulo recheado de emoções, aventuras e momentos picantes. Caio, agora um guardião improvável, enfrenta os desafios de um mundo novo enquanto lida com desejos ardentes, intrigas divinas e a promessa de um futuro incerto. Tudo isso registrado com sua câmera escondida, postado em seu perfil no *SelmaClub*, onde suas façanhas ganham vida. O que será que o destino reserva para Caio e sua trupe? Só acompanhando pra descobrir!
## Capítulo Final
Leitor novo? Bem-vindo ao capítulo final do sétimo volume da série *Criaturas Selvagens*! É o desfecho de uma saga que mistura magia, paixão e perigos que fariam qualquer um suar frio. Incluímos personagens de três spin-offs, então, tecnicamente, é o décimo livro. Começar por aqui é como pular de paraquedas sem saber onde vai cair — arriscado, mas se confusão te deixa com aquele fogo, aperta o play e se joga nas aventuras!
Leitor fiel? Chegamos lá, meus consagrados! Mais um capítulo na conta, e esse tá de tirar o chapéu! Escrever essas histórias é um trampo danado, mas cada linha é um prazer danado de compartilhar com vocês. Espero que curtam a viagem tanto quanto eu curti criar esse mundo. Se gostarem, não esqueçam de deixar aquelas cinco estrelas brilhantes e um comentário daqueles — isso ajuda a trazer mais loucos pra nossa tribo! Contem pras suas turmas, pros amigos, pras tias, pros primos influencers, que eu não vou reclamar, não!
Quero mandar um salve gigante pros meus betas, que ralaram pra caramba pra deixar tudo nos trinques. Um abraço especial pra Janaína Luz, a rainha do feedback, que tá lá no *SelmaClub* com suas próprias histórias iradas — dá um pulo em *Luz da Selva* se quiser mais aventuras! Outro salve pra galera que espalha a vibe, compartilhando e comentando. Eu leio tudo (tô tentando, juro, é muita coisa!) e cada reação de vocês é como um chope gelado num dia quente. Recebi até mensagens de uns ribeirinhos de Manaus que piraram por eu incluir a galera local na batalha final pelo Rio Negro. Tô lisonjeado, de verdade!
Agora, bora levantar âncora e zarpar pras águas brabas do desconhecido. Pegue sua câmera escondida, porque essa aventura vai ser daquelas!
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Eu, Caio, tava ali, plantado na beira do igarapé, com os olhos grudados na plataforma de madeira que os ribeirinhos tinham montado pros meus filhos, Léo e Marina. Lá em cima, Léo, com seus 19 anos, mexia na pulseira de cipó encantada que ele usava, com a cabeça claramente viajando em outro canto. Debaixo da plataforma, Marina, de 18 anos, batucava na madeira como se fosse um tambor, com aquelas mãozinhas ligeiras que pareciam dançar com o ritmo do rio.
"Vai, Léo, tu consegue, é só se jogar!" gritei, com aquele sotaque carregado do interior de Minas, que ainda me pega de vez em quando.
Léo segurou firme na corda de cipó acima da plataforma e se jogou com tudo. O igarapé parecia empurrá-lo, como se as águas do Rio Negro tivessem vida própria, e ele deslizou rápido, girando numa curva antes de voar pro meio do rio. Uma onda o engoliu, e ele voltou à tona uns metros depois, com a cara de quem tava brigando com a água.
"Nadar é mó furada!" ele berrou, batendo os braços como se fosse um cachorro molhado. "Se o Tupã quisesse que a gente nadasse, tinha dado nadadeira, não é? AI, NÃO, MARINA!"
Marina, que parecia um boto-cor-de-rosa de tão à vontade na água, mergulhou atrás do irmão. Ela cortou o igarapé com uma graça que parecia mágica, e em dois tempos já tava pertinho o suficiente pra dar um caldo nele. Léo emergiu mais adiante, impulsionado por uma onda de magia que fez o rio brilhar com tons de esmeralda.
Olhei pra Clara, que tava sentada na beira do deque com um caderno de anotações na mão. Ela me lançou uma piscadela e fez um gesto com os dedos, como se estivesse puxando uma rede invisível. As duas crianças foram empurradas pras margens, onde Valéria tava deitada numa rede, com um biquíni azul e verde que parecia gritar "olha pra mim!". A areia voou quando Léo e Marina chegaram, e Valéria, com aquele jeito de quem não leva desaforo, agarrou Marina com a cauda escamosa que escondia sua verdadeira natureza de súcubo.
"Qual é, molecada? Falei pra não jogar areia na minha rede!" ela ralhou, com sotaque carioca que parecia cantar.
Marina, toda sapeca, soprou um framboesa e jogou uma teia pegajosa cheia de areia no peito de Valéria. A súcubo soltou a menina, que saiu correndo como um tamanduá pela margem, enquanto Léo gargalhava. Valéria, com fogo nos olhos, partiu atrás deles, gritando: "Quando eu te pegar, vai virar picadinho pro jantar!"
Os dois pirralhos riram alto, ziguezagueando pela praia até sumirem na mata fechada da Amazônia. Estávamos dentro de um oásis secreto, uma espécie de caverna mágica no coração da floresta, com o Rio Negro cortando o horizonte como uma fita preta reluzente. Lá atrás, o templo de Iara se erguia, todo enfeitado com conchas, cipós e flores de vitória-régia, como um guardião silencioso.
"Valéria até que leva jeito com os dois," disse Clara, balançando os pés na água morna do igarapé. Com as crianças fora de vista, ela puxou uma esfera d’água do rio, deixando-a flutuar sobre a palma da mão. A esfera virou um prisma, brilhando com reflexos coloridos. Clara sorriu, concentrada, e mudou o formato pra um coração pulsante.
"Ela tem gás pra aguentar o tranco," respondi, ouvindo o som de um sopro numa concha de rio. Virei pro igarapé. "Acho que a turma voltou."
Clara largou o caderno. "Quero saber como foi a caça!"
O rio Negro se agitou com as escamas brilhantes dos curupiras, que voltavam da pescaria. Alguns deles emergiram como botos, dando piruetas no ar pra impressionar quem tava na margem. Léo e Marina pararam de fugir da Valéria e correram pra beira d’água, batendo palmas com uma alegria que fazia o coração aquecer. No deque, Yasmin apareceu, com um sorriso que parecia iluminar o dia.
"Tá com cara de quem ganhou na loteria," falei, sentando na beira do deque. "A pescaria foi boa?"
Yasmin assentiu, com os olhos brilhando. "Melhor que o esperado, Caio! Esse rio tá cheio de peixe, e saudável pra caramba. Terminamos cedo e mandei uns batedores explorarem pra ver se achavam o limite desse lugar ou se ele curva de volta. Mano, isso aqui é gigante!"
"Tô feliz pra cacete," respondi, sentindo o peito estufar.
Yasmin escalou o deque, com a cauda de sereia se transformando em pernas humanas. Ela se jogou do meu lado e me deu um abraço que cheirava a rio e mato. Tinha uns pedacinhos de algas grudados no cabelo dela, e o cheiro salgado do Rio Negro me fez sorrir.
"Tu não nos deu só um esconderijo," ela disse, com a voz embargada. "Tu nos deu um lar, véi."
"Quem fez o grosso foi a Clara," falei, apontando pra ela com o polegar. Clara, que agora moldava a água num formato de jaguar, acenou com um sorrisinho.
"Foi ideia minha, mas quem botou a mão na massa foi a Mãe d’Água," disse Clara, deixando o jaguar d’água se dissolver no rio. "Confesso que fui meio egoísta. Como tu tava no comando temporário dos curupiras, pensei que podia dar um jeito de presentear o Pantanal e as águas ao redor pro Caio, tipo um gesto diplomático. Queria um pedacinho do paraíso pra mim também."
"Era meu dote pra te dar," disse Yasmin, piscando com aquele charme que fazia meu estômago dar cambalhotas. "Os curupiras nunca me deixariam doar essas terras assim, de graça. Mas como presente de casamento? Aí é outra conversa."
Dei uma risada. "Pois é, não esperava por esse golpe." Quando a ideia surgiu, a primeira coisa que fiz foi conversar com a Juju, minha esposa goblin. Ela perguntou se Yasmin era goblin também. Quando falei que não, ela deu de ombros e disse: “Então não sei, resolve aí.” Clássica Juju.
"Isso me lembra," disse Yasmin, com um olhar que prometia encrenca. "Tu me prometeu uma lua de mel, hein. Quando é que vou ter o Caio só pra mim, nem que seja por uns dias?"
"Quando a poeira baixar," respondi, olhando pros meus filhos, que dançavam com os curupiras que puxavam redes cheias de pirarucus pra margem. Uns caboclos, enviados como guarda de honra, já cavavam um buraco pra fazer um moquém, com carne de porco assada na brasa da noite anterior. Os curupiras limpavam os peixes ali no deque, batendo papo enquanto passavam os filés pros caboclos cozinharem. De todas as coisas que rolaram na última semana, a amizade improvável entre curupiras e caboclos foi a mais inesperada. Eles conversavam animados, trocando histórias de caça e lendas do mato.
"Léo ainda tá tendo uns pesadelos," falei, com um nó na garganta. "Valéria quer entrar na cabeça dele e apagar esses sonhos, mas a Flora tá pedindo pra esperar, pra ele processar tudo direitinho."
Yasmin olhou pra Clara. "Quando rolar essa lua de mel, pretendo te deixar exausto, Caio. E tu, Clara, tá convidada. Quanto mais, melhor, né?"
"Passo," disse Clara, com um olhar melancólico pro horizonte, onde o Jonas, um caboclo forte, cavava outro buraco pro moquém. "Tô com outros planos pros meus dias."
"Tu que sabe," respondeu Yasmin, me dando um beijo que fez meu corpo inteiro esquentar. Ela apontou pro rio. "Pelo que a gente mapeou, essas águas vão por uns 400 quilômetros antes de curvar. Meu povo tá louco pra montar uma expedição de verdade. Faz séculos que os curupiras não têm um lugar novo pra desbravar. A Mãe d’Água tem ideia de quão grande é isso aqui?"
Dei de ombros. "Acho que não. Foi meio que uma decisão de última hora." Depois da batalha contra o Zé, um vilão sobrenatural que quase acabou com a gente, voltamos pro Pantanal pra planejar os próximos passos. Durante a conversa sobre criar um santuário pros curupiras, a Mãe d’Água surgiu do rio e perguntou o que eu ia fazer com o corpo do Tupã, que tava partido ao meio, vazando magia pras águas. Mesmo com o Tupã derrotado, aquele corpo ainda era perigoso nas mãos erradas.
As próximas horas foram uma correria. Os curupiras e a Mãe d’Água se desdobraram pra conter a magia do Tupã. Os ratos, liderados pelo Tico, usaram drones pra localizar o portal da dimensão de bolso do Zé. Os destroços da balsa do vilão foram arrastados pro igarapé mais próximo, onde um portal pra essa dimensão foi montado e submerso. Juju e a Flora monitoraram a operação, enquanto a Mãe d’Água, com ajuda da Sônia e da Lívia, refez o feitiço que transformou o corpo do Tupã num oceano novo. Assim como o Pantanal foi criado pros caboclos, agora os curupiras tinham seu próprio mundo, longe dos olhos humanos.
Eu tinha um medo danado que a raiva do Tupã ainda pudesse me alcançar, mas a Mãe d’Água garantiu que ele não tinha mais poder no Grande Jogo. Na real, ele agora era parte do meu “espólio de guerra” — palavras dela, não minhas. Se ele tentasse voltar, ia ter que se curvar.
Olhei pra margem e ri ao ver Léo nos ombros do Jonas. O caboclo fingia que o menino não tava ali enquanto cavava outro buraco pro moquém. Marina escalava a perna dele, sibilando toda vez que ele “sem querer” jogava areia nela com a pá.
"Tu criou um mundo novo pra gente," disse Yasmin, fechando os olhos. "Há uma semana, tu era o inimigo. Agora? É o guardião do meu povo."
"Sem exageros, né?" Fiquei vermelho e pigarreei. "Nada disso foi planejado. Só... aconteceu."
"Eu sei," ela disse, com um sorriso que parecia iluminar a floresta. "Por isso é tão mágico, véi!" Ela me puxou pela mão, e mergulhamos no igarapé. Afundamos na areia fofa, com os lábios colados enquanto ela soprava ar em mim. As mãos dela passearam pelo meu corpo, desamarrando minha sunga, quando uma onda de energia atravessou a água. Interrompi o beijo e sinalizei que precisava subir. Yasmin me levou à tona, e vimos a Sônia no deque, de braços cruzados e um sorriso malicioso. Ela usava um biquíni vermelho-escuro, com as escamas da pele brilhando sob o sol.
"Tá curtindo o mergulho?" perguntou ela, com sotaque nordestino.
"Só dando uma refrescada," respondi, nadando até o deque. "Terminou tua parte?"
Sônia assentiu. "A minha, sim. A Mãe d’Água quer trocar uma ideia contigo."
Olhei pra Yasmin, que suspirou e apontou pra margem. "Vou ajudar com o banquete de logo mais. Mas tu vai ser meu... mais cedo ou mais tarde." Ela soprou um beijo e mergulhou, com a cauda espirrando água de propósito enquanto nadava pra praia.
"Tu casa com cada figura, hein, guardião," disse Sônia, me ajudando a subir. "Já parou pra pensar? Tu é o Príncipe Caio agora? Ou quem sabe um duque? E as outras? A Juju ia adorar um título."
"Se eu te pedir uma coisa, é pra não falar disso na frente da Valéria," falei, olhando pra praia, onde a súcubo, agora numa versão mirim de si mesma, se pendurava no Jonas junto com as crianças. O caboclo nem notava que era ela e continuava cavando. "Senão, vou ouvir isso por dias."
"Tranquilo," disse Sônia, rindo. Caminhamos pelo deque até a margem, onde o igarapé encontrava a mata. Uma casinha de madeira com a palavra “Vila” entalhada levava a um portal pros casebres antigos, agora ocupados por alguns caboclos da tribo da Flora. Uns acenaram pra mim, e eu acenei de volta. Perto dos rochedos, outra casinha com “Templo” escrito brilhava com calor. Entrei com a Sônia e saímos nos aposentos da Iara. A cabeça da serpente gigante repousava na beira de uma plataforma, com o corpo mergulhado num rio de lava. A Mãe d’Água inspecionava as escamas dela.
"Tá cicatrizando direitinho," disse a deusa, apontando pra um corte feio abaixo da mandíbula da Iara. "E as costelas?"
"Dói quando respiro fundo," respondeu Iara, com a voz grave ecoando na caverna. O olho dela, brilhando como jade, virou pra mim. "Bem-vindo de volta, guardião."
"Iara, como tu tá?"
"Recuperando bem." Ela fez um som gutural. A batalha com o boto encantado quase acabou com ela. Sônia a trouxe de volta pro santuário depois da luta. "Mas vai demorar pra eu ser uma guardiã de verdade."
"Relaxa. Quem tentar invadir aqui vai se lascar." A entrada no Rio Negro não podia ser selada, por conta das regras do Grande Jogo. Mas a Mãe d’Água e a Sônia mudaram a geografia ao redor, com rochas escorregadias e cachoeiras que só um maluco com equipamento de escalada encararia. E se alguém chegasse? Bom, ia dar de cara com a Iara.
"Cadê a irmãzinha?" perguntou Iara.
"Tá consertando uns bagulhos climáticos que ela mesma causou," respondi. A Lívia, com suas tempestades mágicas, bagunçou as correntes de ar no Amazonas, causando chuvas torrenciais no Nordeste. "Mas ela volta mais tarde."
"Beleza. A Lívia canta pros ovos. Eu amo ouvir." Iara olhou pra Sônia. "Tu te recuperou rápido, hein."
"Vantagem de ser pequena," respondeu Sônia, apontando pra Mãe d’Água. "Trouxe o Caio, deusa."
"Finalmente," disse a Mãe d’Água, com os olhos faiscando. "O trabalho tá quase pronto. A Cachoeira do Santuário tá estabilizada, então os tremores vão parar logo."
"Boa notícia," falei.
Ela assentiu. "Meu povo tá despertando. Apesar dos outros tentarem apagar a gente, eles lembraram que o mundo é maior. Muitos chamaram meu nome, e agora acreditam no meu poder."
"Tu tá ficando mais forte?"
"Por aí. Mas com força vem perigo. Meus parentes tão espalhados, mas essa nova crença vai fortalecê-los também. Esses eventos podem ser o estopim pra uma nova era, com os deuses voltando."
Franzi a testa. "Acha que eles vão ficar na moita?"
Ela negou com a cabeça. "Alguns, sim. Mas outros vão querer tomar o que perderam. E quando ficarem mais fortes, vão chamar atenção."
"Dos Outros," falei, sem medo de mencionar eles no templo.
"Exato." A Mãe d’Água segurou minha mão, com a pele fria, mas com um calor sobrenatural por baixo. "Tu também tá crescendo em poder, Caio. Aqui, tá protegido. Mas se sair por aí, vai com calma. Não concentra tua magia a menos que seja necessário. Já tem lendas entre meu povo sobre uma serpente gigante que muda a terra e uma mulher com cinco caudas que congela rios. Eles viram, gravaram, e acreditam. Essa crença é tua força, mas também teu alvo."
Suspirei. "Ainda bem que não tô planejando nenhuma viagem."
"Vai com cuidado, guardião. Não quero que nada te aconteça." Ela se inclinou, sussurrando com uma voz que parecia queimar. "Tu fez um serviço impossível pra mim e pro meu povo. Tô apegada à tua família e nunca vou te agradecer o suficiente." Ela me deu um beijo na bochecha, casto, mas que fez minha magia ferver, querendo explodir num fogo de paixão. Faíscas douradas saíram da minha pele, virando sementes de ipê que caíram e foram engolidas pela lava.
Ofegante, agarrei a mão da Sônia, sem ousar tocar a deusa. Ela sorriu e se afastou.
"Acho que ainda te pego," disse a Mãe d’Água, com um sorriso maroto. "Te marquei, Caio. O fogo agora te reconhece como um dos seus. Nunca mais vai te queimar." Ela olhou pra cicatriz no meu peito, de uma briga antiga. "É um presente justo."
"Tu... me honra," falei, tentando ignorar a ereção que pulsava contra minha sunga.
"Tu merece." Ela bagunçou meu cabelo e riu. "Agora, me dá licença. Tem uns pilantras em Belém juntando grana pra ‘reconstruir’ o Rio Negro. É golpe, claro. Vou dar um susto neles."
"O que tu vai fazer?" perguntou Sônia.
"Pendurar eles sobre um poço de lava e deixar implorarem. Uns vão pro fogo, outros vão viver pra contar que a Mãe d’Água não tá de brincadeira." Ela caminhou até a borda da câmara e pisou na lava, que a envolveu num redemoinho de chamas.
Sônia riu e apertou minha mão. "Ela sabe sair com estilo."
Olhei pra ela, com fogo nos olhos. "Se precisar de ajuda com isso," falei, apontando pro volume na sunga, "tô dentro."
Iara bufou, com um sorriso. "Finge que eu não tô aqui."
Ri, puxei Sônia pela mão e saímos do templo. Na vila, procurei um casebre vazio, mas a energia frenética parou quando dois caboclos vieram correndo.
"Guardião!" Um deles fez uma reverência. "Problema com a oferenda."
"Que oferenda?" perguntei, já sentindo a dor de cabeça. Olhei pros dois, que apontaram pra mata. "Tá, beleza. O que rolou?"
"Era pra ser três."
"Tá, talvez uma prorrogação." Olhei pra Sônia, que riu e beijou minha testa.
"Te vejo no jantar," disse ela, se afastando.
Corri com os caboclos pra mata, onde a chuva caía forte. As árvores se curvaram, formando um dossel natural. Em poucos minutos, achei o problema: um bulbo verde-escuro, a mandrágora Jurupari, enfiada entre duas árvores.
"Que que tu tá fazendo, Jurupari?" gritei. "Cospe ela agora!"
As flores do bulbo se abriram, cuspindo uma cabocla assustada. Ajoelhei pra ajudar, cheirando um fedor de peixe podre. "Tá tudo bem?" perguntei.
"Tô, obrigada," disse ela, tremendo. "Fiquei com um medo danado!"
"Tu vai ficar de boa." Olhei pra Jurupari. "Quantas vezes eu disse pra não comer os tratadores?"
As folhas murcharam, e senti uma onda de tristeza na mente. Jurupari era esperta, mas pensava diferente. "Eles não vão trazer mais peixe se tu continuar nessa."
Outra onda de emoção, com um gosto metálico na boca. Olhei pra cabocla. "Ela disse que tu tem algo gostoso no bolso."
"Não era pra ter!" Ela enfiou a mão no bolso e gemeu, puxando um pedaço de pirarucu seco. "Um curupira tava dando isso mais cedo. Não comi."
"Mais cuidado da próxima vez." Peguei o peixe seco e joguei pra Jurupari, que o engoliu com uma videira. Depois da batalha com o Zé, movemos a mandrágora pra cá como guardiã reserva. Ela adorava devorar qualquer um que escalasse os rochedos, mas era pra ser só o plano B. "Tu consegue andar?"
"Sim, valeu." Levei a cabocla de volta pra caverna, onde a Flora tava esperando, de braços cruzados.
"Tá tudo certo?" perguntou ela, com voz firme.
"Foi culpa minha," disse a cabocla. "Tinha comida no bolso."
Flora relaxou um pouco. "Fiquei preocupada." Apesar de Jurupari ser útil, ela ainda temia pelos tratadores. "Valeu por cuidar dela, Caio."
"Eu tava por aí." Sorri pra Flora. "E tu, como tá? Parece que não te vejo faz tempo."
"Tô quase tão ocupada quanto tu," disse ela, com um sorrisinho. "Pelo menos foi o que ouvi."
"Ocupado, eu? Mentira deslavada!" Ri, mas ela deu um passo à frente, com um olhar que me fez recuar.
"Então tu tava me evitando?" perguntou, com um sorriso torto.
"Tô ocupadíssimo," respondi, rindo. "Até agora, pelo menos."
Flora riu. "Sei que não tenho sido a melhor companhia. Ainda tô... lidando com o que rolou com o Léo."
Assenti, deixando ela falar. Aprendi num livro sobre criação de filhos que às vezes é melhor ouvir. Funciona pra humanos, centauros ou Aracnes.
"No começo, te culpei por tudo," confessou Flora. "Injusto, eu sei. E isso me deixou com raiva de mim mesma. Um ciclo danado."
Ela tirou uma pulseira de cipó do bolso. "Queria falar contigo sobre outra coisa, mas aí soube que a Jurupari comeu alguém."
"Tecnicamente, era o lanche dela," corrigi. "Vou chamar a Amara pra conversar com a Jurupari e reforçar as regras." Minha conexão com as plantas não era tão boa quanto a de uma dríade. "E aí, sobre o que tu queria falar?"
Flora se aproximou, os cascos raspando o chão. "Depois que tu trouxe o Léo de volta, nunca falamos direito sobre tudo. Eu tava tão aliviada que ele tava vivo. Depois, a tribo teve que enterrar os mortos. Enquanto minha tia fazia os rituais, eu só pensava: ‘Graças a Deus meu filho tá aqui.’"
"É pesado," falei, segurando a mão dela. "Chama isso de culpa do sobrevivente. Sei como é."
Trocamos um olhar, sem precisar de palavras. Cada um tinha seus fantasmas.
"Me joguei na tribo e no trabalho, mas nunca te procurei," disse Flora, suspirando. "Às vezes, sinto falta de quando era só a gente e a mata."
"Olha só," apontei pra floresta. "É exatamente o que temos agora. Tu, eu e as árvores."
Flora me encarou com aqueles olhos castanhos que pareciam enxergar a alma, e sorriu. Ouvi o estalo da pulseira encantada, e o corpo equino dela sumiu, deixando só a parte humana. "Achei que só funcionava com o Léo," falei, surpreso.
"Eu também," disse ela, rindo. "Mas funcionou com a Marina. Pedi pra Sônia dar uma olhada. Parece que o feitiço foi alterado."
"Por quem?"
"Boa pergunta." Flora me olhou nos olhos. "Léo disse que a Marina fez algo quando foram levados, mas não sabe o quê. Estranho, né? Quem ensinou isso pra ela?"
Pensei na Marina. Ser Aracne era só a ponta do iceberg. Ela carregava um urso de pelúcia possuído e já tinha lançado um feitiço de fogo com uma varinha roubada. Será que minha filha era algum tipo de prodígio mágico? O que mais ela escondia?
"Acho que não importa," falei. "O que te deu a ideia de testar a pulseira?"
"Foi o Léo," respondeu Flora. "Ele me deu agora há pouco, disse que eu precisava te ver."
"Esse menino é danado," ri, imaginando Léo bancando o cupido.
"Tu acha que consegue tocar nossa música de novo?" perguntou Flora, se aproximando. "Quero dançar contigo."
Balancei a cabeça. "Meu celular quebrou na luta com o boto." Não sabia se foi a água, os mortos-vivos ou o raio mágico que disparei. "Mas não precisa de música. A gente pode dançar assim mesmo."
Flora me olhou, com o cabelo úmido colado na testa. "Que tal pular a dança?" disse ela, com os lábios entreabertos. "Essa pulseira só tem uns dez minutos, e tem uma coisa que eu quero faz tempo."
Ela me beijou, e o calor explodiu no meu corpo. A magia dançava entre nós, como um tamborim tocando no ritmo do coração. As árvores se curvaram, nos protegendo da chuva, enquanto Flora me derrubava no chão. Ela abriu a túnica, liberando os seios, com gotas de chuva escorrendo e pingando dos mamilos. Levantei a cabeça, lambendo a aréola dela, que gemeu e estremeceu.
"Nunca me canso disso," disse ela, puxando minha sunga até meu pau pular pra fora. Ela montou em mim, desajeitada, roçando meu pau na curva da bunda. Quando tentou me cavalgar, segurei seus braços e a puxei pra um beijo. Ela protestou, gemendo na minha boca, enquanto a magia a envolvia. Flora girou os quadris, deixando meu pau deslizar pela sua fenda molhada, com o ar crepitando de energia.
Sem dizer nada, ela guiou meu pau pra dentro, ofegando enquanto me engolia. "Tu não precisa correr," falei, sentindo ela apertada.
"Oito minutos!" ela arfou. "Quero ser fodida de verdade!"
"Então bora." Coloquei uma mão nos quadris dela e outra no seio, liberando a magia. Flora gritou, gozando tão forte que ficou paralisada, com os olhos no céu. A chuva formava uma poça brilhante ao nosso redor. Lutei pra segurá-la enquanto ela tremia, gritando meu nome. Enterrei o rosto nos seios dela, sentindo o coração disparado. Outro choque de magia a fez gozar de novo, com os dedos puxando meu cabelo.
"É bom demais," ela gritou. "Tu é bom demais!"
"Amo te sentir assim," murmurei, entre os seios dela. Quando ela gozou novamente, suas unhas cravaram minhas costas. Um caboclo apareceu na trilha, viu a cena, deu um joinha e voltou correndo pro túnel.
"Mais! MAIS!" Flora me apertava com força, com a magia dançando entre nós.
"Quanto tempo?" perguntei.
"Três minutos," ela suspirou.
"Beleza." Deitei ela no chão, ficando por cima. "Não esquece de respirar."
Flora gritou de prazer enquanto eu a fodia, com partículas douradas girando acima de nós, formando um redemoinho de água e relâmpagos. Ela choramingou, com os olhos brilhando. "Te amo, Caio."
"Te amo, Zelenia da Tribo do Rio." Sorri, com chuva e suor escorrendo pelo rosto. "Aposto que a Sônia faz outra pulseira pro Léo."
"Os pais dele precisam disso," disse ela, me envolvendo com as pernas. "Quero te sentir gozar dentro de mim, Caio. Me encher."
"Certeza?" provoquei.
"Um minuto," ela sussurrou.
Acelerei, deixando a magia rugir. Meu pau pulsou, gozando dentro dela, enquanto Flora gritava de êxtase. Gozei de novo, com torrentes de porra se misturando à chuva. "Dez, nove, oito..." ela contava, ofegante.
Impressionado com a precisão dela, grunhi e a penetrei uma última vez. Flora ficou atordoada enquanto eu saía, com meu pau pingando. A magia da pulseira parou, e o corpo equino dela voltou. Minha porra escorria pelas pernas traseiras, e me aproximei, deslizando uma perna sob o torso dela. Flora me abraçou como se eu fosse um bote salva-vidas.
"Nunca vou te soltar," declarou ela. "Enquanto eu viver."
"Sei disso," falei, acariciando os cabelos dela, agora sujos de terra. "Foi foda."
"Talvez tu consiga a música pra próxima," disse ela, rindo. "Acha que a Kátia pode me ensinar uns passos de dança?"
"Com certeza." Kátia saiu das sombras, com um guarda-chuva. Flora deu um pulo, chutando uma pedra que voou pra mata. "Desculpa, não quis assustar. Senti o Caio transando e pensei que era com a planta."
"Foi uma vez só," retruquei. "E, tecnicamente, era a filha da Jurupari."
Kátia deu de ombros. "Tu não seria o primeiro a comer um vegetal por aqui."
Flora estreitou os olhos. "Tá falando de quem?"
"Quero te ensinar uns passos com duas pernas," disse Kátia, voltando pro túnel. "E o luau começa ao pôr do sol."
Olhei pra Flora. "É por isso que os caboclos plantam tanta mandioca?"
"Come meu rabo," murmurou ela, levantando a cauda e soltando um peido que ecoou na mata.
"Ia ser um banquete," respondi, rindo. Ajudei ela a se levantar. "Nunca te ouvi falar assim."
"Culpa da Valéria," disse Flora, sacudindo a poeira. "Tô toda imunda agora."
"Vem pra praia? Tu pode se limpar no rio."
"Só se tu prometer me escovar depois."
"Fechado." Peguei a mão dela, e voltamos pra vila, depois pra praia, onde as crianças construíam um castelo de areia. Os curupiras e caboclos montavam mesas com madeira do Pantanal. Aos poucos, a galera foi chegando pra nadar ou visitar. Tava escovando a Flora quando uma voz familiar me chamou. Veja mais em www.selmaclub.com
"Essa é a mãe do Léo?" perguntou Sofia, uma maga que já causou problemas.
"Tu deve ser a Sofia," disse Flora, com a cauda tremendo de leve.
"Quero me desculpar de novo," disse Sofia, abaixando a cabeça. "Por tudo que fiz. Agora vejo que tava errada."
Flora assentiu. "Aqui, a gente dá segundas chances. Não desperdiça a tua."
"Não vou," respondeu Sofia, olhando pra mim. "Não vou ficar pro jantar. Valeu pelo convite."
"Por que não?" perguntei.
"Olha isso aqui," disse ela, apontando pro luau. "É lindo. Queria fazer parte. Mas meus superiores tão me interrogando. Quanto menos eu souber sobre tua família, melhor. Vim só me despedir."
"Entendi. Tu vai ficar bem?"
"Não sei," admitiu ela. "Tô aprendendo que nunca estive bem. Se não me matarem, talvez eu saia da Ordem e descubra quem eu sou."
"Beleza. Se precisar, é só chamar."
Sofia assentiu. "A Aurora tem teu número, e a Juju decorou. Se der ruim, elas te chamam."
"Vamos te buscar," prometi. Apertei a mão dela,
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